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O mercado global das IPO (as ofertas públicas iniciais) tem estado parado desde 2022. Isso ocorre fruto da enorme instabilidade geopolítica global que levou a inúmeras consequências nas cadeias de distribuição. Mas em setembro de 2023 houve uma nova tentativa de várias IPO vingarem em Wall Street. Com as estreias das ações Birkenstock, ARM, Klaviyo e Instacart a animarem o mercado.

Podemos ainda assim falar num desânimo geral do mercado acionista relativamente a estas IPO que tiveram dias iniciais de entusiasmo – particularmente com as ações ARM – mas que depois corrigiriam novamente (com Birkenstock a ser uma das ações mais perdedoras a este nível). A dispersão de capital em bolsa destas empresas revela um pessimismo dos acionistas em injetarem dinheiro em novas IPO nesta fase.

Resultados da IPO de ARM

A empresa ARM, a mais importante fabricante de Chips para o mercado dos dispositivos móveis, foi a que gerou mais entusiamos no mercado bolsista. Em setembro conseguiu encaixar 5.23 mil milhões de dólares ao vender 95,5 milhões de ações a 51 dólares. A sua cotação em bolsa foi muito bem-sucedida, tendo o preço das ações disparado em 25% no primeiro dia, mas perdendo valor logo a seguir.

Atualmente, as ações ARM estão a negociar pouco abaixo do preço de IPO, na zona dos 50 dólares. A questão dos investidores nesta altura é saber se as ações ARM estão numa zona de suporte estável que suscite a entrada de grandes investidores num movimento em massa.

Resultados da IPO de Instacart

A empresa americana Instacart é uma das mais bem-sucedidas no setor da entrega de mercearia online a consumidores dos EUA e do Canadá. É utilizada por milhões de utilizadores americanos e também se estreou no mercado bolsista no mês passado.

No dia a seguir à sua cotação em bolsa, Instacart teve uma valorização do patamar dos $30 para $33,75, mas essa aceleração teve também pouco sucesso. Logo a partir do segundo dia de cotação nos mercados, o preço das ações ficaria colado à zona dos preços em IPO e neste momento está em queda com o preço médio por ação nos $25.

Resultados da IPO de Klaviyo

A Klaviyo teve um início de carreira no mercado bolsista um pouco mais promissor. Começou a transacionar a valores de $30 e mante-se numa carreira de valorização de preços durante 9 dias, atingindo máximos de $36,30. Porém, a partir daí começou a corrigir de forma constante, estando neste momento a transacionar em valores de $31,53.

O desempenho da Klaviyo mantém-se bastante interessante, apesar da falta de gás revelada, que pode ser mais sintomático do meu mau momento geopolítico e financeiro global do que do valor real das suas ações.

Resultados da IPO de Birkenstock

A Birkenstock, a empresa icónica de calçado alemã com produção em Portugal, era uma das que gerou mais expectativas no mercado com as suas ações. A dispersão de capital de Birkenstock iniciou-se a 11 de outubro, e o seu valor de IPO foi de $51.

A empresa conseguiu captar 1.48 mil milhões de dólares, mas logo no primeiro dia de bolsa cairia em 12%, o que é um dos piores desempenhos da história do mercado bolsista em Wall Street. Se verificarmos o desempenho de 300 IPO que foram sendo lançadas na bolsa americana ao longo dos últimos 100 anos, só 13 tiveram um desempenho mais negativo que Birkenstonck.

Atualmente, os preços das ações de Birkenstock estão a transacionar no patamar de $36. As perdas já são superiores a 25%.

Por que o mercado de IPO está negativo em 2023?

O mercado acionista IPO ainda está a enfrentar uma fase de enorme ceticismo devido à paragem que foi imposta desde 2022, com a grande instabilidade geopolítica, financeira e logística a nível mundial. Isso espoletou várias consequências negativas no mercado financeiro, com a subida das taxas de juro, a imposição de obstáculos no acesso ao crédito, e a geral atitude conservadora dos investidores que esperam sinais positivos do mercado.

Se observarmos o desempenho das IPO desde 2020, observamos que muitos investidores enfrentam também uma posição negativa devido ao evento “cisne negro” que haveria de se abater nos mercados, primeiro com a pandemia e depois com a guerra à porta da Europa e a mais recente no médio oriente. Alguns dos analistas financeiros do mercado justificam ainda o mau desempenho com o facto de as empresas venderem ações em momentos chave de consolidação que deveriam servir para estabelecer zonas de suporte.

De acordo declarações de Matthew Kennedy da Renaissance Capital à Bloomberg: “os investidores que compram ações no primeiro dia têm sido prejudicados com os últimos IPO, por isso não surpreende que estejam agora a atirar a toalha ao chão, recusando-se participar no mercado”.

“Isto não se aplica a grande parte do pipeline pré-IPO”, diz Matthew Kennedy, “o que significa que as ofertas da área tecnológica continuarão limitadas no quarto trimestre”.

Como estão a reagir as empresas ao mau momento das IPO em 2023?

