Deixar dinheiro na poupança pode ser uma boa escolha para quem busca segurança, liquidez imediata e simplicidade, principalmente para valores menores e metas de curto prazo.
No entanto, para quem busca rentabilidade maior e tem um horizonte de investimento mais longo, pode valer a pena explorar outras opções de investimento.
Adiante, vamos conhecer melhor este tipo de investimento tão utilizado pelos brasileiros, passando por sua origem, objetivos, e alternativas a ele.
Deixar dinheiro na poupança é uma prática antiga dos brasileiros
A Caderneta de Poupança é uma aplicação financeira bastante tradicional e popular no Brasil. Sua história remonta 1861, ano da criação desse modelo de aplicação por por Dom Pedro II. Por isso, trata-se da forma oficial de aplicação mais antiga do país.
Desde sua criação, a poupança desempenhou um papel importante na sociedade brasileira. Por exemplo, a partir de 1872, a poupança passou a aceitar depósitos de escravos, que utilizavam essa modalidade de investimento como uma maneira de acumular dinheiro para comprar suas alforrias.
A popularidade da poupança permaneceu alta ao longo dos anos. Ganhou popularidade como um investimento seguro e sólido, especialmente entre os brasileiros de mais idade.
Em 1983, o rendimento da poupança chegou a alcançar valores significativos. Embora diminuiu ao longo das décadas. Hoje já não parece tão atraente assim. Em novembro, a taxa Selic está em 12,25% ao ano. Desta forma, a rentabilidade da poupança é de 0,5% ao mês + Taxa Referencial. O que significa um rendimento anual de 8,26% ou cerca de 0,6061% ao mês.
Mesmo com a diminuição dos rendimentos, a poupança continuou sendo uma opção atrativa para muitos, devido à sua simplicidade e segurança.
A Caderneta de Poupança hoje
Em 2020, a poupança registrou uma captação recorde de R$ 166,31 bilhões, o que indica que continua sendo uma opção de investimento popular entre os brasileiros.
A Caixa Econômica Federal é o banco com a maior participação no mercado de poupança, com cerca de 40%. A CEF oferece várias modalidades de poupança para atender a diferentes públicos.
A poupança é normalmente vista como uma forma de “reserva de emergência”. E, embora seu rendimento seja baixo em comparação com outros investimentos, tem a preferência daqueles já acostumados ao modelo.
O método de rendimento da poupança mudou em 2012, dividindo-a entre o antigo e o novo método de rendimento, como veremos a seguir.
Como funciona o rendimento da Caderneta de Poupança?
A Caderneta de Poupança é uma categoria de conta bancária que permite guardar dinheiro e receber juros sobre o montante aplicado. Por isso, pode ser utilizada tanto como um investimento de renda fixa quanto para movimentações financeiras diárias.
O rendimento da poupança é regulado pela Taxa Selic, a taxa básica de juros do Brasil. Quando a Taxa Selic é igual ou menor que 8,5% ao ano, o rendimento da poupança é de 70% da Taxa Selic mais a Taxa Referencial (TR).
Se a Taxa Selic for maior que 8,5%, o rendimento da poupança será de 0,5% ao mês mais a TR, o que corresponde a 6,17% ao ano mais a TR . Em 2023, a Taxa Selic iniciou o ano em 13,75%, mantendo o rendimento da poupança em 0,5% ao mês mais a TR.
O que seria a Taxa Referencial?
A Taxa Referencial é um índice econômico utilizado no Brasil que influencia diversos tipos de operações financeiras, incluindo a remuneração da caderneta de poupança.
Tradicionalmente, a TR servia como referência para a correção de valores em diversas aplicações e empréstimos.
A TR pode variar diariamente e é calculada pelo Banco Central com base nos juros das Letras do Tesouro Nacional. Nos últimos anos, a TR tem se mantido em níveis muito baixos, chegando frequentemente a zero.
Isto significa que em muitos períodos a poupança tem seu rendimento mais atrelado ao percentual da Selic do que à própria TR.
A TR, portanto, é um componente mais técnico e menos perceptível no cálculo do rendimento da poupança, especialmente em um cenário de taxas de juros mais baixas.
Deixar dinheiro na poupança não incorre em taxas
A poupança também é isenta de taxas ou quaisquer despesas, o que significa que os bancos não podem cobrar taxas de manutenção, administração ou de performance do cliente.
