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A indústria das redes sociais tem visto uma aceleração no lançamento de novas aplicações e funcionalidades ao longo dos últimos anos. Contudo, nenhuma destas apps é verdadeiramente original e muitas deles funcionam apenas como cópias de outras, com pequenas alterações no nome ou aspeto.

Inovação nas redes sociais está a desaparecer

A inovação na indústria das redes sociais é praticamente inexistente. Nos primeiros anos deste setor, copiar uma funcionalidade de outra plataforma era algo feito de forma muito subtil, e até tinha a designação de “empréstimo” de funcionalidades. Ao longo do tempo, este tipo de ações de cópias de funcionalidades são mais declaradas, como se pode ver pelos exemplos de BlueSky e Mastodon, ambas iterações idênticas que vão beber ao exemplo do Twitter. Mas a parecença entre o Threads e o Twitter é também crassa.

Estes movimentos de criação de réplicas começou em 2016 quando o Facebook copiu a funcionalidade-estrela do Snapchat, as stories. A empresa implementou essa funcionalidade no Instagram e teve um sucesso muito superior ao que Snapchat na altura.

Ao apresentar uma funcionalidade que já era utilizada no Snapchat, milhões de utilizadores nas redes começaram a migrar entre plataformas, e todas continuaram a crescer. Desde então que as empresas copiam funcionalidades umas das outras, chegando mesmo ao ponto de produzir autênticos clones.

Copiar formatos e funcionalidades virou regra entre redes sociais

Além das stories do Snapchat, a Meta também copiou os formatos curtos de vídeo do TikTok e acrescentaram-nos como reels do Instagram e Facebook. Em troca, o TikTok copiou as stories em texto do Instagram, que podem agora ser acedidas na área “Create” das histórias do Instagram.

O TikTok tem feito marketing desta funcionalidade. Apresenta-a como uma “opção para a criação de conteúdos, que permite aos criadores partilharem histórias, poemas, receitas e outros conteúdos escritos”, esperando criar uma nova forma de publicar conteúdos.

O Twitter é também culpado de copiar funcionalidades de outras apps. O que começou como um espaço para a disseminação de textos curtos, mais tarde passou a oferecer uma funcionalidade chamada “Fleets”, que tinha por base as stories do Instagram e Snapchat. Agora o antigo Twitter, que mudou o nome para X, abandonou o Fleets e tem falhado na implementação de funcionalidades como o streaming ao vivo, funcionalidade conhecida como “Spaces” e que era nativa do ClubHouse.

Twitter quer ser uma app que funciona para tudo

Por outro lado, o Twitter tem sido alvo de cópias massivas após ter perdido a reputação e o respeito de líderes da indústria com a entrada de Elon Musk na empresa. Muitos procuram alternativas, sendo a mais recente a Threads, que pode ter adquirido o seu nome da funcionalidade “Thread” do Twitter.

O Twitter quer também ser uma app que funciona para tudo, seja pagamentos, seja partilha de vídeos, de forma semelhante à super app chinesa WeChat. A lista de cópias e roubos de funcionalidades é interminável no que respeita ao atual panorama das redes sociais.

De acordo com Chris Messina, um designer de software de produto que liderou o Twitter na introdução das hashtags, “se avaliarmos estas apps do ponto de vista do legado inovador da tecnologia que usam, então sim – estamos perante cópias umas das outras e não há realmente nenhuma ideia nova.”

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Um jogo de interação e rendimentos

Contudo, “A melhor maneira de compreender isto é saber que as redes sociais são uma indústria de moda, e por isso, enquanto gestor de produto, estaremos sempre a fazer uma avaliação [de sucesso] com base na interação e retenção, não na inovação”, acrescentou Messina.

As cópias de funcionalidades tornaram-se numa estratégia competitiva uma vez que os utilizadores tendem a não estar em várias apps simultaneamente. As plataformas adaptam-se por isso, de modo a reduzir as horas gastas noutras apps e atraindo utilizadores para a sua app, utilizando a mesma funcionalidade.

Isto é um aspeto importante porque o tempo gasto numa app traduz-se diretamente no volume de rendimento ganho, especialmente daquele que provém da publicidade. Se as pessoas gastarem todo o seu tempo livre no TikTok, isso representa menos rendimento para o Instagram, Twitter ou Snapchat.

Críticas sobre a relevância da funcionalidade nas plataformas

O sucesso destas plataformas depende inteiramente do sucesso com que elas conseguem replicar uma funcionalidade. Por vezes essas iniciativas funcionam a favor das apps, outras vezes nem tanto. Por exemplo, a introdução do formato das Stories no LinkedIn e no Skype não aumentou de forma significativa a interação nesses serviços. Em vez disso, resultou em críticas sobre a relevância da funcionalidade nas plataformas.

Por outro lado, e apesar de o Instagram ter copiado o Reels dos vídeos curtos do TikTok, a funcionalidade alavancou bastante o sucesso desta app, de acordo com um relatório da Emplifi com base no comportamento das redes sociais e nas tendências dos anunciantes no segundo trimestre de 2023.

O relatório revela que o Reels do Instagram gerou 55% mais interações do que publicações de imagens na app. A funcionalidade também permitiu ultrapassar as publicações standard de vídeo em 29%, e isso só em comparável com os carrosséis que aglomeram várias fotos por publicação.

O Reels do Instagram também se destacou nos gráficos e ultrapassou o TikTok. O relatório da Emplify revelou que o reels teve um alcance médio mais significativo, com mais interações médias e visualizações por vídeo do que o TikTok.

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Criadores estão na equipa vencedora

Além de apelarem aos utilizadores, estas plataformas têm agora de melhorar a sua oferta quando trabalham com criadores de conteúdos, já que são eles que mais contribuem para um ecossistema dinâmico nas redes. Considerando que a maioria das plataformas oferece formas idênticas de criação e ferramentas também semelhantes, a diferença agora tem a ver com o tipo de pagamentos efetuados.

Nos últimos meses temos observado que estas plataformas estão a aumentar os seus rendimentos que canalizam para os criadores. O TikTok, por exemplo, reviu o seu programa de recompensas e está a incluir todos os criadores elegíveis dos EUA. A app também introduziu mais programas de criação, como um de Realidade Aumentada, de forma a atrair novos tipos de conteúdos e criadores.

A app de vídeos está também a tentar estabelecer ligações entre criadores e marcas através de uma nova funcionalidade de monetização, que permite aos criadores submeterem vídeos para desafios de marcas, e serem pagos sempre que os seus vídeos são escolhidos.

Twitter paga a criadores de conteúdo para permaneceram na plataforma

O Twitter também tem pago aos criadores para permaneceram na plataforma, em resultado da competição sentida de outras apps. A app detida por Elon Musk tem perdido tantos utilizadores nos últimos meses que começou a pagar aos seus criadores para se manterem na plataforma. Por vezes na ordem das dezenas de milhares de dólares, permitindo que os conteúdos continuem a fluir.

A semelhança entre apps tem criado uma competição aguerrida entre plataformas, o que beneficia os criadores, mas também está a tornar os conteúdos um pouco idênticos uns aos outros e pouco diversos.

Talvez as apps decidam dar alguns passos atrás e voltar a estabelecer alguns argumentos únicos a seu favor. Ainda assim, e do que podemos perceber agora, o Twitter é o novo WeChat, o BlueSky é o novo Twitter e o Threads é o novo Bluesky. Pouco se distinguem umas das outras.

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