Numa altura em que a economia portuguesa parece estar de boa saúde e os portugueses estão mais dispostos a investir, quisemos reunir uma série de dicas sobre este tema. Para isso, fomos procurar a opinião de alguns especialistas, nomeadamente analistas financeiros mas também uma análise de mercado da DECO, para sua referência.
Neste artigo poderá ficar a conhecer o top de dicas para que os seus investimentos em Portugal tenham mais sucesso. Saiba o que está ao seu alcance para fazer crescer o dinheiro, seja com risco mínimo ou com risco um pouco mais elevado. Desde os investimentos clássicos em imobiliário e PRR, até aos investimentos mais inovadores em ETF ou criptomoedas.
Por que é importante investir em 2024?
A escalada da inflação é imparável, e isso significa que o dinheiro está sempre a perder valor por via do aumento de custo de vida. Ou seja, se é necessário mais dinheiro para comprar os mesmos produtos básicos, então é fácil de ver como ao longo dos anos as nossas poupanças vão sendo esmagas mesmo sem mexer na conta. É por isso que é importante investir e multiplicar o nosso capital, para garantir que não somos engolidos pela inflação galopante.
Poupança não é igual a investimento?
A resposta clara é não. Poupar é uma atitude financeira saudável, e é o primeiro passo que todos devemos dar no sentido de garantir estabilidade material para o futuro e condições de investimento. Idealmente, todos conseguiríamos poupar 30% ou mais dos nossos rendimentos por mês. E esse dinheiro ficaria disponível para pagar educação, cultura e viagens, ou para investir.
Talvez não seja surpreendente que os portugueses sejam dos que menos poupam na zona euro, muito devido aos salários baixos que grassa em quase todas as atividades profissionais. Segundo diz a DECO, no segundo trimestre de 2023, a taxa de poupança em Portugal foi de apenas 5,7%. A taxa no resto da Europa é mais do dobro, ou seja, 14,8%.
Claro que os baixos rendimentos são o principal motivo para as poupanças baixas, o que compromete imediatamente qualquer sonho de investimento. Mas o nível também baixo de literacia financeira dá o seu contributo – o que pode ser explicado pelo desinteresse e desesperança dos portugueses em fazerem crescer os seus rendimentos.
Rendimento dos investimentos de capital garantido – opções
A verdade é que os produtos de capital garantido dão rendimentos abaixo da taxa de inflação, pelo que não faz sentido investir nesses instrumentos. E as poupanças em depósitos a prazo, PRR, títulos da dívida ou seguros de capitalização nem sempre são atrativos. O cenário é frequentemente o de estagnação de recursos face à inflação, que parece difícil de bater. Mas será mesmo? Há opções a tomar e todos vamos a tempo de salvar os nossos recursos.
Podemos dividir os níveis de poupança em dois tipos. E, em função de escolhermos um ou outro tipo, podemos também dedicar-nos a diferentes modalidades de investimento inteligente.
- Primeiro tipo de poupança: as poupanças de curto prazo, que se destinam a financiar fundos de emergência e para suprir imprevistos.
- Segundo tipo de poupança: as poupanças de longo prazo, que servem para garantir uma reforma com mais dinheiro disponível, ou para gastos importantes mais atarde. Por exemplo, nas educação própria ou dos filhos, em obras na casa, e outras iniciativas.
Aqui, não se trata de escolher uma forma de poupança em detrimento da outra. Deve sempre procurar fazer estes dois tipos de poupança para ter condições posteriores de investimento. Ou seja, a poupança de curto prazo como fundo de emergência destina-se a adquirir segurança financeira para os próximos tempos. E a poupança de longo prazo destina-se a obter fundos suficientes para conseguir planear o seu futuro financeiro com mais possibilidades de ação.
Os 10 principais conselhos que deve seguir antes de investir
Imaginemos que conseguiu organizar a sua vida de tal forma que já lhe é possível fazer poupanças consideráveis. Por exemplo, passou a viver em conjunto e a dividir despesas com outra pessoa. Pode ter mudado de casa e passado a pagar uma renda mais barata. Ou pode ter cortado com despesas supérfluas, como subscrições excessivas de entretenimento, com tabaco e álcool ou outros vícios, etc.
Se já tem a sua vida mais ou menos em ordem e algum dinheiro disponível para investir, então siga estes conselhos prévios…
1. Comece por pagar todas as suas dívidas
As dívidas são autênticos sorvedores de dinheiro e a grilheta mais pesada que irá ter de carregar durante a sua vida financeira. Quanto mais tempo deixar passar sem pagar as suas dívidas, mais elas lhe irão pesar. Por isso, além de não ser boa ideia contrair dívidas, o mais importante mesmo é libertar-se dos juros e das taxas elevadas que elas comportam.
Olhe com coragem para as dívidas que contraiu longo da vida e comece a pagá-las tão rapidamente possível, recorrendo às suas poupanças. Aqui não há muito a fazer: pague o máximo, e o mais rapidamente possível, com as suas poupanças. Só assim poderá ver-se livre das grilhetas das dívidas e recuperar margem de manobra para planear o futuro com mais confiança e liberdade.
2. Não invista em produtos ou instrumentos que não conhece
Em anos de crise disseminam-se esquemas de pirâmide que põem em risco as finanças de qualquer pessoa. Qualquer promessa de dinheiro fácil e rápido deve ser recebida com ceticismo. E por vezes são as pessoas que nos querem mais bem que os promovem: amigos, familiares, e até influencers reputados das redes sociais. Ative o seu sentido crítico e evite cair em esquemas fáceis.
