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Alfas serão a maior geração da humanidade em 2025, e precisam entrar no radar das marcas com mais propriedade. É o que revela estudo da WSGN Mindset em parceria com Meio&Mensagem, que aponta as principais características dessa faixa populacional e sua relação com outros grupos consumidores.

A geração Alfa inclui pessoas nascidas entre 2010 e 2025 – a primeira geração totalmente nascida no século 21. Segundo a pesquisa, esse grupo deve contar com nada menos que 2,5 bilhões de pessoas em 2025. Estima-se que cerca de 2,8 milhões de Alfas nascem semanalmente. No Brasil, a geração Alfa representa 17% da população total.

Ou seja, esse é um grupo grande e que, por isso mesmo, tem forte impacto nas estratégias de marketing e consumo (e vai ter mais ainda, na medida em que for amadurecendo). Hoje, os primeiros representantes dessa geração estão na pré-adolescência, com 13 anos de idade.

Outro fator importante é que essas pessoas – apesar de muito novas para já ter completa autonomia para gastar – exercem grande influência sobre outras gerações com relação a decisões de compra.

Marketing reconhece potencial, mas não prioriza

Embora reconheçam o potencial da Geração Alfa, na prática, os líderes de marketing brasileiros ainda não estão dando tanta atenção a essa grupo, em suas estratégias de marketing e consumo.

  • 58% desses executivos ainda não consideram os Alfas em suas estratégias
  • Apenas 11% veem esse grupo como muito importante estrategicamente.
  • 25% planejam adaptar produtos e serviços para essa geração.

Vitor Coelho, consultor sênior da WGSN Mindset, afirma que esses dados preocupam porque “existem marcas desenvolvendo produtos que serão lançados no mercado em 2027. E, uma vez que serão lançados em 2027, é preciso olhar para os Alfas”.

Participaram da pesquisa 63 executivos, líderes de marketing em empresas que estão entre os principais anunciantes do Brasil. A ressalva feita pelos pesquisadores é que, apesar dos recortes geracionais ajudarem a entender melhor as diversas fases vividas pela humanidade, eles não são definidores absolutos de atitudes. Confira, a seguir, key insights do estudo.

Relação familiar

De acordo com o estudo, a geração Alfa se diferencia pelo protagonismo que exerce na família. A pesquisa destaca que, diante das novas e mais diversificadas configurações familiares, essa geração assume novos papeis simultaneamente.

“Ao mesmo tempo que aprendem e seguem ordens, também opinam e educam sobre diversos aspectos dentro de casa”, salienta o estudo. Consequentemente, são crianças e pré-adolescentes que desenvolvem mais precocemente um certo senso de autonomia e responsabilidade.

Relação com outras gerações

Com relação aos Millenials, a pesquisa sinaliza uma forte relação de interdependência e influência. Tanto que os Alfas também são chamados de mini-Millenials.

Esse grupo aprende muito com a família e também influencia esse núcleo. Dado citado no estudo revela que 81% dos pais e mães da geração Alfa dizem que seus filhos e filhas influenciam suas ações e decisões de consumo. Um dos impactos que os Alfas exercem é uma maior conscientização dos parentes sobre a preservação ambiental.

No que diz respeito à Geração Z, há, naturalmente, uma maior identificação com relação a hábitos e preferências – pela proximidade com relação à idade. Mas existem, naturalmente, alguns contrastes. Entre eles estão:

  • 43% dos Alfas têm mais probabilidade que a Geração Z de compartilhar suas visões e opiniões
  • 74% dos Alfas preferem sair/se exercitar ou usar menos tecnologia para auxiliar na saúde mental.
  • 51% da geração Z pratica autocuidado, com atividades como pintar unhas ou fazer skin care como forma de se mimar, 2 vezes mais que os Alfas.

Além disso, se observa uma certa competição entre esses dois grupos. Isso se dá, segundo os pesquisadores, porque a geração Alfa começa a construir seu espaço como a geração mais moderna, retirando a geração Z desse posto.

Por fim, o estudo aborda a relação entre Alfas e Geração X. Aqui, a previsão é de que de, embora os Alfas assumam a responsabilidade pela educação tecnológica da família, eles reconhecerão a sabedoria dos Boomers e buscarão resgatar sua ancestralidade. Tanto em casa como no ambiente de trabalho.

Relação com o mundo

Antes de qualquer coisa, a pesquisa aponta contextos em que a Geração Alfa é pioneira no mundo. No campo profissional, 65% dos Alfas vão ter trabalhos e empregos que não existem hoje.

Esse grupo representa, ainda, a primeira geração phygital-first, ou seja, que vive na interseção entre os mundos digital e físico.

Por fim, essa geração é a primeira a enfrentar a chamada “permacrise”, um estado perene de crise, incluindo guerras, emergência climática e colapsos financeiros, entre outros problemas.

Isso tudo já é, e continuará sendo, vivenciado pela Geração Alfa por meio da hiperconectividade – que tanto traz pontos positivos como negativos a esse contexto.

Os pesquisadores destacam que se trata de uma geração muito inteligente, por vivenciar ambientes com constantes estímulos visuais, sonoros e interativos. Porém, essa hiperestimulação pode impactar negativamente o desenvolvimento de habilidades como concentração e paciência.

Outro ponto salientado pelo estudo é como essa geração pode mudar para melhor a relação da humanidade com a tecnologia, ao longo do desenvolvimento da Web3. Há uma perspectiva otimista no sentido de que, ao lidar melhor com a hiperconectividade, os Alfas possam procurar construir uma Web3 mais acolhedora, descentralizada e colaborativa.

De olho nos Betas

Atualmente se considera cinco grupos de consumidores: Boomers (nascidos entre 1945 e 1964), X (nascidos entre 1965 e 1981), Millenials (nascidos entre 1982 e 1994), Z (nascidos entre 1995 e 2010) e Alfas (nascidos entre 2010 e 2025).

Mas consultorias e marcas já estão de olho na próxima geração, os Betas, com pessoas nascidas entre 2025 e 2040. A WGSN ressalta que essa será a primeira geração a crescer em um ambiente de inteligência artificial.

“Um mundo artificialmente inteligente será o único que os Betas conhecerão, moldando as suas vidas profissionais e pessoais nas próximas décadas”, destaca análise da consultoria sobre o grupo.

Uma vez que 90% dos conteúdos online poderá ser gerado por IA até 2026, a reflexão que a consultoria faz é a seguinte: será que os Betas passarão a vida à procura da realidade? Aguardemos.

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