Chegando a 2024, a inteligência artificial (IA) deixou de ser uma invenção da nossa imaginação, para ser uma realidade tangível, revolucionando a maioria dos setores de atividade. Desde as interações diárias, até à criação de imagens. Contudo, qual é o custo real deste avanço tecnológico?
Segundo especialistas, estão ainda ocultos os custos reais de IA, incluindo impactos ambientais e obstáculos económicos para a sua implementação e o investimento necessário para a educação e potencial adoção. Portanto, é importante encontrar o lado menos conhecido da jornada da IA, onde as suas conquistas inovadoras trazem desafios significativos. Logo, tentaremos “desvendar” as complexidades do impacto da IA no nosso mundo. Com isto explorando o delicado equilíbrio entre o avanço da tecnologia e a preservação da nossa integridade ética e ambiental.
Custos ocultos da IA: riscos ambientais
De facto, a ascensão da IA trouxe avanços tecnológicos significativos, desde chatbots que podem participar de conversas semelhantes às humanas, até a algoritmos que criam imagens realistas. Bastará pensar na revolução que promete ser o software Sora:
OpenAI Sora video of the day. pic.twitter.com/tuER75PbCH
— Derya Unutmaz, MD (@DeryaTR_) February 26, 2024
No entanto, estes avanços têm um custo ambiental que é muitas vezes ignorado: o elevado consumo de água pelos centros de dados de grandes empresas tecnológicas como a Microsoft, Google e Meta. Esses centros são essenciais para o funcionamento da IA, exigindo grandes quantidades de água para resfriar os servidores.
Em 2022, houve um aumento notável no uso de água por essas empresas, com o consumo de água da Microsoft a ter aumentado 34%, o do Google 22% e o da Meta 3%. Isto tudo em nome do aprimoramento de suas tecnologias de IA. Contudo, espera-se que este seja apenas o começo, pois a IA está somente a florescer.
Novos estudos avaliam impacto da inteligência artificial
Na verdade, novos estudos, realizados pela Universidade da Califórnia, em Riverside, prevê que a IA levará o uso da água a níveis surpreendentes em apenas alguns anos. Isto podendo chegar a um intervalo alarmante de 4,2 a 6,6 bilhões de metros cúbicos de água todos os anos, até 2027.
IA poderá aprofundar a crise hídrica das Big Tech?
Esta necessidade crescente de água destaca um impacto ambiental muitas vezes invisível da IA e chama a atenção para a questão premente da escassez global de água. Ao ponto que o mesmo estudo aponta que a crescente pegada hídrica da indústria tecnológica é preocupante. Especialmente tendo em conta os atuais desafios mundiais com secas e sistemas de água desatualizados.
Em resposta, algumas empresas tecnológicas das Big Tech começaram a abordar o seu impacto no ambiente. Para tal, investindo em projetos destinados a restaurarem a água, a melhorarem os sistemas de gestão da água e a encontrarem métodos de arrefecimento mais eficientes em termos de água para as suas operações de IA.
No entanto, estas ações são apenas passos iniciais. À medida que a tecnologia de IA continua a avançar, será crucial que a indústria equilibre a inovação com a gestão ecológica. Esta abordagem garantirá que o desenvolvimento da IA não só ultrapassa os limites da inteligência, mas também promove a sustentabilidade, ajudando a proteger os recursos hídricos para o futuro.
A Realidade Económica por trás da IA – Fenómeno IA é sustentável?
À medida que exploramos os desafios ambientais apresentados pela IA, deparamo-nos com outro aspeto igualmente complexo. Esta são implicações económicas do investimento em IA. Assim, esta perspectiva faz a transição da nossa discussão da sustentabilidade ambiental para a financeira, destacando os diversos obstáculos encontrados no avanço da IA.
Por exemplo, é fácil observar a tecnologia impressionante por trás de ferramentas como o incrível ChatGPT, da OpenAI. Ou seu novo modelo de geração de vídeo Sora. Porém, isso não significa que será lucrativo para todos. Até porque o seu desempenho a longo prazo ainda é uma grande incógnita.
Empresas de alguns setores concluíram que IA não é lucrativa
Os empreendimentos iniciais da Microsoft na IA generativa, apesar do entusiasmo, encontraram dificuldades financeiras, com algumas ofertas a ficarem aquém dos objetivos devido aos elevados custos de operação de modelos sofisticados de IA. Além disso, a Google tem testado diferentes modelos de preços para seu software baseado em IA. Isto com o objetivo de encontrar um ponto ideal que cubra os custos sem dissuadir os utilizadores.