Escolha também as suas fontes de informação credíveis caso queira opiniões e conselhos fundamentais. Poderá por exemplo recorrer aos serviços de analistas e consultores financeiros credenciados na CMVM, que estão habilitados a ajudá-lo.
3. Faça da poupança para a reforma a sua prioridade
Falta ainda muito tempo para a sua reforma? Provavelmente sim. Então para quê planear com tanta antecedência um pé-de-meia para a velhice? Porque quanto maior for a antecedência, mais dinheiro e mais condições terá para fazer face a problemas. E um deles é o da sustentabilidade da segurança social -ninguém pode garantir que terá acesso a uma reforma digna no futuro com os seus descontos atuais do trabalho.
Para preparar a reforma, muitas pessoas subscrevem PRR quando iniciam a sua atividade laboral, por volta dos 20 anos. Essa é uma atitude inteligente, e ainda que o seu contributo para fundos de PRR seja relativamente reduzido. Assim consegue capitalizar durante mais anos esse fundo, eventualmente beneficiar de melhores taxas e mais rentabilidade ao longo dos anos.
É claro que os PRR não pagam muito, mas pelo menos são veículos seguros de poupança e podem até trazer benefícios fiscais.
4. Tente poupar todos os meses
Deve pensar do seguinte modo: se é importante obter rendimentos todos os meses para fazer face às minhas despesas atuais, também é importante poupar todos os meses para as despesas futuras. Os seus rendimentos devem-se destinar a preparar uma vida com segurança financeira, e para isso é necessário poupar com regularidade. Todos os meses, se possível.
Pode assim destacar 10% (ou qualquer outro valor) do seu salário como poupança numa conta à parte. Faça esse bolo crescer, para que daqui a uns anos, ou até na idade da reforma, possa movimentá-lo. Esse dinheiro servirá para qualquer coisa que signifique qualidade de vida na velhice ou investimento para reproduzir capital.
5. Garanta um fundo de emergência para fazer face a imprevistos
Ainda antes de investir, é importante garantir o chamado fundo de emergência. Este fundo não é mais do que uma almofada financeira equivalente a pelo menos meio ano de salários. Esse fundo permite-lhe pagar rendas, despesas, juros do crédito à habitação, caso aconteça imprevistos. Por exemplo, caso adoeça, seja despedido, ou tenha qualquer outra situação que obrigue a uma paragem temporária da sua atividade profissional.
6. Para garantir os seus rendimentos, peça aumentos tendo por base a inflação
Uma das coisas que a crise energética imposta para instabilidade geopolítica em 2023 veio trazer é a necessidade de pensarmos a inflação com mais cuidado. A escalada galopante da inflação até 2023 provou que o valor do nosso dinheiro nunca está garantido. E é por isso que é uma obrigação moral dos agentes económicos atualizarem anualmente os rendimentos com base na inflação, para que não haja diminuição do poder de compra.
Assim, se a inflação é de 3%, exija um aumento anual não inferior a 3%. Esta consciência é importante para garantir a manutenção do seu poder de compra.
7. Procure o máximo de informação sobre os produtos financeiros antes de investir
Cuidado com os seus investimentos: não coloque dinheiro em produtos que não conhece nem compreende. Mesmo que falemos em ETF ou compra e venda de ações, é importante consultar o máximo de informação sobre os mercados, funcionamento de corretoras e trading antes de investir.
Ainda que os rendimentos possam ser interessantes, e que o “hodling” em produtos como o SP500 pareça ter lucros garantidos no longo prazo, não se deixe ficar pelas informações superficiais. Aceda a um gestor de conta do seu banco, a um analista ou consultor financeiro, e esclareça todas as suas dúvidas.
8. Diversifique investimentos
Este é um dos mantras de qualquer investidor: não ponha todos os ovos no mesmo cesto. O mesmo é dizer que ter um portfólio de investimentos diverso é uma das chaves para uma gestão de risco mais responsável.
Poderá ter algum dinheiro num banco num determinado produto, por exemplo um PRR. Mais dinheiro num segundo banco, por exemplo um índice cotado em bolsa. E assim sucessivamente, tentando diversificar o máximo possível em produtos que façam sentido para si e que tenham bom rendimento.
9. Invista apenas o dinheiro de que não precisa
Falámos atrás de fundos de emergência, de pagar dívidas e de poupança por bons motivos. É que investir é uma atitude de planeamento, gestão e razão, que vem a seguir a ter cumprido com todas as suas necessidades básicas.
Dizemos isto porque os produtos financeiros mais interessantes, ou seja os que batem a inflação, não têm capital garantido e são investimentos de longo prazo. Por isso, e porque poderá querer pensar investir por um mínimo de 5 anos e tendo em conta a flutuação normal das bolsas, deve considerar que o risco é real. Por isso não invista dinheiro de que possa vir a precisar no curto prazo.
10. Invista em produtos que se adequem ao seu perfil de investir
Cada pessoa deverá definir o seu perfil de risco individual, de acordo com os seus objetivos e expectativas para o futuro.
Por exemplo, poderá definir que quer fazer investimentos de baixo risco, e no longo prazo, para acumular dinheiro na reforma. Nesse caso, um PRR com uma taxa de rentabilidade baixa poderá ser o mais indicado. Porém, e dado que o rendimento nestes casos é muito baixo, poderá querer subir o grau de risco para ganhar mais dinheiro e estabelecer um objetivo financeiro mais ambicioso na meia-idade.
Diferentes objetivos, personalidades e modos de estar na vida financeira ditarão o seu perfil ao investir.