Anne Hoffman, a editora alemã que publicou uma “entrevista” gerada por Inteligência Artificial (IA) com Michael Schumacher, foi despedida e a sua empresa de media foi obrigada a deixar desculpas públicas à família do campeão de Fórmula Um (F1).
Entrevista gerada por IA
A chefe-de-redação do Die Aktuelle, um tablóide alemão detido pelo grupo Funke Media, foi despedida depois de ter publicado uma entrevista gerada por Inteligência Artificial com o campeão por sete vezes da F1, Michael Schumacher, chegando a deixar citações sobre a sua família e estado de saúde.
A revista alemã publicou um título na sua capa referindo o seguinte: “Michael Schumacher, a primeira entrevista”, adicionando uma frase obscura que dizia: “algo que soa estranhamente real”. Além disso, podia-se ver uma foto sorridente da celebridade na capa.
The publishers of a German magazine that ran an 'interview' with Michael Schumacher generated by AI have sacked the editor and apologised to the F1 legend's family https://t.co/CpUg5tm8hj
— Guardian sport (@guardian_sport) April 22, 2023
O facto de as palavras atribuídas ao anterior campeão de corridas terem sido geradas por um programa de IA não é um elemento que tenha sido revelado até mais tarde, quando a revista começou a ser alvo de discussão e de raiva entre fãs e família de Schumacher. Também se descobriu mais tarde que o artigo tinha sido gerado através da aplicação de IA chamada character.ai (uma área que já tem tido influência até sobre robô trader de criptomoedas).
De acordo com um relatório do The Daily Mail, a lenda de F1 nunca mais veio a público desde que sofreu danos cranianos com um acidente de ski em dezembro de 2013. Isto sucedeu após a sua família ter escolhido manter a sua condição médica em privado.
O artigo do Die Aktuelle publicou supostas citações como: “Eu consigo, com a ajuda da minha equipa, manter-me de pé e até dar alguns passos lentos”; “A minha mulher e os meus filhos são uma bênção para mim e, sem eles, nunca teria sido capaz de gerir isto”.
Outras citações referiam: “É claro que eles ficaram muito tristes com tudo o que se passou”; e: “eles apoiaram-me e mantiveram-se firmes a meu lado.”
Em resultado disso, a família de Schumacher anunciou a sua intenção de processar a revista e, ao longo do fim-de-semana, o editor da revista endereçou as suas desculpas.
A diretora-geral do grupo Funke Media, Bianca Pohlmann, disse: “Este artigo de mau gosto e enganador nunca deveria ter aparecido. Não reflete de modo algum o tipo de jornalismo que nós e os nossos leitores esperam de uma publicação como a Funke.”
Ela referiu adicionalmente que haveria de despedir a editora, com as seguintes palavras:
“Em resultado da publicação daquele artigo, serão assacadas de imediato consequências pessoais. A chefe-de-redação do Die Aktuelle Anna Hoffman, que tem responsabilidades jornalísticas sobre a revista desde 2009, será libertada das suas tarefas a partir de hoje”.
O campeão de 54 da F1 tornou-se uma lenda ao ter competido pela Jordan, Benetton, Ferrari e Mercedes. Durante a sua carreira ele ganhou dois campeonatos do mundo de F1 pela Benetton, em 1994 e 1995. Além disso, ganhou cinco championships seguidos pela Ferrari entre 2000 e 2004.
Em conjunto com Lewis Hamilton, ele é o detentor recordista do maior número de championships da Fórmula um, com sete títulos acumulados e 91 corridas ganhas. Schumacher deixou uma marca indelével numa carreira que teve o maior número de vitórias em corridas, que só foi ultrapassada por Hamilton em 2020.
Depois de se ter afastado das corridas em 2006, o condutor alemão haveria de regressar em 2010 para se despedir definitivamente dois anos depois. O filho de Schumacker, Mick, continuou o legado do pai e tem competido na Fórmula Um pela Haas. Contudo, ele é atualmente um dos condutores de reserva da Mercedes.
A família de Schhumacher mantém a privacidade da família
Das raras vezes em que a família veio a público referir o estado médico do Schumacher foi num documentário de 2021 da Netflix chamado precisamente: Schumacher. Nele, a sua mulher Corinna disse:
“Fazemos tudo juntos em casa. Fazemos terapia. E tudo o que for preciso para que Michael esteja confortável, para que sinta o calor da nossa família, o nosso laço”.
“Estamos a tentar seguir em frente enquanto família, do modo como Michael quer e também ele faz”, acrescentou ela, “e por isso a nossa vida continua”.
Ao enfatizar a privacidade da sua família, ela disse: “O que é privado é privado, como ele sempre disse. É muito importante para mim que ele possa continuar a desfrutar da sua vida privada tanto quanto possível. O Michael sempre nos protegeu e agora é a nossa vez que proteger o Michael.”