IA na microsoft e google

A corrida da Inteligência Artificial (IA) já tem algum tempo, e as gigantes tecnológicas continuam a digladiar-se por dominância. As mais destacadas neste âmbito são a Microsoft e Alphabet, que há poucos dias declararam as suas receitas trimestrais de negócio.

Um olhar atento para os resultados financeiros da Alphabet e Microsoft mostram que a IA e Cloud são os produtos-chave

Estas gigantes tecnológicas revelaram os seus relatórios para o quarto trimestre do ano fiscal de 2023, que terminou a 30 de junho. A IA tem sido o tópico mais falado dos últimos trimestres, e todos parecem concordar sobre quem está a ganhar preponderância nesta tensão sobre a IA.

Ao passo que ambas as empresas continuam a trabalhar em diferentes projetos do espaço IA, as suas finanças são um claro indicador de como as empresas se estão a comportar regra geral durante esta corrida.

Em primeiro lugar, o relatório de resultados mostra investimentos massivos que as empresas estão a colocar em hardware. A IA é uma tecnologia intensiva em hardware, que requer processadores poderosos que devem ser treinados, e também correr modelos como o PaLM da Google e o GPT-4 da OpenAI.

O mesmo tema foi debatido durante a apresentação de resultados da Google, em que a empresa explicou que oferece “opções de IA com um supercomputador, juntamente com os TPUs da Google e GPUs da Nvidia, e que recentemente lançou os seus supercomputadores de IA A3 com dispositivos H100 da Nvidia”.

A Google, através do seu diretor financeiro, Ruth Porat, referiu que “no segundo trimestre, o maior componente [nos investimentos] foi feito em servidores, que incluíram um aumento significativo no nosso investimento em computação IA”.

Expectativa de aumentar os gastos em data centres

“Esperamos níveis elevados de investimento na nossa infraestrutura técnica, que queremos ver ampliada durante a segunda metade de 2023 e que continue a crescer em 2024. O principal objetivo é alavancar estas oportunidades que começamos a ver em IA na Alphabet, incluindo investimentos em GPUS e em TPUs proprietários, assim como na capacidade dos centros de dados”, explicou.

A empresa também espera aumentar os gastos em data centres, cujos gastos têm sido baixos neste trimestre devido a atrasos em instalar escritórios assim como outros projetos.

As ações Microsoft estão em alta, numa altura em que também revelou um relatório semelhante, com $10.7 biliões em investimento para sustentar a infraestrutura de cloud que inclui um setor inteiramente dedicado a IA. A empresa previu igualmente que os seus gastos com capital irão aumentar durante o próximo trimestre enquanto está a escalar atividades de negócio para cumprir com os sinais do aumento na procura dos seus serviços.

Investimentos para melhorar a capacidade de trabalho

É de referir que estes gastos incluem os investimentos da empresa que pretendem melhorar a capacidade de trabalho tanto da Azure na sua relação com a IA, como nas atividades não relacionadas com IA. Por isso, apenas parte daqueles gastos são dedicados a projetos IA.

Além dos gastos, a procura por produtos e serviços é o maior indicador do grau em que a empresa está a investir em serviços de IA. A Google relatou que mais de 750.000 utilizadores Workspace têm acesso às suas novas funcionalidades de IA que estão atualmente em fase de testes.

A empresa também refere que está a experimentar um grau significativo de procura para mais de 80 dos seus modelos de IA. Isto inclui modelos de organizações terceiras, assim como soluções populares open source da Vertex da Google, funcionalidades de pesquisa e plataformas de conversação IA. No total, o número de clientes cresceu em mais de 15x entre abril e junho.

Além dos utilizadores individuais, a empresa tecnológica também refere que mais de 70% das empresas unicórnio focadas em IA, incluindo a Cohere, Jasper, e a Typeface, são clientes atuais da Google Cloud. Isto significa que a empresa ambiciona a resultados substanciais para estas empresas que usam os serviços cloud facilitados por modelos IA.

A Microsoft, por outro lado, regista um aumento em 150% nos clientes Azure, fechando o ano com 18.000 clientes. “Quase 90% dos registos no GitHub Copilot são de self-service, o que indica um forte interesse orgânico. Mais de 27.000 organizações, o que representa um crescimento de 2x trimestre após trimestre, escolheram o GitHub Copilot para Empresas, de modo a melhorar a produtividade dos programadores”, disse a empresa, justificando assim a procura pelos serviços CoPilot.

A Microsoft também disse que os utilizadores Bing estão a interagir com mais de 1 bilião de chats até esta data. Até aqui, o chatbot do browser já gerou mais de 750 milhões de imagens com o Bing Image Creator.

Alphabet reportou um crescimento nos seus resultados financeiros

Em termos de receitas, as receitas da Google Cloud para o trimestre atingiram os $8.03 biliões, por comparação com os resultados esperados de $7.83 biliões. O crescimento é particularmente notável quando consideramos que esta divisão de Cloud da empresa só começou a ser lucrativa no primeiro trimestre do ano.

Em geral, a Alphabet reportou um crescimento nos seus resultados financeiros melhores do que o esperado. A empresa relatou um crescimento de $74.6 biliões no último trimestre, o que supera as melhores estimativas dos analistas até aqui de $72.75 biliões em receitas. É também de notar que estes resultados têm o forte contributo dos setores de anunciantes em que a Google regista os seus maiores rendimentos.

O rival da Microsoft registou um crescimento de 27% nas receitas de serviços Azure. Contudo, este representa um declínio quando consideramos que a divisão de cloud teve um crescimento de 31% no último trimestre.

No total, a empresa gerou $56.2 biliões em receitas nas suas vendas e produtos. Isto foi mais $55 biliões do que os analistas antecipavam que a empresa fosse capaz de gerar.

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A batalha por dominância em IA continua

Quando a corrida pela IA começou a aquecer, a Microsoft iniciou imediatamente uma parceria com a OpenAI, a empresa que esteve no centro da popularidade pelo setor IA, recebendo um investimento de $10 biliões na startup. Ao fazer isso, a gigante tecnológica teve a vantagem de se ter movido em primeiro lugar nesta área, explorando os modelos GPT da startup que estão por trás do famoso chatbot ChatGPT.

A Microsoft integrou rapidamente grandes modelos de linguagem no Bing, que tem tido mau desempenho ao longo dos anos. Esta foi uma abordagem surpreendente da Google na indústria dos motores de pesquisa, um setor que a empresa tem dominado anos a fio.

Os restantes produtos da Microsoft também funcionam com capacidades GPT, oferecendo novas funcionalidades como tomar notas automaticamente durante reuniões do Microsoft Teams.

Por outro lado, a Alphabet, a empresa charneira da Google, foi tomada de surpresa com o acelerar do desenvolvimento da IA. Deste modo, perdeu algum tempo até conseguir nivelar-se com outras empresas. A empresas anunciou agora as suas primeiras aplicações IA significativas durante o I/O da Google em maio.

A avaliar pelos relatórios de resultados, as empresas estão ainda a tentar estabelecer em que base deverão utilizar esta tecnologia recente. Assim, fica ainda por determinar quem irá dominar em definitivo a emergente indústria da IA.

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