Tal como é do conhecimento geral, há décadas que o sonho de Elon Musk é criar um “ciborgue” no nosso planeta, resultando um dos seus projetos mais ambiciosos: o Neuralink. Assim, numa tentativa de combinar o cérebro humano com inteligência artificial, graças a interfaces futuristas cérebro-computador, a Neuralink foi criada para atingir essa autêntica revolução no cérbero humano. Ao ponto de que essa ambiciosa ideia, até agora, já alcançou diversas conquistas surpreendentes.
Assim, fará todo o sentido que se possa conhecer como estes passos significativos, rumo a um cérebro humano acompanhado por IA, levou à primeira instalação do chip cerebral num paciente humano em fevereiro de 2024. Ou seja, será que esta visão de “ficção científica” será uma realidade presente já nos próximos anos?
O que é o Neuralink e o que já alcançou até agora?
Fundada em 2016, a Neuralink desenvolve, há quase uma década, um implante cerebral de última geração que pode ajudar pacientes com deficiências e lesões neurológicas a restaurarem a sua visão, movimento e habilidades de comunicação. Tudo porque, caso consiga recolher dados corretos suficientes do cérebro do paciente, o chip de Neuralink poderá usar ondas cerebrais para controlar próteses ou até mesmo um computador. No entanto, as ambições do projeto vão além das aplicações médicas.
“Com uma interface cérebro-máquina de alta largura de banda, podemos realmente seguir em frente”, proclamou Musk. O empresário quer combinar simbioticamente a humanidade com sistemas avançados de IA para evitar ser “deixado para trás” como espécie.
Primeira aplicação de chip Neuralink foi considerado um sucesso
The first human received an implant from @Neuralink yesterday and is recovering well.
Initial results show promising neuron spike detection.
— Elon Musk (@elonmusk) January 29, 2024
No dia 28 de janeiro, Musk revelou que a primeira cirurgia foi realizada com sucesso.
“O primeiro ser humano @Neuralink recebeu um implante no mês passado e está a recuperar bem. Os resultados iniciais mostram uma detecção promissora de picos de neurônios”, anunciou Musk na sua conta X.
Qual a opinião dos médicos sobre a revolução prometida pela Neurolink?
Embora a declaração de Musk carecesse de detalhes, os especialistas dizem que a única conquista de implantar um dispositivo num paciente humano, com segurança, representa um feito monumental. Isto após muitas décadas de investigação da interface cérebro-computador (BCI) em laboratórios e startups em todo o mundo.
“Colocar um dispositivo numa pessoa não é tarefa fácil”, disse Robert Gaunt, professor associado da Universidade de Pittsburgh. “Mas não creio que mesmo Elon Musk teria assumido um projeto como este se não fosse pela pesquisa e pela capacidade demonstrada ao longo de décadas na neurociência.” Ou seja, a própria FDA não teria aprovado o ensaio se não fosse considerado relativamente seguro para o paciente.
Qual a principal visão de Musk para a Neuralink?
Do ponto de vista de Musk, a sociedade, os Governos e as empresas deveriam estar mais preocupados com a forma como a IA se poderá voltar contra a humanidade se a tecnologia ficar fora de controlo.
No entanto, os críticos argumentam que os avanços do Neuralink ainda colocam a humanidade a uma distância significativa de alcançarem esse tipo de simbiose. Além disso, o risco envolvido na realização de cirurgias invasivas, como a necessária para implantar estes dispositivos no cérebro, pode não compensar os benefícios para um número significativo de pessoas – pelo menos não neste momento.
O caminho da Neuralink até o primeiro implante incluiu alguns contratempos
Algo atrapalhando a visão utópica (ou distópica, dependendo da visão de cada um) de Musk, habilitada para BCI. Trata-se da tarefa de reduzir todos os componentes necessários num dispositivo mínimo. Que possa ser adicionado cirurgicamente ao cérebro humano com segurança.
Embora os implantes BCI tenham feito avanços constantes, a Neuralink procura reimaginar todo o sistema com uma cirurgia robótica totalmente automatizada. Isso em um chip de computador do tamanho de uma moeda. Este pode transmitir dados neurais sem fio, após ser inserido através de um pequeno orifício no crânio.
