Com todos os aumentos da Euribor, muitos compradores perguntam o que é melhor para os seus empréstimos: uma taxa fixa ou variável? Na verdade, a escolha entre taxa fixa ou variável é uma opção que sempre existiu, antes de firmar o contrato do seu empréstimo bancário. Portanto, embora em Portugal exista uma forte tradição de taxas variáveis, também há quem vá mais longe com a taxa fixa, especialmente agora com a subida da Euribor.
Assim, fará todo o sentido que possa compreender como as duas opções diferem e poderão fazer mais sentido, de acordo com o seu orçamento familiar e taxa de esforço. Tudo isto tendo em consideração as medidas mais recentes do Governo português, como forma de dispersar o impacto das taxas de juro nos empréstimos bancários em Portugal. Para muitas famílias, nos últimos 18 meses, as suas prestações mais do que duplicaram, algo que motivou manifestações, mas também medidas urgentes tomadas de alívio.
Taxa fixa de 2 anos já poderá ser pedida a todos os Bancos
Antes de mais, saiba que, desde a última quinta-feira, 2 de novembro, poderá solicitar uma taxa fica de Euribor ao seu Banco, desde que já tenha um contrato de empréstimo habitação em vigor com essa instituição financeira licenciada. A ideia é que possa ter, logo no imediato, um desconto de 30% na taxa de Euribor. Ou seja, esta medida imediata poderá levar a que a sua prestação bancária possa ser reduzida em centenas de euros, de uma só vez.
Ao todo, espera-se que essa medida da taxa fixa de 2 anos na Euribor esteja em vigor até março do próximo ano. Ainda, esse desconto imediato estaria nos 30%, somente face à taxa Euribor. Contudo, é importante ressaltar que esse “desconto” na Euribor, no imediato, não significará que já não terá de pagar esses mesmos juros mais à frente.
Assim, nalguns casos até com encargos extras – estando a pagar juros em cima de juros – até poderá ter encargos que são mais elevados, do que se estivesse a pagar na totalidade o juro, vinculado à taxa variável de Euribor (somente se este for o caso para o seu contrato de empréstimo para habitação). Logo, será necessário que tenha o maior nível de informação possível, para que consiga tomar a melhor decisão possível, visto que esta irá ter sempre um grande impacto no seu orçamento familiar mensal.
Entender as diferenças entre taxa fixa e taxa variável nos empréstimos
Para explicar melhor esta questão falámos com vários especialistas do mercado imobiliário português, que nos contaram que a maioria dos portugueses opta pela taxa variável, ao contrário de alguns estrangeiros. “Quem vem ter connosco e pede-nos sempre taxa fixa são os franceses. Foram os primeiros que vieram cá e disseram que queriam todo o período com taxa fixa. Isso não era normal em Portugal naquela altura”, garantiu um destes. Mas será que realmente uma taxa fixa é a melhor opção?
Acima de tudo, se procura por uma prestação de empréstimo que seja sempre igual, a taxa fixa será a melhor opção. Por norma, quer esteja a taxa Euribor a níveis negativos, como há dois anos, ou então a níveis máximos dos últimos 22 anos – como agora -, a realidade é que estará sempre a pagar o mesmo. No entanto, os mesmos especialistas têm uma opinião muito clara:
“Nos meus 32 anos de experiência, com taxa fixa o Banco ganha sempre. É algo que eu mesmo nunca fiz, mas aceito que há prós e contras de cada lado”, garantiu o especialista Rui, que é CEO de uma empresa especializada em imóveis em Portugal para estrangeiros. No entanto, Rui admite que em determinadas situações os clientes podem beneficiar da escolha de uma taxa fixa.
Banco poderá emprestar mais com taxa fixa em Portugal
Em certos casos, os clientes que querem pedir mais dinheiro emprestado ao banco, mas não conseguem fazê-lo a uma taxa variável, podem ter maior sucesso se sugerirem a esta instituição bancária uma taxa fixa. Tudo porque, historicamente, os clientes com empréstimos de longo prazo pagaram sempre muito mais juros do que os clientes de taxa variável. Mesmo que estejamos a viver momentos em que a taxa fixa da maioria dos empréstimos esteja bastante mais baixa dos contratos de taxa variável. Algo que é bastante raro de acontecer, levando a que os diferentes alertas tenham surgido!
“Com taxa fixa o banco empresta mais dinheiro. Por exemplo, na semana passada tive um cliente que com taxa variável o banco emprestou 80 mil euros, mas com taxa fixa o banco subiu para 120 mil”, disse ao Portugal News, esse CEO Rui.
Qual o truque legal dos Bancos para que tal aconteça?
Ora, o que acontece com a taxa variável é que o Banco, por norma, antes de aceitar a hipoteca, aumenta a taxa em 3 por cento para calcular a taxa de esforço do cliente. É por isso que, com a mesma renda, uma pessoa pode receber mais dinheiro com taxa fixa. Isto porque o Banco sabe que é aquele valor definido e não vai aumentar para não adicionar aqueles 3% no cálculo.
Por outro lado, “temos um inconveniente com a taxa fixa, que é a amortização. Quando se contrai um empréstimo com taxa variável, a penalização pelo reembolso antecipado é de 0,5 por cento. Na taxa fixa é de 2 por cento. Ainda, acrescentando que isso faz com que a taxa fixa não seja adequada para a maioria dos investidores, que pretendem amortizar posteriormente. Nunca a amortização de empréstimo bancário foi tão procurado como hoje em dia!
Taxas mistas no empréstimo bancário poderão ser a solução em Portugal
Em suma, existe outra opção que pode ser boa para compradores, que estão mais preocupados com a situação atual. Mas que não querem perder as boas condições que as taxas variáveis podem oferecer, principalmente no longo prazo. Assim, falamos do conceito de taxas mistas. Algo que, até ao momento, nem sequer estava presente nas opções de contrato perante os Bancos nacionais.
“A maioria das pessoas ainda pede variável, mas já existe investidores e famílias que pedem opção mista. É possível pedir fixo por um determinado número de anos e durante esse período sabe que não haverá alteração, indo para a variável de seguida”, informou o especialista do mercado imobiliário que foi consultado.