Com o autêntico flop de Birkenstock nos mercados e o arrefecimento acentuado do IPO de ARM, as bolsas europeias permanecem cautelosas. Isso significa que nem as grandes empresas tecnológicas, do retalho, da área farmacêutica e outras estão interessadas em exporem capital. Nem as próprias bolsas parecem interessadas em recebê-las nesta fase.

Na verdade, a transação de capitais em bolsa está ao nível mais baixo desde a última crise financeira mundial de 2008.

Tanto a Renk como a Planisware querem adiar a sua entrada em bolsa. Mas estas poderão não ser as únicas empresas a adiarem a dispersão de capital, numa altura em que as más notícias continuam a chegar aos mercados financeiros.

Empresas que vão adiar a entrada em bolsa: Renk e Planisware

Um dos adiamentos de entrada em bolsa mais notáveis foi o que observámos com a Renk, uma empresa alemã que opera no setor automóvel, mais particularmente no fabrico de caixas de velocidade. A empresa estava avaliada em 1.8 mil milhões de euros e planeava já a sua entrada em bolsa, até ter revisto a sua posição e ter dito que queria esperar por um momento mais auspiciosos.

Também a Planisware, uma empresa francesa de software para a gestão de projetos corporativos, de engenharia e TI, disse que iria cancelar com os seus planos de entrar em bolsa em Ipo. Seria uma das suas iniciativas mais importantes. E encaixaria com isso mais de mil milhões de euros no processo. Ainda assim, o IPO permanece em standby e poderá vir a realizar-se já no próximo mês, se houver condições de mercado suficientemente estáveis para isso.

Segundo Andreas Bernstorff, porta-voz do BNP Paribas que deu uma entrevista à Reuters: “Num momento turbulento como este, qualquer operação que não seja suficientemente sólida no longo prazo para os investidores terá dificuldades”.

Com as enormes dificuldades de ARM, Instacard, Birkenstock os volte-faces de empresas inovadoras são reais. Elas recusam entrar no mercado de capitais, e por isso a expectativa vai crescendo sobre quando será o melhor momento.

Qual é o cenário das IPO Portuguesas?

Numa economia tão pequena e com poucos players como a portuguesa, é normal que não haja praticamente empresas dispostas a lançar-se em IPO. Se olharmos para o cenário a dez anos, verificamos só houve seis IPO, com a Greenvolt a protagonizar a última entrada em bolsa em 2021.

Mas há movimentações do setor financeiro e da saúde que esperam a entrada em bolsa no Euronext. É exemplo disso a cadeia de hospitais da Luz Saúde. Ela prepara o processo de capitalização e de dispersão de ações em bolsa no mercado Europeu. A empresa quer angariar um mínimo de 300 milhões de euros, e se o conseguir será a maior IPO de Portugal em dez anos. Mas também podemos olhar para o NovoBanco. Este deverá lançar a sua IPO entre 2024 e 2025 com um encaixe de mil milhões de euros nesse processo.

Neste momento, a questão sobre lançar projetos em IPO a nível global, europeu e em Portugal tem tudo a ver com timing. Não só com a disponibilidade dos mercados. Uma vez que as taxas de juro, o aumento dos custos da energia e a paragem dos mercados lançam o medo nos mercados. Por isso, com liquidez baixa e pouca disponibilidade dos investidores, muitos procuram agora antecipar o momento certo para o regresso à alta finança.

2024 poderá ser o ano em que voltaremos a ver IPO a terem algum grau de sucesso e estabilidade nos mercados. A consulta EY refere mesmo que os “investidores estão atentos às empresas com aspetos fundamentais mais fortes, e que apresentem caminhos claros para o lucro”. “A saúde financeira e o potencial de criar valor” são fundamentais para qualquer empresa que queira lançar um IPO, diz a EY.

Como negociar as melhores ações de IPO nos mercados financeiros?

Se for day trader, swing trader, ou até um clássico hodler, poderá utilizar várias ferramentas de análise técnica para antecipar baixas de preços. A corretora XTB é uma das que permite aplicar várias ferramentas de análise técnica de forma gratuita. Apesar de muitos investidores experientes se servirem também do TradingView ou da aplicação profissional MT4.

Damos-lhe algumas dicas que podem ajudar a antecipar os melhores momentos do mercado para investir:

  • Defina zonas históricas de suporte e resistência: Essas zonas são as que mais liquidez geraram tanto em vendas como em compras, e são mais facilmente percetíveis à escala diária ou semanal. Defina essas zonas de transação extraordinária de ações e com elevada liquidez como zonas futuras para compra e venda de ações.
  • Negoceie o pré-mercado como zonas de marcação de preços: O pré-mercado muitas vezes permite marcar preços, ou seja, se o valor dos ativos sobe de forma considerável, é porque na restante sessão a correção vai ser profunda. Estes são momentos de alta volatilidade e que podem dar pistas sobre a tendência de preços.
  • Avalie patamares psicológicos de suporte e resistência como zonas de interesse: nomeadamente com os patamares de Fibonacci, em valores redondos de ações como $50, $99, ou $150, mas não deixando também de avaliar as últimas notícias financeiras com impacto nos mercados.

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