regulação IA
Alguns líderes de gigantes tecnológicas, desde Sam Altman até Elon Musk, estão constantemente a lançar avisos para a opinião pública sobre os impactos da inteligência artificial. Ainda que possa parecer uma preocupação genuína em prol da humanidade, também há motivos menos altruístas para estes executivos que lidam com IA estarem sempre a falar dos riscos e impactos.

De acordo com um relatório da Bloomberg, a IA foi o “tema central” da última Bloomberg Technology Summit. Isto poderá não ser uma surpresa total, já que a IA tem vindo a ser dos tópicos mais badalados na indústria tecnológica nos últimos meses.

De acordo com a FactSet, 110 empresas listadas na S&P 500 usaram o termo “AI” (ou “IA”) quando anunciaram os seus resultados financeiros do primeiro trimestre de 2023. O que é mais do triplo das ocorrências quando comparado com 2010.

A obsessão das empresas americanas pela IA não é assim tão difícil de perceber. Os investidores estão a depositar cada vez mais dinheiro em ações ligadas em inteligência artificial. E a C3.ai está entre as novidades que triplicaram de valor este ano. Outro bom desempenho foi o da Nvidia cujos chips são cruciais para construir modelos de IA.

O otimismo relativamente à IA já tem levado a uma corrida por ações tecnológicas americanas este ano, com o Nasdaq 100 a crescer $4 triliões na sua capitalização de mercado.

Ainda que os líderes de tecnológicas vejam a IA como uma incrível oportunidade no setor, não faltam vozes críticas e prenúncios dos riscos associados. Há mesmo quem fala em “riscos existenciais” para a humanidade.

Líderes de tecnológicas avisam sobre os riscos de a IA controlar o mundo

Musk está entre os líderes de empresas tecnológicas que mais voz tem nos média e que mais avisa sobre os riscos da IA. Em declarações durante o evento do Wall Street Journal CEO Summit no mês passado, o CEO da Tesla disse:

“Há uma pequena possibilidade de que a humanidade venha a ser exterminada, e não é zero”. Também acrescentou: “Há probabilidades superiores a zero de que [a IA] venha a transformar-se no “Exterminador Implacável”.

O bilionário explicou que: “Não creio que a IA venha a destruir toda a humanidade, mas poderá colocar-nos sob controlo muito rígido”.

É de notar que Musk já tem vindo a alertar para os riscos da IA muito antes de o setor ser tão mediático. Ele tem vindo a fazer lobby agressivo por maior regulação da IA. Em abril, encontrou-se com o líder do Senador Chuck Schumer e com outros legisladores americanos para debater o tema da IA.

Depois do seu encontro, foi a vez de a Casa Branca receber os CEO da OpenAI, Google, Microsoft e Anthropic – que debateram os desafios da IA com a vice-presidente Kamala Harris.

O encontro seguiu-se às alegações de Altman frente ao Senado em que ele admite que a IA pode “trazer sérios problemas” – algo com o CEO da OpenAI reiterou na último Bloomerg Tech Summit.

Musk tem estado entre os CEO que escreveu uma carta aberta pedindo o abrandamento na evolução de modelos de IA mais poderosos do que o GPT-4.

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Nem tudo é altruísmo nos pedidos para regular a IA

O CEO da Palantir, Alex Karp, é uma das vozes dissonantes que se opõe aos pedidos para travar o desenvolvimento de modelos de IA, dizendo que esses pedidos só surgem porque há quem não esteja a acompanhar a revolução em curso.

De acordo com Karp, estas pessoas querem impor uma suspensão no desenvolvimento tecnológico para conseguirem estudar e desenvolver os seus próprios produtos. Musk, por exemplo, está a trabalhar na sua startup TruthGPT e disse que a indústria precisa “de um terceiro cavalo de corrida” para fazer frente ao ChatGPT e Google Bard.

O relatório da Bloomberg indica outro motivo por que os líderes em IA têm vindo a fazer tantos avisos a esta tecnologia. Uma das passagens diz o seguinte: “Se eles justificarem devidamente por que é necessário ter controlo sobre a IA, então outros aspetos de como gerir uma empresa, tais como a angariação de dinheiro, atrair clientes e os aspetos do recrutamento por engenheiros em falta, tornar-se-ão mais importantes”.

De acordo com a Crunchbase, os investimentos de capital de risco em startups de IA caíram em 43% para $5.4 biliões no primeiro trimestre do ano.

A Crunchbase diz que oito dos seus 38 unicórnios são já empresas de IA. A Builder.ai, CoreWeave e Anthropic estão entre as empresas de IA que estão a angariar fundos em maio.

Países que estão a regular a Inteligência Artificial

As preocupações sobre a Inteligência Artificial não são infundados, como já podemos observar em alguns incidentes em que a IA permitiu gerar imagens falsas de um rebentamento no Pentágono – levando a um crash temporário nas ações americanas.

Os reguladores dos países mais desenvolvidos estão a contemplar nova regulação para IA e a União Europeia deverá aprovar em breve as regras que deverão regular o setor.

A Autoridade para a Competição e Mercado do Reino Unido está também a investigar a Inteligência Artificial, numa altura em que o primeiro-ministro Rishi Sunak referiu que o seu país deverá organizar uma conferência global em IA ainda este ano.

Em declarações durante a London Tech Week, que prestou no início deste mês, Sunak disse que o Reino Unido poderia trabalhar em cooperação global sobre o tema da regulação na IA e sublinhou: “A IA não respeita as fronteiras nacionais tradicionais”.

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