A empresa Meta, que está por trás da nova rede social Threads, não quer ser uma concorrente direta do Twitter nem apresentar conteúdos noticiosos ou de eventos mundiais.
O diretor do Instagram Adam Mosseri, que está também a comandar as iniciativas de Threads, referiu que o objetivo de Meta não é substituir o Twitter, mas criar um espaço público para que as comunidades do Instagram que nunca interagiram no Twitter.
“O objetivo é criar uma praça pública para comunidades no Instagram que nunca abraçaram o Twitter, e para as comunidades do Twitter (e de outras plataformas) que estão interessadas em conversas menos acintosas”, disse ele numa publicação recente do Threads. Acrescentando:
“A política e as notícias surgem inevitavelmente na Threads – têm também algum impacto no Instagram – mas não queremos incentivar esse tipo de eixos.”
Contudo, Taylor Hatmakers da TechCrunch referiu que a perspetiva de Mosseri é preocupante por vários motivos.
Num relatório de sábado (08/07), ela disse que esta visão reflete como o Facebook se tem visto nos últimos anos, como um espaço neutro para as pessoas se ligarem, mas que pode estar longe da realidade.
“Câmaras de eco” ideológicas
Hatmaker disse que o Facebook incentiva, na verdade, a diferentes tipos de conteúdos e comportamentos, contribuindo para “câmaras de eco” ideológicas e para a polarização e extremismo que observamos na política global de hoje.
“Mosseri, o antigo diretor da News Feed do Facebook, sabe de tudo isto e ainda assim parece ter retirado as lições erradas”, acrescentou ela.
Após enfrentar críticas devido ao papel que desempenho nas eleições presidenciais norte-americanas de 2024, e com o desenvolvimento do movimento Stop the Steal que levou ao ataque ao capitólio a 6 de janeiro de 2021, o Facebook decidiu afastar-se destas polémicas e optou por um rebranding.
É irrealista que Mosseri diga que a Meta quer criar uma rede social que não é influenciada por política e notícias, diz Hatmaker.
Estes tópicos irão invariavelmente ter destaque na Threads, levando potencialmente a posições extremistas e a desinformação, como já acontece no Facebook.
Na verdade, a Threads já está a atrair uma série de indivíduos com grande influência no campo político e conhecidos por espalhar desinformação, incluindo com contribuições em discurso de ódio para o Twitter e outras redes sociais.
Entre os utilizadores mais problemáticos que já se juntaram à nova app estão Jack Posobiec, um jornalista da extrema direita conhecido pelas suas posições antissemíticas e de supremacia branca. Também Tim Pool, um comentador de YouTube acusado de desinformação. E Chaya Raichik, uma influencer anti-LGBTQ e criadora de contas satíricas no TikTok.
Meta não tem interesse em apoiar conteúdos jornalísticos
O desinteresse da empresa Meta em destacar ou apoiar conteúdos jornalísticos é evidente. A empresa tem um historial de extrair valor de organizações noticiosas sem oferecer nada em troca, diz Hatmaker.
Está agora a bloquear o acesso a notícias no Canadá para protestar contra uma lei que exige à gigante tecnológica que compense as publicações, ainda que a Meta esteja avaliada em $745 biliões.
O Instagram e a Threads dão prioridade à integração de utilizadores normais que se relacionem com marcas e promove atividade comercial nas suas redes.
Contudo, estas redes não são só espaços para comércio e trocas. Historicamente, têm sido centros de cultura e discurso político.
“A insistência da Meta numa versão diminuída, monetizável, do espaço público encheu as suas de anunciantes e estreitou a visão da empresa, e é desapontante que um sucessor do Twitter volte a ter tão pouco interesse no mundo real”, escreveu Hatmaker.
Ações Tesla em alta
Uma publicação recente na Threads, o CEO da Meta Mark Zuckerberd também se referiu à estratégia do Twitter, descrevendo a rede social de Musk como difícil de entender. Musk tem visto ainda assim as suas ações Tesla em alta.
“Vai levar algum tempo, mas acho que devia haver uma app de conversação público com 1 bilião de pessoas envolvidas nela”, escreveu Zuckerbeg quando lhe foi perguntado se a Threads seria maior que o Twitter.
“O objetivo é que seja fácil de usar enquanto vai expandindo. Acho que isso é possível e que será uma das chaves para o seu sucesso”, escreveu Zuckerberg. “Esse é um dos motivos por que o Twitter nunca foi tão bem-sucedido como podia, e nós queremos fazer as coisas de maneira diferente”.
Twitter ameaça processar Meta por utilização de segredos de negócio
O Twitter ameaçou com ações legais a Meta, acusando-a de roubar segredos de negócio.
Numa carta datada de quarta-feira, um advogado do Twitter, Alex Spiro, sugeriu que a empresa poderia avançar com ações legais.
Ele alega que a Meta contratou empregados antigos do Twitter que tinham acesso a informação confidencial e segredos do negócio para desenvolver a nova app.
“Com esse conhecimento, a Meta assinou deliberadamente contratos com os seus trabalhadores para desenvolver, em poucos meses, a cópia ‘Threads’ que tinha o objetivo específico de utilizar os segredos de negócio do Twitter e outros dados de propriedade intelectual para acelerar o desenvolvimento da app concorrente da Meta. Isso está em violação do direito estadual e federal, assim como com as obrigações correntes dos seus trabalhadores para com o Twitter”, escreveu Spiro na sua carta. E acrescentou:
“O Twitter quer reforçar os direitos de propriedade intelectual e exige que a Meta tome medidas imediatas para parar de usar os segredos de negócio do Twitter ou outras informações altamente confidenciais”.
Contudo, Andy Stone, o diretor de comunicações da Meta, recursou estar a usar antigos engenheiros do Twitter na sua equipa da Threads.
Ainda assim, a Threads parece estar num início de carreira promissor, tendo já atraído 70 milhões de utilizadores em dois dias apenas.
A app também já atraiu figuras populares como Ellen DeGeneres, Bill Gates (cujas ações Microsoft continuam em alta), Shakira e a Oprah Winfrey, cada um com milhões de seguidores no Twitter.
Está agora no processo de ganhar 100 milhões de utilizadores em dois meses, ultrapassando até a base de utilizadores do altamente bem-sucedido ChatGPT.
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