Além disso, quem utiliza a poupança não precisa pagar Imposto de Renda sobre os rendimentos, embora esses rendimentos devam ser declarados no IR se os recursos aplicados forem iguais ou maiores a R$ 140,00 .
A liquidez da poupança é uma de suas características marcantes, permitindo que o resgate dos recursos seja feito de forma rápida e sem burocracia. Após resgatar o valor, o usuário deve ter o dinheiro em sua conta corrente de imediato, proporcionando o que se conhece como liquidez diária .
A Caderneta de Poupança é protegida pelo Fundo Garantidor de Crédito
O Fundo Garantidor de Crédito (FGC) é uma entidade privada, não governamental, que desempenha um papel crucial na estabilidade do sistema financeiro brasileiro.
Sua principal função é proteger correntistas, poupadores e investidores, garantindo depósitos ou créditos mantidos em instituições financeiras, até um certo limite, em caso de falência, intervenção ou liquidação extrajudicial dessas instituições.
O limite de garantia atual é de até R$ 250.000 por CPF e por instituição financeira, com um teto de R$ 1 milhão a cada quatro anos por investidor, proporcionando uma significativa segurança para pequenos e médios investidores.
Isso significa que, se uma instituição coberta pelo FGC declarar insolvência, o fundo assegura o reembolso dos valores depositados ou investidos dentro desse limite.
O FGC abrange uma série de produtos financeiros, incluindo contas correntes, poupanças, Certificados de Depósito Bancário (CDBs), Recibos de Depósito Bancário (RDBs), Letras de Crédito Imobiliário (LCIs), Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs), entre outros.
Por que deixar dinheiro na poupança não é mais tão vantajoso hoje?
Deixar dinheiro na poupança já foi uma das formas mais populares de poupar e investir no Brasil, e para muitas pessoas, continua sendo a única interessante.
Entretanto, atualmente, essa opção tem perdido seu atrativo por diversos motivos.
Baixo rendimento
A principal desvantagem da poupança é seu rendimento historicamente baixo em comparação com outras opções de investimento, inclusive o Tesouro Direto.
Como foi comentado, com a reformulação de sua remuneração em 2012, a poupança passou a render 70% da taxa Selic mais a Taxa Referencial, quando a Selic é igual ou menor que 8,5% ao ano.
Ou seja, em períodos de Selic baixa, como ocorreu no período de 2019 a 2021, o rendimento da poupança fica ainda mais reduzido.
O Tesouro Selic é mais seguro e ainda rende mais
Devido à falta de educação financeira por parte da maioria da população brasileira, muitos ainda acreditam que a Caderneta de Poupança é o investimento mais seguro de todos.
Entretanto, apesar de ser extremamente seguro e protegido pelo FGC, o título do Tesouro Selic ainda sai vitorioso quando o assunto é segurança.
Se pararmos para analisar, os títulos do Tesouro Direto são emitidos pelo próprio governo, que é o responsável por produzir a moeda nacional e por englobar todo o sistema financeiro nacional.
Então, naturalmente, além de abarcar a Caderneta de Poupança, o Tesouro Direto acaba sendo o último da “cadeia de risco”, sendo, portanto, a opção mais segura disponível.
Além disso, os título do Tesouro Selic, formalmente chamados de Letras Financeiras do Tesouro (LFT), rendem a própria taxa Selic vigente. Portanto, como a poupança rende sempre uma parcela da taxa Selic, ele sempre ficará “atrás” do Tesouro Selic.
A inflação brasileira é o maior inimigo da Caderneta de Poupança
Um dos grandes desafios para os investidores é garantir que seus investimentos não apenas cresçam nominalmente (valor aparente), mas também superem a inflação. Isso garante que seu poder de compra aumente proporcionalmente.
A poupança muitas vezes falha em vencer a inflação, o que significa que, apesar de o valor nominal investido aumentar, o seu poder de compra pode diminuir com o tempo.
Isso se dá porque o rendimento da poupança, além de ser um dos mais baixos do mercado, também não está atrelado a nenhum índice inflacionário (IPCA, IGPM, entre outros).
Títulos de renda fixa pós-fixados que são atrelados à inflação tendem a proteger o poder de compra do investidor. Eles garantem que a inflação do período será incorporada ao valor do título.
Este não é o caso da Caderneta de Poupança, que rende apenas uma parcela da taxa Selic e, consequentemente, pode não vencer a inflação em períodos mais turbulentos.
Falta de flexibilidade
Embora a poupança seja um investimento de fácil entendimento e baixo risco, ela não oferece a mesma flexibilidade e diversificação que outras opções de investimento.
