Apesar de novidade, não restam grandes dúvidas que a operacionalização da inteligência artificial (IA) apresenta desafios. Contudo, ao contrário de outras tecnologias anteriores, a adoção de inteligência artificial (IA) tem a capacidade de solucionar alguns dos seus próprios problemas dentro do seu design.
Assim, estima-se que a implementação eficaz da IA terá de colocar as pessoas no centro dos sistemas de governação da IA. Tudo isto servindo para aliviar a confiança na IA em setores críticos. Dessa forma, será necessário um novo manual de informação integrada e tecnologia operacional para utilizar a IA e a automação, elevando empresas a novos limites.
Qual o impacto de IA na gestão das empresas?
De facto, a inteligência artificial (IA) – apesar das consequências importantes na reorganização do emprego e na sua potencial substituição de altos cargos – levará ao surgimento de uma série de novas funções. Aliás, foram essas as recentes conclusões do recém-lançado Relatório sobre o Futuro do Crescimento 2024. Para que se tenha uma ideia, já 35% das Empresas nacionais registadas, já usa algum tipo de tecnologia de IA.
35% das empresas em Portugal já adotou a tecnologia de inteligência artificial (IA), um crescimento de 25% desde 2022. A manter-se esta taxa de adoção, o impacto económico total estimado da adoção chegaria, até 2030, aos 61 mil milhões de euros.https://t.co/l82H5W0SXr
— Grande Consumo (@GrandeConsumo) February 5, 2024
Portanto, do ponto de vista do crescimento da inovação, levanta-se uma questão cada vez mais importante: onde encontrar o talento necessário em algumas destas funções de rápido crescimento e evitar um cenário em que a disponibilidade de talentos torne-se um constrangimento vinculativo para o desenvolvimento económico e o crescimento?
Existem riscos na adoção de inteligência artificial no processo de decisões?
Por outro lado, o crescimento exponencial do mercado global de IA também destaca a necessidade de estabelecer normas e quadros que garantam práticas e aquisições responsáveis de IA, especialmente para empresas comerciais. Logo, como as empresas já estão a enfrentar esses desafios e, ao mesmo tempo, aproveitar o seu potencial?
Para tentarmos obter uma resposta mais prática e aproximada à realidade, analisaremos as conclusões retiradas por quatro líderes de diferentes empresas. Ora, estes partilharam insights sobre como as suas empresas estão a explorar esse campo, tentando maximizar os seus resultados em 2024.
Jeff Schumacher, CEO do Grupo NAX
Perante a opinião deste conceituado CEO, a IA é a próxima fronteira numa longa linha de tecnologias disruptivas, oferecendo às empresas um imenso potencial para criarem valor e resolver desafios complexos. No entanto, para concretizar verdadeiramente a promessa da IA, as empresas deverão não só adotá-la, mas também operacionalizá-la.
Ou seja, este processo envolverá conectar modelos de IA com ações observáveis, aproveitando os dados posteriormente realimentados no sistema. Isto para se poder completar o ciclo de feedback. Ainda, o elemento crítico reside na automatização destas etapas, permitindo iterações rápidas e de autoaprendizagem. Com o objetivo de estas impulsionarem a melhoria e a inovação contínuas.
No entanto, na prossecução deste objetivo, os líderes estabelecidos enfrentarão, frequentemente, limitações enraizadas na experiência, dificultados por funções tecnológicas inundadas com atrasos e dívidas técnicas de sistemas críticos, dependentes de tecnologias obsoletas. Asim, estes desafios realçam a impraticabilidade de tentarem a transformação a partir de dentro. “Será demasiado demorado, dispendioso e arriscado”, concluiu o CEO de NAX.
Para realmente concretizar a promessa da IA, as empresas devem não só adotá-la, mas também operacionalizá-la. —Jeff Schumacher, CEO do Grupo NAX
Dessa forma, ao reconhecer estes obstáculos e a necessidade crescente de enfrentar questões sistémicas de grande escala, as empresas estão cada vez mais a forjar parcerias estratégicas com empresas de software e serviços. Por isso mesmo, essas colaborações representam o cenário em evolução das práticas da indústria e servem como um catalisador para as empresas criarem soluções inovadoras para desafios, que antes pareciam intransponíveis.
‘As pessoas são fundamentais para a confiança na IA’ – Carmine Di Sibio, presidente e CEO da EY
Segundo a opinião deste prestigiado CEO, a maior ameaça à adoção da IA pelas empresas não é a falta de desejo, mas de confiança. Num inquérito recente da EY, quase 70% dos CEO revelaram que a incerteza em torno da IA generativa tornava difícil desenvolver e executar uma estratégia rapidamente.
- Dessa forma, as preocupações dos líderes não são desprovidas de mérito. Consideremos os chatbots de IA: estes produzem resultados errados ou “desregulam-se” 3% das vezes, com incidentes atingindo um pico de 27%.
Somando a isso, as empresas também têm reservas quanto à privacidade dos dados, à desinformação e à propriedade inteletual. Ainda, nos setores onde a IA generativa tem um imenso potencial para melhorar vidas – como os cuidados de saúde, os serviços financeiros e a logística – tais riscos são insustentáveis. Já imaginou o que seria um erro de IA provocar um erro fatal durante uma operação?
Em conclusão, toda a nova tecnologia passa por uma fase de hyp, antes que seu valor total seja realizado. No entanto, navegar no meio pode ser complicado. Então, como as organizações podem aproveitar a IA com confiança? Um primeiro passo importante estará a implementação de mecanismos de governação liderados pelas pessoas. Em suma, significa também usar a contribuição humana para “ajustar” os modelos e interpretar os resultados. Por outras palavras, para desbloquear o valor da IA, temos de colocar as pessoas no centro da decisão.
