Mercado de Ações

Já não restam dúvidas que o mercado de ações dos EUA teve um forte desempenho em 2023, recuperando da queda induzida pela pandemia de 2022. Ao ponto de que o S&P 500 e o Nasdaq 100 subiram mais de 20% e 50%, respetivamente, durante este último período. Porém, os indicadores micro e macroeconómicos indicam-nos que esta subida do mercado de ações é sustentável para o resto de 2024?

Vale a pena realçar que, à medida que a economia recuperou, a inflação moderava e as taxas de juro atingiam o pico. No entanto, muitos investidores questionam-se se a recuperação poderá continuar em 2024 ou se uma recessão e uma quebra do mercado estão no horizonte. Ao mesmo tempo, como as ações, principais índices e potenciais quedas nos bonds poderiam ter impacto direto no desempenho no mercado de criptomoedas?

O mercado de ações irá sofrer uma queda em 2024?

Para que seja possível responder à questão que “assombra” muitos investidores – especialmente com perspetiva de curto e médio prazos – é importante analisar os diferentes catalisadores de uma potencial correção no preço de ações e outros ativos financeiros. Dessa forma, recorrendo a diferentes a analistas e especialistas do mercado, é importante avaliar os seguintes pontos:

Condições atuais do mercado

Não existe uma resposta definitiva a esta questão, uma vez que o futuro é incerto e depende de muitos fatores, como o resultado de muitas eleições do “mundo livre”, as políticas monetária e fiscal, os lucros das empresas, os gastos dos consumidores, as tensões geopolíticas e o sentimento dos investidores. No entanto, já é possível analisar algumas das projeções e opiniões mais focadas no mercado de ações dos EUA. Até porque é este que poderá sr o catalisador para um queda geral nos mercados.

Previsões dos analistas para o mercado de ações

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De acordo com um conjunto de mais de 700 ações cobertas pela Morningstar, no passado dia 21 de dezembro de 2023, o mercado acionário dos EUA estava a ser negociado a um preço/valor justo de 1,00, o que significa que o mercado é igual a um composto das suas estimativas de valor justo. No entanto, os principais índices e fundos não pararam de subir, isto desde o início de 2024.

Assim sendo, tal sugere que o mercado está bastante valorizado, mas não excessivamente caro. Ainda assim, existem diferenças significativas entre os diferentes setores, estilos e tamanhos de ações. Por exemplo, os analistas da Morningstar consideram que as ações de valor e as ações de pequena capitalização são mais atraentes do que as ações de crescimento e as ações de grande capitalização.

Diferentes analistas não conseguem chegar a uma previsão consensual

Por exemplo, a J. P. A Morgan Research é mais pessimista quanto às perspectivas do mercado de ações dos EUA para 2024. Esta estima um crescimento dos lucros de 2–3% no próximo ano, com lucro por ação (EPS) de US$ 225 e um preço-alvo de 4.200 para o S&P 500, com uma tendência negativa.

Além disso, os seus analistas esperam que o crescimento dos EUA e do mundo desacelere até ao final de 2024. Isto à medida que o estímulo fiscal desvanece-se, a política monetária aperta e os estrangulamentos na cadeia de abastecimento persistem. Para além destes elementos, que deverão agravar-se em 2024:

  1. As já existentes valorizações elevadas das ações que dominam o NASDAQ
  2. As persistentes taxas de juro elevadas, levando a um consumidor enfraquecido,
  3. Riscos geopolíticos crescentes
  4. Uma potencial recessão como obstáculos para as previsões futuras de muitas ações.

De notar que a conceituada BCA Research é ainda mais pessimista quanto às perspectivas do mercado de ações dos EUA em 2024. Ao ponto das suas análises avançarem que o S&P 500 poderá sofrer a sua pior queda desde 2008, quando uma recessão começar. Estes argumentam que os mercados desenvolvidos permanecem numa trajetória recessiva, a menos que a política monetária afrouxe significativamente e que a inflação desacelere rapidamente. Assim, na sua precisão, esperam por uma recessão em 2024, que coloque o S&P 500 num intervalo entre 3.300 e 3.700 antes de uma eventual recuperação se materializar.

Existem analistas otimistas quanto ao mercado de ações em 2024?

Na verdade, é preciso salientar que nem todos os analistas conceituados estão pessimistas quanto ao mercado de ações dos EUA em 2024. Pelo contrário, alguns revelam-se otimistas quanto ao desempenho das ações no próximo ano. Por exemplo, os analistas do Bank of America, RBC e Federated Hermes estabeleceram preços-alvo de 5.000 para o S&P 500, como meta de final de ano.