A chave para esse esforço são os eletrodos de “fios” da Neuralink. Sondas neurais da espessura de um fio de cabelo com 16 sensores de registo distribuídos. Isto ao longo de seu comprimento que podem atingir com precisão neurônios e sinapses específicos dentro do cérebro.
Musk já não é novo quanto a contratempos nas suas empresas
De facto, o progresso não tem sido fácil e Musk comparou os esforços da Neuralink aos dos irmãos Wright, quando estes prepararam-se para fazer o seu primeiro voo. Contudo, a Neuralink persistiu na sua busca. Em maio de 2023, tiveram uma pausa quando o FDA concedeu autorização à Neuralink para recrutar participantes para o seu primeiro estudo clínico em humanos. O que avaliaria a segurança de seu implante e procedimento de cirurgia robótica. Isto bem como testaria a funcionalidade de transmissão nos dados cerebrais.
Os candidatos ideais incluíam pessoas com tetraplegia causada por lesões na coluna. Pouco mais de seis meses depois, Musk revelou que a implantação se destina aos que sofrem de doenças neurológicas como ELA. Um salto impressionante no caminho para a fusão do homem e da máquina.
Quem foi o primeiro paciente a ter um chip Neurolink incorporado?
O nome do paciente foi Noland Arbaugh, que sofreu um acidente de mergulho em 2016, levando a que fosse vítima de tetraplegia. Como resultado, e visível no vídeo abaixo, Arbaugh parece estar bastante feliz com a cirurgia. Pois agora já consegue controlar um computador apenas com seus pensamentos. E pode até jogar xadrez novamente. Assim, a deteção de picos neuronais representou um enorme avanço, mas os desafios permanecem.
Tudo porque obter leituras funcionais de “pico” representa um obstáculo inicial importante. Ademais de uma prova de conceito para estabelecer a viabilidade da interface neural do Neuralink. No entanto, de acordo com especialistas, é um dos muitos marcos que ainda precisam ser alcançados para criarem uma conexão verdadeiramente de alta largura de banda.
Portanto, além de refinarem os algoritmos para decodificarem padrões neurais mais sofisticados, o Neuralink ainda deverá superar desafios técnicos. Tais como:
- Longevidade do implante e a sua capacidade de permanecer conectado com segurança ao longo do tempo.
- Prevenir rejeição imunológica ou cicatrizes que possam interromper a sinalização (ou prejudicar o paciente).
- Expandir o número de canais de entrada para maior transmissão de dados.
Quais as consequências desta primeira cirurgia bem-sucedida?
De realçar que Musk revelou que este primeiro ensaio visou restaurar a funcionalidade digital básica para pacientes paralisados. Ou seja, como permitir-lhes controlar interfaces de computador ou smartphones com as mãos livres. Ora, como se vê acima, até agora parece ter tido bastante sucesso.
Enquanto isso, os objetivos futuros incluem permitir que os pacientes operem próteses robóticas ou até mesmo reanimarem os seus próprios músculos por meio de sinalização neural.
Como os diferentes especialistas encaram as metas de Neuralink?
Embora a comunidade mais ampla da neurociência e da biotecnologia tenha reagido com uma mistura de otimismo e ceticismo ao marco da Neuralink, a maioria concordou que esta representou uma conquista significativa que vale a pena comemorar. Desde maior capacidade cognitiva para pessoas debilitadas ou até mesmo um paraplégico conseguir jogar xadrez ou ter um raciocínio que possa ser transmitido, tudo isto eleva ainda mais o potencial da Neurolink. Ainda que permaneçam desafios elevados para esta empresa de Elon Musk.
- “Acho que é muito cedo para falarmos sobre [integração cérebro-IA]”, alertou o Dr. David Brandman, codiretor do Laboratório de Neuropróteses da UC Davis. “Há pessoas necessitadas, e qualquer ênfase em ‘e se’ e ‘o que poderia acontecer’ é prestar um péssimo serviço às pessoas que precisam de um dispositivo.”
Além de tudo isso, muitos investigadores enfatizaram que, até agora, não há provas tangíveis de que estes implantes possam melhorar o funcionamento ou as capacidades humanas normais. Portanto, o caminho a percorrer para a Neuralink cumprir a sua missão ainda parece longo e dificilmente estará livre de obstáculos adicionais – tanto tecnológicos, regulamentares e sociais. No entanto, o tipo de progresso que tal implante produziria para a espécie humana merece o nível de atenção.