Afinal, as tecnologias nas quais confiamos – da Internet aos telemóveis – já foram estratégias de transformação alimentadas por IA para otimizarem o desempenho e promover a confiança nesta tecnologia revolucionária.
‘Apresentar o entusiasmo da IA da maneira certa’ – Lisa Heneghan, diretora digital, KPMG International
A IA é inquestionavelmente o momento da “eureca” do nosso tempo. De tal forma que a rapidez com que será debatida, adoptada e melhorada surpreenderá até os apoiantes mais entusiasmados. Na pesquisa CEO Outlook da KPMG, 70% dos executivos seniores garantiram que a IA generativa é a sua principal prioridade de investimento e que terá retorno esperado nos próximos três a cinco anos. É evidente que, apesar da incerteza económica, os CEO estão concentrados e determinados a fazerem com que a IA trabalhe para eles.
Aliás, para os líderes empresariais, o perigo neste momento é o “medo de perder” que conduz decisões que podem prejudicar os lucros a longo prazo ou criar novos desafios éticos ou de segurança cibernética. É um ato de equilíbrio delicado entre os adotantes tardios, que podem perder oportunidades douradas de crescimento, e os adotantes iniciais, que correm o risco de tomarem medidas impulsivas que podem sair pela culatra.
Como deveriam as empresas agir perante a IA?
Segundo a opinião da Diretora, as empresas deveriam começar a investir hoje. A compreensão do caso de negócio não se baseará em poupanças, mas sim na experiência e competências de condução, o que ajudará a identificar as oportunidades. Portanto, concentre-se em estabelecer as bases e construir as plataformas tecnológicas certas. Até porque estas precisam de ser ágeis o suficiente para se adaptarem ao cenário de IA em rápida evolução. É melhor testar e aprender agora do que observar e perder a oportunidade de liderar a mudança.
Em suma, trata-se de um ato de equilíbrio delicado entre os adotantes tardios, que podem perder oportunidades douradas de crescimento, e os adotantes iniciais, que correm o risco de tomarem medidas impulsivas que podem não correr tão bem.
‘Fazer a IA funcionar com a segurança em primeiro plano’ Dr. John Markus Lervik, diretor e cofundador da Cognite
Perante a análise do Dr. John Levvik, as empresas industriais enfrentam um dilema da revolução da IA. Tudo porque o envelhecimento da força de trabalho industrial, a baixa literacia em dados, a dificuldade em atrair talentos, os ambientes de trabalho perigosos. Bem como as necessidades de otimização, cada vez mais complexas, e a sustentabilidade exigem soluções baseadas em IA, incluindo a robótica de IA.
Dessa forma, com a inovação disruptiva e generativa da IA a ocorrer em todas as partes da sociedade, os conselhos de administração das empresas industriais pressionam cada vez mais a estratégia e o investimento em IA, com a mais alta prioridade. Mas como podemos fazer com que a IA generativa funcione para indústrias onde a segurança é a principal prioridade?
Segundo este cofundador, a resposta é surpreendentemente simples. Combinando grandes modelos de linguagem de IA generativos com gráficos de conhecimento industrial. Se o “gráfico de conhecimento” é tão novo para você quanto os grandes modelos de linguagem, é porque, no contexto da transformação digital, eles são mais conhecidos como os modelos de dados que impulsionam os gêmeos digitais. Dessa perspectiva, grandes modelos de linguagem precisam de gêmeos digitais para fazerem a IA generativa funcionar para a indústria.
‘As empresas devem agir na automação de TO orientada por IA’ – Anant Maheshwari, Presidente de Honeywell
Finalmente, a opinião da Presidente de Honeywell é que IA está a criar rapidamente novas oportunidades em todos os setores. Porém, a maioria das empresas ainda está a tentar definir como usar a IA para impactar positivamente os lucros e perdas. Assim, acelerar a IA através da automação da Tecnologia Operacional (TO) é uma oportunidade. Até porque a TO tem aproveitado a automação de controlo há décadas e é aqui que a IA pode se tornar o salto lógico.
No entanto, alcançar esse objetivo exige que as organizações adotem um novo manual integrado de software e hardware para TO. Isto servindo como um facilitador crítico de automação. Além disso, são necessários os parceiros tecnológicos certos para combinarem uma colcha de retalhos de sistemas de TI e TO sob uma estratégia comum e uma execução coerente baseada em sistemas de controlo incorporados. Faça isso direito e os retornos serão significativos.
Em conclusão, o ritmo da evolução da IA é evidente e as empresas deverão agir agora na automação de TO orientada por IA. Isto para evitarem ficar para trás.
Quais as conclusões dos grandes líderes na implementação de IA?
Não restam grandes dúvidas que estes “pioneiros” estão já a aproveitar a IA para impactar positivamente os lucros e perdas. Bem como gerarem maiores retornos para os acionistas. No entanto, o ritmo da evolução da IA é evidente e as empresas deverão agir agora na automatização da TO orientada pela IA.
Com mercados cada vez mais competitivos, essa implementação de IA nos modelos de gestão, planeamento e até estratégias de marketing poderão fazer toda a diferença em 2024 e adiante. Como se percebe pela opinião deste CEOs e diretos, muitos líderes de mercado já têm plena noção dos seus riscos, mas também enormes vantagens competitivas.