Fundado na década de 80, o grupo de hackers Cult of the Dead Cow descreve-se em seu site como o mais longevo grupo do submundo dos computadores, brinca que se trata de um grupo amplamente reconhecido como o dos melhores a caminhar sobre a face da terra. Mas cita também uma opinião sobre o grupo atribuída ao jornalista e apresentador Geraldo Ribera: “um bando de doentes”.
Influente no mundo da segurança cibernética, o grupo, que nega serem seus membros hackers do tipo black hat (hackers criminosos, nos quais as pessoas geralmente pensam ouvem falar de hackers), é um dos líderes no desenvolvimento de ferramentas para proteção da privacidade e da segurança dos internautas.
Protocolo para rede social é novo lançamento do grupo de hackers Cult of the Dead Cow
A mais recente das contribuições ou tentativas de contribuição do Cult of the Dead Cow à proteção dos dados dos internautas é o Veilid, que uma matéria recente do jornal Washington Post descreveu como o lançamento mais relevante do grupo na última década.
Trata-se de um protocolo de comunicações distribuído de código aberto e dotado de criptografia de ponta a ponta que foi desenvolvido por um esforço sem fins lucrativos liderado por membros do Cult of the Dead Cow.
Entre os quais se destaca o cientista da computação Christien Rioux, também conhecido pelo apelido Dildog, que escreveu a esmagadora maioria do código. Rioux é um dos fundadores e principal detentor de patentes da firma de segurança de software Veracode.
Para que serve o Veilid?
O site do projeto Veilid informa que o protocolo foi criado porque, até agora, as únicas maneiras, além de manter-se off-line, de escapar da internet pesadamente comercializada e da transformação do usuário e de seus dados em mercadorias, eram demasiadamente técnicas para o usuário comum, o que é injusto.
A equipe do Veilid afirma acreditar que as pessoas deveriam poder aprender, construir, criar e formar relações online sem serem transformadas em mercadoria. Portanto, esse é o motivo para a criação de uma opção fácil de usar, independentemente da habilidade técnica do usuário, de devolver a este o controle sobre seus dados e privacidade.
Desenvolvedores poderão criar aplicativos de comunicação com base no protocolo Veilid, permitindo que os usuários possam se comunicar entre si sem que suas mensagens sejam lidas por terceiros. Para demonstrar as possibilidades do Veilid, a equipe do projeto criou com base nele um aplicativo chamado Veilid Chat.
Devido ao caráter distribuído do protocolo Veilid, os usuários estarão fazendo downloads de dados uns dos outros em vez de um servidor central. Algo parecido acontece, por exemplo, com o uso do programa de distribuição de arquivos BitTorrent. Quanto mais dispositivos estiverem conectados, mais agilmente o aplicativo deverá funcionar.
Junto com outro membro do Cult of the Dead Cow, Katelyn Bowden (apelido: Medus4), fará uma apresentação no primeiro dia completo de atividades da edição deste ano da DEF CON, uma das maiores e mais conhecidas convenções hackers.
Entre os mais 30 mil presentes esperados, estarão profissionais de segurança de computadores, pesquisadores, servidores públicos e advogados interessados na confluência entre as leis e a ciência da computação.
Falando ao Washington Post, Rioux fez uma analogia entre Veilid e Tor, software que disfarça o Endereço de Protocolo (IP) do usuário, permitindo que ele acesse sites de forma anônima. Ele disse que o Veilid faz basicamente o mesmo, mas, além de fazê-lo com aplicativos, é mais fácil de usar e mais compatível com dispositivos móveis.
Especialistas e hackers mostram empolgação com novo protocolo
Bowden afirmou que é raro que os internautas se deparem com um projeto online que não tenha interesse em coletar e vender seus dados. Para ela, o Veilid devolve aos usuários o controle sobre seus dados, dando-lhes o direito de decidir se permitem ou não que estes sejam usados por empresas. O objetivo, explicou, é permitir que internautas sem muito dinheiro, poder ou conhecimento especializado possam desfrutar da mesma segurança de que desfrutam aqueles que detêm essas vantagens.
Kish Strauser, engenheiro de software que lidera a segurança da Amino Health, plataforma de análises que ajuda empresas e indivíduos a navegarem o sistema de saúde americano, afirmou que Rioux e seus companheiros acertaram ao incorporarem, quando cabível, protocolos anteriores, já testados e aprovados, em vez de sucumbirem à tentação de tentarem fazer tudo do zero.
A Electronic Frontier Foundation é uma organização não governamental que defende as liberdades civis na internet, combatendo a censura e a vigilância ilegal e apoiando tecnologias que possam promover a liberdade online. Sua diretora-executiva, Cindy Cohn, julga ser ótimo haver quem esteja trabalhando em formas de facilitar o acesso à criptografia de ponta a ponta e superar o modelo de negócios baseado no monitoramento do usuário.
Veilid também deverá encontrar dificuldades
Apesar das vozes aprovadoras, o novo protocolo enfrentará algumas dificuldades para ser adotado largamente. Uma deverá ser o desinteresse de desenvolvedores e programadores.
Embora seja possível cobrar pelo uso dos aplicativos que venham a ser baseados no Veilid e pela exibição de publicidade neles, o protocolo, por vedar a coleta detalhada de dados dos usuários, inviabiliza o uso de anúncios sob medida dirigidos a diferentes segmentos.
Isso reduz sua utilidade para os anunciantes dos aplicativos baseados nele e, consequentemente, limita a receita que pode ser obtida com publicidade.
Outra questão complexa é o da moderação de conteúdos, por exemplo, de fake news e de discursos de ódio, tão comuns estes como aqueles em redes sociais como Twitter e Facebook. O tipo de criptografia do Veilid não permite que moderadores tenham acesso às mensagens. Por isso, por enquanto, o aplicativo criado com base no Veilid para demonstração permite que os usuários convidem seguidores específicos.
Alguns fatores, porém, favorecem a adoção de aplicativos de comunicação baseados no protocolo. Um deles é a crescente insatisfação com as redes sociais existentes, como Twitter e Facebook. Outro, a insatisfação de boa parte dos internautas com relação às intervenções online dos governos, que parecem estar ficando mais restritivas.
A matéria do Washington Post cita como exemplo dessa tendência a decisão do Legislativo da França de permitir à polícia ativar remotamente câmeras de dispositivos conectados online.
Outros exemplos citados de crescente intervencionismo estatal na internet são o uso pela polícia de mensagens enviadas pelo Facebook Messenger em investigações de abortos em estados americanos que restringiram recentemente a legalidade dessa prática.
E também um projeto de lei perto de ser aprovado no Reino Unido que exige que mensagens e atividades online possam ser monitoradas, inclusive com a inclusão de acessos nos programas que permitam que as autoridades contornem a criptografia se quiserem acessar informações.
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