Durante o encontro anual na Berkshire Hathaway que decorreu ontem, o seu presidente Warren Buffett comparou a IA à “bomba atómica”, enquanto um dos membros conselheiros Charlie Munger disse estar “cético sobre o hype na IA”.
Conhecidos pelo papel visionário que têm, tanto Buffett como Munger comentaram sobre novidades tecnológicas durante aquele encontro.
Todos os anos, milhares de acionistas da Berkshire e fãs de Buffett reúnem-se num evento que é conhecido como o “Woodstock dos capitalistas”.
Surgiram naturalmente questões acerca da IA durante este evento, numa altura em que a IA generativa está a gerar ondas de choque em todo o globo e empresas como a Berkshire Hathaway preparam-se para a revolução nos modelos de negócios de empresas – e a Amazon já está entre as que mais investem em IA.
Respondendo à questão sobre os impactos da IA nos mercados assim como na sociedade, Munger disse: “Se observamos as fábricas BYD da China, é possível verificar que a área da robótica está a acelerar muitíssimo. Por isso, é certo que veremos mais robótica no mundo”.
Munger deixou ainda assim um aviso: “Estou pessoalmente cético sobre o hyper que está a ser gerado em torno da inteligência artificial”.
No início deste ano, foi também Munger quem disse que a BYD foi um dos seus melhores investimentos de sempre. Contudo, numa altura em que se falava sobre a BYD usar IA na sua produção, o CEO da Tesla Elon Musk demonstrou uma visão diferente durante o dia dos investidores organizado pela sua empresa em março. Musk disse que não vê para já utilidade em juntar IA à produção.
Ainda assim, Musk referiu que iria fazer contratações de especialistas em IA, e que se prepara para lançar a sua empresa neste campo – TruthGPT.
Musk tem também sido vocal sobre a necessidade de trazer regulação para a IA, e está a fazer lobbying junto para que isso venha a suceder.
Warren Buffett sobre a IA
Buffett tem dito entretanto estar impressionado com a IA que “é capaz de fazer coisas incríveis”. De um modo um pouco mais bem-humorado, o bilionário disse que: “Mas não é capaz de fazer piadas. Bem, o Bill (Gates) disse-me que me preparasse para que isso viesse a acontecer, mas ainda não chegámos lá”.
Buffett, por seu lado, mostrou-se apreensivo sobre a IA e disse: “quando uma tecnologia assim consegue fazer todo o tipo de coisas, é motivo para me preocupar um pouco”.
O oráculo da Omaha comparou a IA com a bomba atómica e disse: “Uma vez que não seremos capazes de voltar atrás no tempo, isto pode ter sido desenvolvido com as mesmas boas intenções que trouxeram a bomba atómica na II Guerra Mundial”.
É de referir que Buffett tem uma opinião forte sobre investir em Bitcoin, que designou como “veneno para ratos ao quadrado”.
Contudo, outros bilionários como Paul Tudor Jones e Stanley Druckenmiller admitiram no passado investir em Bitcoin. Os preços do criptoativo têm estado em queda e consolidação durante 2023.
Ainda acerca do encontro anual da Merkshhire, e além do tema da IA, Buffett comentou sobre os vários investimentos em ações que a empresa detém.
Buffett diz que iPhone é um “produto extraordinário”
Ele elogiou em particular as ações Apple e disse que o iPhone é um “produto extraordinário”. É de notar que a Apple é a empresa de que a Berkshire tem mais ações no seu portfólio de ativos.
De acordo com Buffett: “os nossos critérios para a Apple são diferentes do que para outras empresas que detemos – acontece que é uma das melhores empresas que detemos”.
As vendas de iPhones têm-se aguentado relativamente bem quando consideramos as quebras nas vendas de smartphones no mercado global em 15% YoY durante o primeiro trimestre de 2023.
As entregas de smartphones da Apple no primeiro trimestre de 2023 foram de 59 milhões de unidades, o que compara com os 58 milhões do ano transato. Em termos percentuais, as entregas da Apple foram das mais bem-sucedidas considerando outros fornecedores.
Enquanto isso, os comentários de Munger e Buffett sobre Ia têm vindo a renovar o clamor sobre regulação para esta tecnologia.
Na semana passada, a vice-presidente Kamala Harris encontrou-se com os representantes máximos da Microsoft, Alphabet e OpenAi. A Casa Branca disse que o encontro pretendeu “sublinhar a responsabilidade fundamental das empresas em garantir que os seus produtos são seguros ainda antes de serem construídos ou tornados públicos.”
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