A Inteligência Artificial (IA) tem criado ondas sísmicas em vários negócios e empresas que procuram introduzir esta tecnologia em diferentes áreas empresariais. A Google já desenvolveu a sua própria ferramenta de IA que pode ajudar na escrita de artigos noticiosos. Será que isso poderá ser um perigo para o jornalismo?
Citando três fontes distintas, o New York Times lançou a notícia de que a Google está a testar uma ferramenta chamada “Genesis” para escrever novas histórias noticiosas de forma automatizada, e que até houve tentativas de a vender a várias publicações como o The New York Times, The Washington Post, e a News Corp que é uma empresa parceira do The Wall Street Journal.
Ainda que a IA já esteja a ser aplicada para a redação de notícias corporativas de modo a cobrir histórias distintas, especialmente sobre as declarações de rendimentos das empresas, até agora o emprego tem sido feito maioritariamente por jornalistas.
Google: we have a new AI tool to further diminish journalism and journalist’s jobs so publishers can save costs.
Google: Producing AI generated content simply for rankings (and monetisation) is not good for people. pic.twitter.com/l9U0k0Kdeq
— Martin Walsh 🇺🇦 (@martinwalsh) July 20, 2023
Ferramenta poderá funcionar como um assistente pessoal para jornalistas
Uma das fontes disse ao New York Times que a sua ferramenta poderá funcionar como um assistente pessoal para jornalistas. De modo a ajudá-los a automatizarem algumas das tarefas.
Contudo, foi reportado que alguns executivos da Google que tomaram conhecimento deste pitch consideraram a nova ferramenta “preocupante”. O relatório refere que “duas pessoas deram a entender que consideram fácil produzir notícias corretas e bem escritas”.
Na sua declaração, a porta-voz da Google Jenn Crider disse que:
“Estabelecendo uma parceira com produtores de notícias, especialmente pequenas publicações, entraremos nas fases iniciais de exploração de ideias que poderão potencialmente fornecer ferramentas de IA para ajudar jornalistas a fazerem o seu trabalho”.
Ela tentou afastar medos ligados a estas ferramentas, referindo que: “de modo simples, estas ferramentas não pretendem, e não querem, substituir o papel essencial dos jornalistas a reportar e verificar factos para criar os seus artigos”.
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Google está a testar uma ferramenta de IA para escrever artigos noticiosos
A IA está a fazer sentir a sua presença na indústria dos média. De acordo com um relatório da Challenger, Gray and Christmas, “em junho, uma empresa de média despediu redatores quando o proprietário referiu um projeto ligado a Inteligência Artificial”.
É de notar que o relatório de maio da empresa detetou que 3.900 pessoas perderam o seu trabalho devido à IA. Esta foi a primeira vez que a empresa listou a IA entre os motivos para a perda de trabalhos.
Enquanto isso, o relatório de junho mostrou que a pior vaga de desempregos nos EUA já poderá ter passado, e revelou que os layoffs caíram para quase metade em junho para níveis mínimos desde outubro de 2022.
Os dados reunidos pela Layoffs.fyi demonstram uma tendência interessante na área tecnológica. Em janeiro, 273 empresas tecnológicas despediram globalmente 89.554 trabalhadores de forma cumulativa, o que representou o pico do ciclo atual.
Os layoffs reduziram desde então, caindo para números de 10.524 em junho. Dito isto, o número de empresas que estão a despedir trabalhadores tem vindo a aumentar e totaliza já 92, 94 e 108 nos meses de abril, maio e junho respetivamente.
Os dados demonstram que as empresas tecnológicas estão agora a despedir menos trabalhadores e que, em vez dos layoffs em massa como vimos recentemente, poderão estar a ainda a otimizar recursos.
Inteligência Artificial está a entrar lentamente nas redações
Entretanto, a IA começa a entrar em algumas redações e, de acordo com um relatório da Tech Crunch, algumas organizações de média como a Insider e NPR já informaram as suas equipas de que estão a explorar formas de utilizar a tecnologia para o seu trabalho do dia-a-dia.
Dito isto, as organizações de média que querem introduzir a IA poderão precisar de exercer alguma cautela se observarem o exemplo da CNET, que ao utilizar a IA generativa para produzir artigos teve maus resultados. A empresa teve de emitir várias erradas para metade dos seus artigos, incluindo problemas de erros factuais e provavelmente artigos plagiados.
Alguns dos artigos no website têm uma nota que refere: “Uma versão recente desde artigo foi assistido por mecânica IA. Esta versão foi substancialmente atualizada por um redator da equipa”.
IA pode representar oportunidades, mas também ameaças
Enquanto isso, há outras pessoas que dizem que ferramentas de escrita assistida com IA como a Google Genesis podem representar oportunidades, mas também ameaças.
De acordo com Jeff Jarvis, um professor de jornalismo e comentador de média, “se esta tecnologia conseguir criar informação factual que seja confiável, os jornalistas poderão usar a ferramenta”.
Ele, contudo, ameaçou que “por outro lado, se for mal usada por jornalistas e empresas noticiosas em tópicos que requeiram nuance e compreensão cultural, poderá danificar a credibilidade não só da ferramenta mas também das empresas que a usem”.
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IA poderá levar à criação de novos trabalhos
Devemos olhar para mais alguns dados, já que há alguma ansiedade relativamente à perda potencial de trabalhos derivado da IA, segundo informou um inquérito da Forbes. Três quartos dos trabalhadores parecem preocupados de que a IA possa substituir os seus trabalhos ao longo do próximo ano.
Até o CEO da OpenAI, Sam Altman, avisou de que a IA poderia “eliminar” muitos trabalhos – mas acrescentou que poderá também criar “outros muito melhores”. Durante uma audiência no Congresso americano, ele admitiu que a IA “poderá correr muito mal”.
Enquanto muitos temem que a IA possa levar à perda generalizada de trabalhos, a Goldman Sachs acredita que a IA poderá ajudar a aumentar a produtividade em 1.5% anualmente até ao fim desta década, assim como melhorar nos rendimentos do S&P 500 em 30% ou mais.
Ainda que muitos trabalhadores da área tecnológica tenham perdido os seus trabalhos devido aos layoffs, as empresas continuam a contratar para a área de IA e, de acordo com o portal Indeed, os anúncios para trabalhos em IA nos EUA aumentaram 20% em maio passado.
Recrutamento ligado a IA tem ajudado a combater o desemprego em San Francisco
As pesquisas por trabalhos em IA generativa também aumentaram desde o lançamento do ChatGPT no último ano, e continuam em níveis elevados.
A IA tem sido um tema quente entre negócios de San Francisco e trabalhadores em geral. Já que o recrutamento ligado a IA tem ajudado a cidade a combater o desemprego. Conforme os dados mais recentes do emprego, o setor tecnológico de San Francisco e a região vizinha de San Mateo acrescentou 2.800 trabalhos à economia só em maio.
Para colocar estes números em perspetiva, isto representa quase 38% dos trabalhos na cidade perdidos devido aos layoffs no setor tecnológico.
Dito isto, a IA é causa de disrupção em múltiplas indústrias, e as redações terão de enfrentar esta novidade. Teremos ainda assim de esperar para ver até que ponto a IA irá revolucionar as casas editoriais. E e se terá mesmo o efeito de vir a substituir ou complementar os jornalistas humanos.
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