Ainda, a Adobe adotou uma abordagem cuidadosa para evitar as armadilhas financeiras da IA, estabelecendo limites de uso. Ao mesmo tempo que adota uma estratégia de preços pré-pagos para gerenciar despesas crescentes. Ora, estas estratégias sublinham um problema comum em todo o setor tecnológico: como lucrar com a IA e ao mesmo tempo mantê-la acessível e satisfatória para os utilizadores?
Somando a tudo isso, as respostas dos clientes às mudanças no cenário da IA estão a ser variadas. Sendo que alguns estão insatisfeitos com os altos custos do uso de soluções de IA. Portanto, este descontentamento aponta para uma questão crítica no centro do boom da IA. Assim, embora a IA tenha o potencial para revolucionar vários setores, encontrar um modelo económico que funcione ainda está em progresso.
Qual a realidade das aplicações práticas da IA?
Superando os obstáculos ambientais e económicos de IA, aprofundar o aspeto crucial das aplicações da IA, no mundo real, é algo fundamental. Dessa forma, esta secção revela a discrepância entre o que a IA promete e o que realmente cumpre. Acrescentando complexidade à ideia da IA, como uma solução universal, para questões contemporâneas.
Por exemplo, Gemini, que foi criado para produzir imagens realistas baseadas em descrições de texto, recebeu críticas significativas por produzir imagens com estranhos preconceitos raciais e de género. Ora, estes incidentes sublinham um problema maior na indústria tecnológica: a pressa para aproveitar o potencial da IA ignora muitas vezes a necessidade de uma compreensão abrangente, essencial para abordar de forma responsável os seus efeitos na sociedade.
De tal forma que muitos especialistas consideram que os problemas com o Gemini não só mostram os obstáculos técnicos e éticos na IA. Mas também indicam uma tendência para dar prioridade ao avanço tecnológico em detrimento da utilidade real e das obrigações sociais destes produtos.
IA poderá ser um perigo para a Imagem e Credibilidade das Empresas?
Com um sistema de IA precoce e que não compreenda os valores morais e éticos da Empresa, mas também do seu público-alvo, a comunicação e forma de produzir com IA poderá ser um risco para a imagem desse mesmo negócio. Assim, também essa integração é essencial para que a IA seja uma ferramenta que ajude os resultados dessa mesma Empresa. Ao invés de prejudicar o seu crescimento.
Em suma, à medida que a IA avança, é importante que os envolvidos na sua criação e aplicação avaliem minuciosamente as suas aplicações no mundo real. Isto em relação às possíveis consequências. Portanto, as experiências adquiridas em casos como o Gemini destacam a importância de adotar uma abordagem mais cautelosa ao desenvolvimento da IA, que valorize igualmente a inovação, as considerações éticas e a importância de ser preciso e inclusivo no que a IA representa.
Quais as conclusões ao custo de IA nas empresas?
À medida que nos aproximamos de um futuro moldado pela IA, fica claro que o nosso caminho está repleto de desafios complexos que refletem a sofisticação da própria IA. Assim, os custos ocultos da IA para o ambiente, observados no elevado consumo de água e nas emissões de carbono, representam uma séria ameaça à saúde do nosso planeta. Logo, mais tarde ou mais cedo, poderão ser impingidas restrições, multas e outros condicionalismos por parte dos Governos de diferentes países. Sem dúvida que os próximos estudos e conclusões, à medida que a adoção de IA aumenta, para se perceber que tipo de decisões serão tomadas.
Por outro lado, economicamente, encontrar um equilíbrio entre tornar a IA rentável e mantê-la acessível ilustra a linha ténue entre inovação e viabilidade. Além disso, colocar a IA em prática levanta questões éticas, desde preconceitos nos algoritmos até à lacuna entre o que a IA promete e o que realmente alcança. Tudo isto poderá ter um impacto significativo sob o investimento inicial em ferramentas IA para as empresas.
Portanto, olhar para o futuro da IA envolve mais do que apenas progresso tecnológico. Este requer um plano bem elaborado que combine inovação com cuidado sob o meio ambiente e integridade ética. Ora, adotar esta abordagem abrangente é essencial para garantir que o desenvolvimento da IA contribui para o crescimento sustentável e permanece em harmonia com os valores mais amplos da sua Empresa, mas também do público-alvo e sociedade.