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Portanto, estas projeções implicam um potencial de valorização de pouco menos de 5% em relação ao nível atual. Como explicação, estes analistas citam os fortes lucros empresariais, a resiliência dos gastos dos consumidores, a política monetária acomodatícia e a melhoria das condições da cadeia de abastecimento como razões para o seu otimismo.

Poderemos ter um flash crash nas ações, como em 2020?

Ainda dentro da análise à potencial queda do mercado de ações, o estrategista-chefe de ações do JPMorgan, Dubravko Lakos-Bujas, falou com a Business 2 Community e avançou com diferentes sinais alarmantes de superaquecimento. Além da concentração do capital dos investidores num punhado dos maiores nomes de tecnologia do mercado.

Ao ponto que este responsável adverte que este comportamento de aglomeração cria a possibilidade de um “flash crash”. Isto sem nenhum gatilho claro, além de fundos que desfazem rapidamente posições sobrepostas.

“Talvez não vamos precisar de um catalisador, podendo acontecer um dia do nada. De relembrar que tal já aconteceu no passado, no qual tivemos flash crashes”, enfatizou o estrategista de mercado. É possível que mesmo um pequeno declínio no crescimento da IA generativa ou da computação em clout possa fazer com que as avaliações dos principais intervenientes desmoronem.

IA poderá ser o catalisador para esse flash crash?

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Numa análise mais aprofundada, Lakos-Bujas informa que graves correções de mercado seguiram-se aos três casos anteriores desde 2008, quando a aglomeração atingiu níveis tão extremos. Assim, as reversões de impulso tornam-se auto-reforçadoras, à medida que os fundos correm para as saídas.

Como resposta a esta potencial queda, este instou os investidores a diversificarem-se, afastando-se das “sete magníficas” ações que geraram retornos. Ou, caso contrário, poderão acabar ficando do lado errado da negociação quando a tendência atual inevitavelmente se inverter.

Acompanhar o dinheiro inteligente poderá ser a resposta?

Entretanto, Paul Dietrich, estrategista-chefe de investimentos da B. Riley Wealth, aponta para o que chama de “dinheiro inteligente”, como a venda de ações dos bilionários Jeff Bezos e Warren Buffett, como um importante aviso de que o mercado está se aproximando do pico. Embora algumas vendas sejam agendadas com antecedência, ele afirmou que esses investidores provavelmente “sabem que está completamente sobrevalorizado e, se venderem agora, poderão recomprar mais barato mais tarde”.

Dietrich afirma que a combinação de avaliações historicamente extremas em múltiplas medidas e a saída de investidores sofisticados para o dinheiro é uma evidência clara de uma “bolha histórica”, que precede uma “grande, grande correção”. Ele alertou que este não é o momento certo para os investidores investirem dinheiro novo num mercado sobreaquecido.

Quais implicações de aumentos nos juros para o mercado cripto?

Olhando para o futuro, as previsões das medidas políticas da Fed são objeto de intensa especulação. Assim, caso o Banco Central adie ainda mais os cortes nas taxas, o mercado de cripto deverá se preparar para contínuos ventos contrários. Ao ponto de que a perspetiva de suportar taxas elevadas reforçaria o apelo dos investimentos tradicionais em relação às criptomoedas, levando potencialmente a uma realocação de capital para longe do espaço dos ativos digitais.

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Por outro lado, qualquer indicação de futuras reduções nas taxas, como consequência das notícias do Fed, poderia reacender o entusiasmo no mercado cripto, como os gráficos do mercado Bitcoin e cripto indicam-nos. Isto já que os investidores poderão, mais uma vez, encontrarem o perfil de alta recompensa destes ativos digitais. Isto especialmente no contexto de um evento de redução do Bitcoin pela metade, como é o caso do tão aguardado fenómeno do halving.

No entanto, este optimismo é atenuado pelo reconhecimento de que cortes prematuros nas taxas podem reacender as pressões inflacionistas, apresentando um desafio diferenciado para os decisores políticos. Algo a considerar no momento de avaliar se também poderemos ter uma queda no mercado de criptomoedas em 2024 ou não.

A história fornece orientação para prever quedas do mercado de ações?

Como salienta Brett House, da Columbia Business School, as bolhas no mercado de ações são eventos extremamente raros fora da moda do “pontocom”, por volta de 2000. Outras grandes quedas, como 1987 e 2008, foram desencadeadas por choques externos que são demasiado difíceis – se não impossíveis – de se preverem.

Ou seja, os analistas até podem apontar para métricas de risco elevadas, comportamento de aglomeração, avaliações sobrevalorizadas e outras vulnerabilidades do sistema financeiro. No entanto, até que se manifeste um choque tangível – uma recessão profunda, uma crise financeira, um erro político ou um acontecimento geopolítico imprevisto – os mercados podem permanecer elípticos e livres dos fundamentos durante muito mais tempo do que os observadores esperam.

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