Em meio à maior crise cambial das últimas décadas e a uma disparada da inflação, o eleitorado argentino foi às urnas escolher um novo presidente no último domingo (22).

Após uma disputa acirrada, a escolha do novo presidente da Argentina será decidida no 2º turno, que acontece no dia 19 de novembro.

O candidato Sergio Massa terminou na frente nas eleições com 36,2% dos votos. Ele vai disputar a presidência com Javier Milei, que obteve 30,19% dos votos e era o líder nas pesquisas de intenção de voto.

Em terceiro lugar ficou a candidata Patricia Bullrich, com 23,82%, seguida por Juan Schiaretti, com 7% e Myriam Bregman, com 2,66% dos votos.

Quem são os candidatos que disputarão o 2º turno

Sergio Massa, do partido peronista União pela Pátria, é o atual ministro da Economia da Argentina. Político experiente, o advogado conquistou as primárias de seu partido depois da terceira tentativa. Massa também já foi presidente da Câmara dos Deputados.

Vale ressaltar que Massa não foi responsabilizado pela crise atual na Argentina, apesar de ter assumido a pasta da Economia há um ano, já diante de um descontrole cambial. “Ele ficou mais identificado como uma espécie de bombeiro, alguém confiável para tocar o barco quando a coisa sai de controle”, avalia a pesquisadora Miriam Saraiva.

Javier Milei, autodenominado “anarcocapitalista”, é da coalizão conservadora La Libertad Avanza, e se coloca como representante de um liberalismo extremo. Entre suas propostas estão a redução drástica de subsídios e do aparato estatal. Num discurso com idas e vindas, ele já propôs o fechamento do Banco Central, a saída do Mercosul e a dolarização da economia, medida vista como inviável por economistas menos radicais.

Ele passou a ganhar notoriedade ao começar a dar uma série de entrevistas polêmicas e se elegeu deputado em 2021. Nas primárias, foi o candidato mais votado, com cerca de 30% dos votos.

Argentina enfrenta a maior crise cambial das últimas décadas

A situação econômica na Argentina vem enfrentando meses de problemas econômicos. Às vésperas das eleições enfrentou uma piora, com uma significativa valorização do dólar.

Logo após as eleições primárias, com a vitória de Javier Milei, a moeda local sofreu uma desvalorização, aumentando o câmbio oficial em 22%, o que resultou em um valor de 365 pesos por dólar na taxa oficial.

Enquanto isso, o chamado “dólar blue”, no mercado paralelo, teve uma valorização ainda mais acentuada, subindo de 600 pesos por dólar em agosto para mais de 1.000 pesos no início de outubro.

Nos dias que antecederam a eleição, o dólar blue teve uma ligeira queda, chegando a 900 pesos. Os argentinos reduziram suas transações, aguardando para ver o que acontecerá após as eleições.

Além disso, a inflação também aumentou durante esses meses de campanha, atingindo a marca de 138% ao ano, de acordo com a divulgação mais recente, realizada em 12 de outubro. Desde o início do ano, o preço dos alimentos subiu mais de 150%.

Como o resultado pode afetar o Brasil

Contudo, a principal preocupação entre analistas e o governo brasileiro tem relação com os planos do candidato Javier Milei. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, admitiu na última semana, que uma eventual vitória do economista ultraliberal seria preocupante.

“É natural que eu esteja [preocupado]. Uma pessoa que defende a ruptura com o Brasil, uma relação que foi construída ao longo de séculos, preocupa. É uma preocupação natural. Isso preocuparia qualquer um… Porque geralmente nas relações internacionais, não se ideologiza a relação”.
– afirmou Haddad em uma entrevista à agência Reuters.

Por fim, o candidato, que obteve 30,19% dos votos, já declarou que pretende limitar o comércio com o Brasil. Além disso também disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) era um “comunista raivoso” de um “socialista com vocação totalitária”.

Durante sua campanha, Javier Milei fez promessas radicais que incluem o rompimento com parceiros comerciais, a substituição do peso argentino pelo dólar norte-americano e a extinção do Banco Central local, entre outras.

Fonte: Agência Bras

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