Fan tokens ou tokens de torcedor são um tipo de utility token, ou token de utilidade.
Em vez de serem concebidos para os papéis de reserva de valor ou de meio para realização de pagamentos, eles têm aplicações mais específicas, como permitir o acesso de seus detentores a algum tipo de serviço ou produto.
Os fan tokens podem permitir que os torcedores participem de decisões, por exemplo, sobre designs de uniformes ou homenagens a ídolos do clube.
Além disso, permitem que concorram a prêmios, recebam mercadorias assinadas por atletas ou participam de eventos VIP, entre outras recompensas.
Na prática, podemos considerar o fan token como uma versão hi-tech do tradicional programa sócio-torcedor.
O investimento em criptoativos pode não ser adequado para investidores novatos, que podem perder o total do valor investido.
Clubes se inspiraram no mercado de ações para lançar os fan tokens
O período de introdução de um fan token é chamado FTO (Fan Token Offering, oferta de fan token em inglês) por analogia com IPO (Initial Public Offering, oferta pública inicial, em inglês), quando uma empresa abre o capital e oferece suas ações ao mercado pela primeira vez, e ICO (Initial Coin Offering, oferta de moeda inicial, em inglês), quando uma empresa introduz uma criptomoeda no mercado, a qual ela pode usar com fonte de financiamento.
Os clubes lucram com a emissão e a venda dos tokens, geralmente realizada em parceria com uma empresa responsável por lidar com as questões técnicas.
Eles também podem usar sua parte do dinheiro para realizar contratações, comprar equipamentos, zelar pelas instalações, entre outras necessidades.
Embora não seja sua função primária, os fan tokens podem ser negociados por seus detentores e valorizar-se com a passagem do tempo e com as notícias relacionadas a seu emissor.
Nesse aspecto, são como outras criptomoedas ou, aliás, ativos de modo geral. Ademais, o fato que são tokens de utilidade confere-lhes certo valor intrínseco básico.
Fan tokens já fazem sucesso fora do Brasil
Entre as equipes estrangeiras que lançaram fan tokens estão Barcelona, Juventus, Atlético de Madrid, Paris Saint-Germain e o BWF Alpine F1 Team, equipe de Fórmula 1.
Em abril deste ano, treze equipes da NFL, a liga estadunidense de futebol americano, fecharam um acordo com a empresa Sócios.com, uma plataforma de fan tokens, o que pode levar à emissão de tokens em nome deles.
Entre as equipes esportivas brasileiras, já emitiram fan tokens, por exemplo, o Flamengo, Santos, Atlético Mineiro, Corinthians e Coritiba.
Vale a pena investir em fan tokens?
Depende do que se deseja deles e de qual é o perfil de risco do investidor. Como explicado acima, a utilidade primária dos fan tokens não é como investimento, embora possam se valorizar. Como costuma acontecer com as cotações de criptomoedas, as dos fan tokens são voláteis.
O investimento é tido como de alto risco. É também importante que os investidores estejam atentos a riscos, como manobras em que o clube vende uma certa quantidade de títulos na oferta inicial e, mais tarde, ele e o seu parceiro vendem uma quantidade maior no mercado secundário, empurrando para baixo a cotação.
Em quais tokens ficar de olho?
Mais uma vez, depende do que se deseja com os tokens. Para quem quer influenciar as decisões de um clube ou, por ser torcedor, quer ajudar a financiá-lo, pouco adianta comprar tokens de outro, não importa quão generosas sejam as recompensas.
Se estiver interessado em comprar fan tokens do time pelo qual torce, procure saber quais são os benefícios oferecidos e de quais seus detentores têm efetivamente desfrutado (em que decisões puderam influenciar, de que eventos puderam participar, a que mercadorias tiveram acesso e sob que condições, etc.).
Alguns fan tokens que podem interessar do ponto de vista do emissor:
PSG (Paris Saint-Germain)
O clube parisiense mais bem-sucedido do futebol francês tem um fan token, o PSG, baseado no blockchain do Ethereum.
Entre outros benefícios, a posse dele dá direitos como votar no destaque da partida e no gol da temporada e ter a chance de receber mercadorias assinadas por craques ou participar de eventos especiais. Sua capitalização está em 20 milhões de dólares.
ALPINE (Alpine F1)
ALPINE é o fan token da BWF Alpine F1 Team, construtor de Fórmula 1. O nome do construtor, que pertence à fabricante de automóveis francesa Renault, é produto de uma parceria com a empresa de tratamento de água austríaca BWT e do desejo da Renault de promover sua marca de carros Alpine.
Alpine, um fan token baseado na Binance Smart Chain, é o que tem a maior capitalização de mercado, superior a 35 bilhões de dólares.
SANTOS (Santos FC)
Baseado na Binance Smart Chain, o SANTOS permite que os detentores participem de votações para, por exemplo, a escolha da mensagem na braçadeira do capitão.
Com cerca de 15 milhões de dólares em capitalização, é, segundo esse critério, o maior token de clube brasileiro.
CITY (Manchester City)
Um dos times de futebol mais bem-sucedidos e conhecidos do globo, o Manchester City tem um token, o CITY, com capitalização de mercado de quase 20 bilhões de dólares.
A posse do CITY dá direito a participar de certas decisões, participar de alguns eventos especiais e adquirir produtos especiais ligados ao Manchester City.