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Junho deste ano foi o pior mês do Ibovespa desde o começo da pandemia. No decorrer dele, o principal índice acionário brasileiro caiu mais de 11%. O mês seguinte, julho, contudo, assistiu à sua elevação em 4,69%. Uma questão se impõe, portanto: o momento é bom para entrar na Bolsa?

Como os movimentos da Bolsa são difíceis de prever, mesmo no mais tranquilo dos tempos, ficamos no terreno das hipóteses, que serão confirmadas ou refutadas pela realidade, a autoridade final em assuntos de investimentos. O melhor que se pode fazer é tomar uma decisão com base em quão provável cada uma das possibilidades e quais são suas consequências.

A decisão terá de levar em conta fatores como a tolerância do investidor ao risco e seus objetivos. Se ele pretende praticar especulação em vez de investir, trata-se de algo que exige um timing muito bom, o que é difícil de conseguir mesmo sob as melhores das circunstâncias. E isso é ainda mais complicado no tempestuoso ambiente político e econômico do momento.

Vale lembrar também que o investimento em ações é de nível de risco consideravelmente elevado mesmo em momentos mais tranquilos que o atual. Há motivos para acreditar que, apesar da alta que ele teve no mês de julho, o Ibovespa não vá manter uma trajetória ascendente durante o resto do ano.

Eleições e inflação ainda devem influenciar bastante o desempenho do Ibovespa no ano

Entre os fatores que parecem conspirar contra a valorização das ações de modo geral, estão as tensões de uma campanha eleitoral que promete ser agitada e as esperadas altas da taxa Selic com a finalidade de combater a inflação.

A possibilidade de recessão nos Estados Unidos e o risco de novos lockdowns na China também são espectros rondando o desempenho de muitas das mais importantes empresas.

Assim sendo, a resposta para a questão sobre se o momento é bom para entrada na Bolsa devido à alta do Ibovespa em julho é que, pensando em curto prazo, com uma mentalidade de day trade, provavelmente não é.

Claro, é possível que fatores imprevistos colaborem para um mercado acionário em alta e que as más notícias vindouras já estejam, em larga parte, precificadas. Ainda assim, o caminho à frente provavelmente será bastante acidentado.   

Mesmo que a Bolsa, de modo geral, não suba, não quer dizer que ações específicas não possam ser investimentos interessantes seja porque, no médio e no longo prazo, as empresas que representam têm boas perspectivas de crescimento, seja porque quedas recentes colocaram suas cotações abaixo do que os fundamentos dos negócios justificam.

Empresas do Ibovespa que merecem ser analisadas com carinho

A VALE3 (Vale S.A.) é um exemplo de ação em cuja valorização muitos analistas acreditam. Ela acumula perdas de quase 11% neste ano, mas o preço do minério,  que, acredita-se, continuará elevado por algum tempo, deve favorecer a receita da mineradora e pode atrair interesse dos investidores, valorizando o papel.

É verdade que o desaquecimento das economias das principais economias industriais, como Estados Unidos e China, oferece risco de degradação das perspectivas de exportadoras de commodities como a VALE S.A.

Outro exemplo de ação a que os analistas têm prestado atenção é a SUZB3 (Suzano SA). Embora acumule baixa de quase 20% neste ano, tem a seu favor fatores como o fluxo perene de caixa da empresa e boas perspectivas de crescimento a médio e longo prazos. Além disso, a desvalorização do papel neste ano pode tê-lo deixado barato em relação aos fundamentos da companhia.

Enfim, não há, no momento, muitos motivos de otimismo no curto prazo para com a Bolsa de modo geral, mas o investimento em ações específicas pode se provar recompensador, especialmente para quem está interessado em um horizonte de tempo mais longo.

Desse modo, os holders podem estar diante de uma oportunidade ímpar, pois há muito tempo que não se via as empresas do Ibovespa sendo negociadas a múltiplos tão baixos.

E o maior fator de destaque é que isso não reflete o momento atual das empresas, que, em muitos casos, estão com endividamento saudável e boa geração de receita. Sendo assim, para quem pensa no longo prazo o momento é de comprar ações, o máximo que conseguir.

Além disso, é importante que os investidores não se esqueçam dos riscos inerentes ao investimento na Bolsa e busquem diversificar seus portfólios de investimentos.

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