Por exemplo, fundos de investimento, CDBs, e até mesmo alguns títulos do Tesouro Direto podem oferecer melhores rendimentos com segurança semelhante ou maior.
Como não existe solução universal no mundo dos investimentos, a metodologia da poupança dificilmente será útil para todos da mesma forma.
Com o avanço do mercado financeiro, especialmente com a popularização das plataformas de investimento online, investidores têm à disposição uma gama muito mais ampla de opções.
Investimentos em renda fixa como CDBs, LCIs, LCAs e fundos DI, além de outras modalidades como ETFs e fundos de ações, podem oferecer melhores retornos para diferentes perfis de risco.
Por isso, dependendo da situação e dos objetivos de cada investidor, talvez seja mais adequado alocar o capital em outras modalidades.
Quais são algumas alternativas para evitar deixar dinheiro na poupança?
As alternativas de investimento à tradicional caderneta de poupança são diversas, especialmente considerando os diferentes perfis de risco e objetivos dos investidores.
Opções na Renda Fixa
Para os investidores que possuem um perfil de risco mais conservador e querem algo um pouco mais seguro, porém mais rentável, que a Caderneta de Poupança, os produtos de Renda Fixa podem ser uma boa alternativa.
- Tesouro Direto: Investir em títulos públicos é uma opção segura e acessível. Oferece liquidez diária e a segurança de um investimento garantido pelo Governo Federal. Existem diferentes tipos de títulos disponíveis, como o Tesouro Selic, Tesouro IPCA+ e Tesouro Prefixado, atendendo a diferentes perfis e prazos de investimento.
- Certificados de Depósito Bancário (CDBs): São títulos emitidos por bancos para financiar suas atividades. Eles oferecem rentabilidades atrativas, geralmente atreladas ao CDI, e a segurança do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) até um determinado limite.
- Renda Fixa privada: Inclui Debêntures, Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCA). Esses títulos têm a vantagem de, muitas vezes, oferecer isenção de Imposto de Renda (no caso das LCIs e LCAs) e diversificar os investimentos fora do setor bancário.
Opções na Renda Variável
Já os investidores que estão dispostos a se expor a um risco maior em troca de mais rentabilidade, as opções na renda variável podem ser bastante atrativas.
Fundos de Investimento: Oferecem diversificação, gestão profissional e facilidade de investimento. Existem fundos para todos os perfis, desde os mais conservadores, como os fundos de renda fixa, até os mais arrojados, como fundos de ações ou multimercados.
- Ações: Para quem tem um perfil mais arrojado, o mercado de ações pode ser uma alternativa para buscar maiores rentabilidades. Investir em ações envolve comprar participações de empresas listadas na bolsa de valores, e o retorno vem na forma de valorização das ações e/ou dividendos.
- Fundos Imobiliários (FIIs): São uma opção para investir no mercado imobiliário sem comprar imóveis diretamente. FIIs são fundos que investem em propriedades reais ou títulos imobiliários, e o retorno ao investidor vem na forma de aluguéis distribuídos mensalmente.
- Exchange Traded Funds (ETFs): São fundos de investimento em negociação na bolsa de valores como se fossem ações. Eles oferecem diversificação e praticidade, pois cada cota de um ETF representa uma carteira diversificada de ativos.
Considerações finais
Ao avaliarmos a trajetória da caderneta de poupança no Brasil, fica claro que ela tem sido um dos investimentos mais populares e tradicionais.
Entretanto, a realidade atual do mercado financeiro apresenta novos desafios e oportunidades que colocam em xeque a vantagem de manter recursos nessa modalidade.
Ao compreender o funcionamento do rendimento da poupança, torna-se evidente que as baixas taxas de retorno não estão mais alinhadas às expectativas de investidores. Importante não esquecer a correlação com a Taxa Selic e a Taxa Referencial (TR)
Isto se torna um empecilho ainda maior para aqueles que buscam uma melhor performance para suas economias. Principalmente em um cenário de inflação crescente e maior consciência financeira.
Portanto, ao explorar o universo dos investimentos, descobrimos que existem opções mais rentáveis e igualmente seguras. E que podem, inclusive, se adequar melhor dependendo do perfil e dos objetivos de cada indivíduo.
Assim, podenre a decisão de manter dinheiro na poupança ou migrar para outras formas de investimento. Primeiramente, levando em conta não só a rentabilidade, mas também as necessidades individuais de liquidez e risco.