Desde 2023 que só ouvimos falar de inteligência artificial. Com mega empresas como a Nvidia Corp a ganhar imensa tração nos mercados graças ao seu envolvimento nessa indústria. Agora temos o regresso das perspetivas otimistas dos investidores e já se vê no início de uma bull run de Bitcoin, crescimento do ouro e no bom desempenho dos mercados acionistas. Mas são mesmo os ETFs e as opções de crescimento sustentado no longo prazo que mais têm capitalizado.
Há biliões a serem depositados em estratégias de investimento que privilegiam o comportamento técnico previsível e sustentável para o longo prazo. Aqui estão as opções e os ETFs que saem a ganhar.
O que são opções?
As opões representam o direito à compra ou venda de uma quantidade predefinida de títulos (por exemplo, ações) a um determinado preço de mercado. Ou seja, poderá obter contratos para a compra de 100 ações a 6 meses. E a um preço de mercado definido por si. Poderá por isso pensar nas opções como um tipo de derivado com prazo determinado.
As opções podem também ser um índice ETF, ou uma mercadoria, além de ações. As opções sobre índices são, por exemplo, AEX. E as opções sobre ações poderão ser as ING. O valor de compra e venda de opções tem por base o valor daquele ativo no mercado. Apesar de não os comprar diretamente, antes compra contratos de compra (cal) e venda (put), à semelhança dos derivados.
O setor financeiro e os grandes investidores encaram as opções como apostas de baixa volatilidade. São determinantes em momentos em que o preço das ações baixa. Ou quando o sentimento de mercado e das grandes instituições financeiras é positivo para o longo prazo. E o que observamos neste momento é isso: um sentimento positivo que se revela num investimento de capital a larga escala.
Que produtos financeiros estão a ser mais negociados nas opções?
Os ETFs que vendem opções de ações ou índices são os que estão a obter rendimentos mais aliciantes neste momento. Os ativos destes produtos quase quadruplicaram em dois anos, atingindo valores recorde de $64 biliões, de acordo com dados da Global X ETFs.
Fazer shorting aos desvios de volatilidade destas opções é uma estratégia de investimento muito procurada e que é tida como previsível, trazendo lucros muito interessantes para os seus investidores desde que o mercado se mantenha tranquilo. Porém, alguns fatores externos como as eleições presidenciais americanas para 2024 poderão trazer alguma instabilidade, pelo que vale a pena estar de olho nesses acontecimentos externos.
Como negociar opções de ETFs
Em declarações à Bloomberg, Chris Murphy, o co-diretor de estratégias de derivados no Susquehanna International Group, disse que “a baixa volatilidade e o seu impacto é a questão mais frequente que tivemos este ano (…). Os clientes querem saber qual o impacto que [as opções] terão nos mercados para poderem estruturar as suas ordens. Mas já vimos ciclos como este no passado, em 2018, e em 2010, quando a baixa volatilidade começa a crescer até que um grande choque acontece”.
O boom na compra de opções de ações
O volume de negociações de opções de ações norte-americanas teve um pico no ano passado, atingindo máximos com contratos com zero dias de expiração, também conhecidos como oDTE. Isso aumentou a volatilidade do mercado, porque cada derivado representa uma aposta no futuro dos preços.
Parece haver um aumento na procura por opções porque os investidores retalhistas estão a inundar este mercado. E, em consequência, os investidores institucionais estão a vender em massa, provocando uma consolidação de preços com algumas correções, apesar do bom momento do mercado em capitalização.
Outro tipo de produtos que agora está a ganhar popularidade são os ETFs de opções com rendimentos sustentados. Ao invés de apostar na serenidade de um mercado, este tipo de estratégias tira partido da procura no mercado de derivados, vendendo “calls” ou “puts” para acumular liquidez num portfólio de equity.
O crescimento desta indústria em anos recentes foi formidável, com um impulso significativo quando surgiram os primeiros produtos de ETFs. No final de 2019, havia cerca de $7 biliões depositados na categoria de fundos derivados de rendimentos, de acordo com dados recolhidos pela Morningstar Direct. Três quartos desses fundos eram de fundos mutualistas. Até ao final do ano, havia $75 biliões depositados, quase 83% dos quais eram ETFs.
Mas ainda que o dinheiro envolvido pareça tão volumoso, os especialistas em produtos derivados e os fundos de gestão querem evitar agora uma venda em massa que provoque o descrédito destes produtos, como aconteceu em 2018.
Os riscos de 2018 na venda de opções
Antes do a bolha especulativa no mercado de opções ter rebentado em 2018, Bhansali da LongTail já tinha previsto a ameaça do crescente volume de negociações em shorting. Ele reconheceu que havia um certo perigo desse desfecho se vir a concretizar porque este movimento especulativo insustentável foi alimentado por investidores retalhistas que alimentavam continuamente as vendas nos livros de ordens, ao invés de fazerem apostas alavancadas na baixa de volatilidade. Ou seja, ficou provado que o mercado não funciona tanto numa lógica de oferta e de procura, como na capacidade de os grandes investidores institucionais definirem os valores de compra e venda a partir dos ativos que já detêm.
Agora, há algumas preocupações de que o mercado possa estar a passar por um período de vendas em massa das instituições, fazendo aparentar uma subida expressiva de valorização porque os retalhistas compram esses contratos. É isto que alimenta a espiral especulativa insustentável, que um dia terá uma bolha de terá ordem agigantada que rebente (quando o mercado está hipervalorizado e há uma disrupção no ecossistema de compra e venda de ações).
Não obstante, os eventuais riscos são difíceis neste momento de prever porque não sabemos exatamente quais os equilíbrios entre o mercado de compra e venda, que acontecimentos geopolíticos ou económico-financeiros poderão ser disruptivos, e ainda qual o comportamento das instituições. As estratégias a este nível poderão ser variadas, com muitas destas transações a ocorreram no segredo de Wall Street e com operações não verificáveis para o grande público.
Para muitos, o boom na venda de ETFs de opções é um sinal de que algo de importante se está a passar. É importante por isso seguir algumas máximas do investimento seguro para não ser apanhado de surpresa.
Como garantir que se mantém em segurança no seu investimento em derivados e opções
Vale a pena lembrar algumas dicas de base para garantir que se mantém em segurança na negociação de opções e contratos:
- Reveja a alavancagem dos seus produtos financeiros, assim como o prazo de expiração dos seus contratos.
- Reduza o risco vendendo nos picos de valorização, ao invés de esperar por uma campanha de longo prazo.
- Diversifique o portfólio no número de ativos, tipo de ativos, e até mesmo na forma de trading.
- Acompanhe as principais notícias de ordem geopolítica e económica mundiais para antecipar movimentos de venda em massa ou de descapitalização dos ativos.