San Francisco, continua a ser o centro do mundo em inovação tecnológica e na capacidade de criar empresas big tech. Desta vez, a Waymo é a empresa que poderá vir a revolucionar o setor da mobilidade, numa altura em que está a testar com sucesso os seus já famosos Robotaxi. Ou seja, veículos que se conduzem sozinhos, e que poderão vir a substituir os chamados TVDE, os serviços de boleias da Uber, Bolt e outras empresas concorrentes.
Na prática, os preços das viagens e o fator de comodidade poderão vir a ser melhores do que nunca, colocando até pressão nos serviços de transportes públicos para terem melhor serviço. Por outro, um enorme segmento de mercado da chamada gig economy poderá vir a desaparecer, com o fim dos condutores TVDE. Conheça a enorme disrupção que os Robotaxi irão trazer no futuro próximo.
Um teste decisivo para os carros de condução autónoma – Waymo a liderar tecnologia
A Waymo está a levantar ondas em San Francisco graças ao sucesso nos testes do seu Robotaxi, que vem substitui o falhanço e o descrédito da Tesla que já teve vários acidentes com os seus carros autónomos.
Os testes na condução de carros autónomos em San Francisco permitem aferir a capacidade destes veículos para conduzirem em qualquer área urbana. Em termos de tráfego, diversidade de “obstáculos” com a densidade de ciclistas, scooters e condições meteorológicas, San Francisco representa uma região que coloca qualquer algoritmo de condução à prova. Ser capaz de antecipar colisões, ajustar a velocidade de acordo com as condições da estrada, respeitar sinalética ou passagens ambíguas (em que não há prioridade clara na passagem), são tudo testes que é necessário ultrapassar. E o Robotaxi da Waymo parece estar à altura do desafio.
A Waymo é atualmente detida pela Alphabet, dona da Google, e está numa fase de prova de conceito com testes limitados ao seu serviço. 300 mil pessoas residentes em San Francisco puderam inscrever-se para testar a app Robotaxi, e agora a Waymo já disponibiliza algumas centenas de carros que circulam diariamente naquela cidade.
A implementação dos Robotaxi não foi fácil, já que careceu de processos legislativos, de desenvolvimento tecnológico e até de lobbying, que garantisse a segurança dos serviços. Carros que se conduzem sozinhos parece ser uma má ideia, seja por deficiências no código que gera a condução autónoma, seja pelas vulnerabilidades de hacking, pirataria, car jacking ou de outra natureza. Porém, a Waymo parece ter dados garantias suficientes de segurança para estar já numa fase avançada dos seus testes.
Waymo expande a sua frota de carros e sonha com o futuro da condução autónoma
A Waymo está a introduzir mais carros nas ruas de San Francisco e o facto de ser detida pela Alphabet faz-lhe sonhar com um crescimento financeiro sustentável e rápido. A Google já tinha iniciado algumas experiências de condução autónoma em San Francisco em 2009. Isso inspirou outras empresas como a Tesla a tentarem conquistar esse mercado. Contudo, nos últimos anos, o investimento de capital de risco neste tipo de projetos tem vindo a diminuir cada vez mais em detrimento do setor da Inteligência Artificial ou da indústria da Saúde, Energias Renováveis e outros. É por isso que ter um grande grupo como a Alphabet por trás desta iniciativa é da maior importância para as aspirações da Waymo.
Os desafios que a Waymo terá de enfrentar para conquistar o mercado
A Waymo está neste momento numa posição única para afirmar uma nova indústria, até agora inexplorada. Se conseguir provar que o modelo de negócios da condução autónoma é lucrativo, então poderá protagonizar a invenção de uma indústria bilionária.
Mas há alguns problemas técnicos, e outros de regulação, que a Waymo ainda tem de resolver.
Desde logo, a popularidade da Waymo em San Francisco está a significar instabilidade nos serviços. Tempos de espera superiores ao normal, cálculo de preços de viagens que podem variar bastante ao longo do dia, estão a ser um desafio. A competitividade e o normal funcionamento da Waymo parece estar dependente do investimento. Principalmente, investimento numa frota capaz de responder às necessidades de mercado.
Não nos esqueçamos também que o setor dos carros autónomos será recebido com grande preocupação por classes profissionais como a dos taxistas. A que se juntará, porventura, o descontentamento dos próprios condutores de TVDE. Isso faz com que o processo de regulação desta empresa na seja muito difícil. Na UE irá haver com pressões políticas e sociais fortíssimas que irão impor barreiras à entrada da Waymo. O descontentamento popular e a oposição política dificultará a decisão favorável à entrada da Waymo por parte dos governos.
Garantias de segurança da Waymo para os carros de condução autónoma
A segurança é um dos temas mais importantes para a Waymo, já que poucos acreditam que um carro consiga tomar as decisões de condução defensiva e de prevenção de acidentes que só um humano sabe avaliar. Por isso, a Waymo começou a desenvolver estudos, por exemplo com a empresa seguradora Swiss Re, para demonstrar o grau de segurança da condução autónoma.
Um dos dados demonstrados foi que os veículos de condução autónoma da Waymo “reduzem a frequência em danos corporais em 100% por comparação com condutores humanos”. Mas isso são estudos financiados com dinheiro da empresa. Pelo que poderão não ser os mais independentes. Veja-se, por exemplo, que a Waymo está a ser investigada pela Administração de Segurança Viária em Autoestradas Norte-Americanas (um organismo estatal dos EUA) devido a incidentes com os seus carros. Nomeadamente colisões contra portões, propriedade privada e incluindo carros estacionados sem movimento.
Um dos casos preocupa a empresa foi o facto de um carro Waymo ter colidido com um ciclista em fevereiro passado. Resultando em danos ligeiros para o ciclista. Contudo, poder-se-á dizendo que os danos foram tão ligeiros que o ciclista poderá mesmo ter provocado o acidente para obter uma indemnização avultada.
Waymo enfrenta resistência de cidadãos em San Francisco
Referimos a mais que previsível onda de protestos e bloqueios à entrada da Waymo e dos seus Robotaxi na União Europeia. Mas é em San Francisco, sede da empresa, que também já se começam a observar protestos.
Num momento em que a Inteligência Artificial começa a permear áreas importâncias dos negócios, da medicina e da nossa organização social, o setor da condução autónoma irá também ser afetada. Para que os Robotaxi venham a ter o sucesso que a Waymo espera deles, é necessário que se garantam as seguintes vantagens (ainda não estabelecidas):
- Viagens 100% seguras, ao nível de um teleférico, elétrico, metro, ou outro meio de transporte semi-autónomo.
- Viagens a preços competitivos, capazes de bater os atuais TVDE (serviços de transporte de apps como a Uber ou a Bolt).
- Comodidade e eficácia, com uma frota e uma eficácia no cumprimento de rotas que satisfaça a procura.
- Ultrapassagem dos constrangimentos legais e de regulação, que serão o principal bloqueio à implementação deste novo setor em desenvolvimento.