A previsão de uma “recessão branda” para os Estados Unidos ainda neste ano foi apresentada por economistas do banco central americano aos membros do comitê da instituição que decide a taxa de juros do país. O Federal Open Market Committee se reuniu em fins do mês passado.
Além disso, o Fundo Monetário Internacional (FMI) acredita que a economia mundial sofrerá um declínio de crescimento, especialmente nas nações mais ricas.
Recessão preocupa investidores cripto
Tendo em vista as citadas predições, é natural que os investidores do mercado cripto se perguntem como uma recessão afetará as cotações das criptomoedas e o que eles devem fazer.
Colaborando para intensificar a ansiedade, há a recente volatilidade do Bitcoin, que, em 11 de abril, finalmente passou do patamar dos US$ 30 mil dólares.
Contudo, apenas 10 dias depois, já estava pouco acima dos US$ 27 mil dólares e, quando este artigo foi concluído, estava cotado a cerca de US$ 28300 dólares.
Recentemente, o site BeInCrypto, especializado em criptomoedas, tratou da questão, ouvindo especialistas sobre o que eles esperam para Bitcoin e Ether no decorrer deste ano. Lembrando que estas são, respectivamente, a maior e a segunda maior criptomoeda em valorização de mercado.
Confira a opinião de alguns especialistas sobre o Bitcoin a curto prazo
Yaroslav Ivanov, cofundador da ALTA, empresa dedicada ao fornecimento de soluções em blockchain, acredita que os investidores devem ser cautelosos e não se deixarem levar excessivamente pelo desempenho do mercado no começo do ano – especialmente do Bitcoin, que já em janeiro se valorizou quase 40%.
Para ele, é improvável que o Bitcoin chegue aos US$ 40 mil em 2023, embora ressalte que uma possível queda de cotação da criptomoeda pode ser uma oportunidade valiosa para adquiri-la antes de futuras valorizações.
Outro especialista ouvido pelo BeInCrypto foi Denis Trapezenko, analista da Vekus Mining Development, operadora de data center para mineração de criptomoedas.
Ele credita que, até o começo de 2024, a cotação do Bitcoin permanecerá em níveis parecidos com os atuais, embora a curto prazo possa vagar entre os US$ 19.500 e os US$ 49 mil.
O site também citou a opinião de Raoul Pal, o CEO do Real Vision Group, que já predisse que o Ethereum chegaria aos US$ 20 mil de cotação ainda neste ano.
Michael van de Poppe, fundador e CEO da plataforma de educação em cripto Eight e trader, acredita que os próximos meses verão o Ethereum ocupando a faixa que vai de US$ 2.700 e US$ 3.000.
Vale ressaltar que, no momento em que este artigo foi completado, estava cotado a pouco mais de US$ 1.874.
Postura do FED deve influenciar bastante o mercado cripto nos próximos meses
É preciso ter em mente que o comportamento do banco central americano provavelmente terá grande importância na definição dos rumos do mercado de criptomoedas nos próximos meses.
Pouco depois da última reunião do FOMC, era consenso no mercado que a escalada de alta dos juros viria a ser interrompida por algum tempo. Isso devido à necessidade de conter a crise bancária, agravada pela perda de valor de ativos acumulados pelos bancos com sucessivas altas de juros, e à ameaça de recessão.
No entanto, a percepção do mercado mudou. É considerado provável que haja pelo menos mais um aumento dos juros.
Pelo menos, é o que indica o CME FedWatch Tool (uma ferramenta que usa o mercado de futuros de papéis ligados aos juros americanos para estimar as expectativas do mercado com relação à próxima reunião do FOMC).
A escalada da taxa de juros iniciada no ano passado visando combater a inflação, que havia atingido patamares que não eram vistos nos Estados Unidos há décadas, foi brutal.
Ela é apontada como uma das causas do inverno cripto durante o qual criptomoedas como o Bitcoin e o Ethereum desvalorizaram-se fortemente.
Crise em outro banco americano está no radar dos investidores
Há, contudo, um fator interessante que surgiu recentemente: a ameaça de fechamento que pesa sobre o First Republic Bank, o qual anunciou uma redução de US$ 100 bilhões no nível de seus depósitos. Suas ações caíram mais de 50% em uma semana. O quadro pode caminhar para o fechamento da instituição pelas autoridades.
No começo da crise bancária americana, o mercado de criptomoedas foi abalado. O Bitcoin, por exemplo, sofreu considerável desvalorização. E a stablecoin USD Coin, que tinha reservas de seu lastro depositadas em um dos bancos que foram fechados, chegou a perder sua paridade com o dólar.
A situação, porém, começou a se estabilizar, então o Bitcoin valorizou-se e a USD Coin recuperou a equivalência com o dólar.
Diante disso, alguns entusiastas do setor cripto chegaram a usar os problemas do setor bancário americano como prova da superioridade das criptomoedas e exchanges sobre o setor financeiro tradicional.
Além disso, nomes importantes denunciaram haver parcialidade na cobertura da mídia, que criticava exchanges, como a Binance, por exemplo, enquanto ignorava problemas nos bancos.
Crise no setor bancário ainda é motivo de preocupação
Em um novo capítulo da crise bancária, as criptomoedas, especialmente as mais conhecidas como o Bitcoin e o Ethereum, poderiam ganhar valor e até agir como abrigos para capitais em fuga do setor financeiro tradicional em um momento de recessão.
Arthur Hayes, que foi CEO de BitMEX, exchange de derivativos de criptoativos, afirmou no Twitter que, se o governo não intervier para ajudar o First Republic Bank, pode ter início uma sequência de insolvências.
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But if $FRC fails, and depositors take an L. Then every other bank with the same issues, will go under shortly thereafter. The entire US banking system suffers from the same issues. Read Kaiseki to understand why in more detail.https://t.co/HgV35v1JyD— Arthur Hayes (@CryptoHayes) April 26, 2023
Para Hayes, o Bitcoin (e também o ouro) está se beneficiando da indefinição quanto à linha de ação que as autoridades americanas seguirão em resposta às dificuldades do First Republic Bank.
Se a crise do sistema financeiro tradicional aumentar e recessão acelerar, o Bitcoin pode se valorizar bastante
O site Zycrypto apontou dois dados sobre o comportamento do mercado para Bitcoin que podem ajudar a elucidar a situação.
Um deles é que as baleias (grandes detentores de uma criptomoeda) estão acumulando Bitcoin a uma taxa muito alta, enquanto investidores menores estão vendendo a criptomoeda.
Talvez (e é preciso enfatizar o “talvez”), as baleias saibam de algo de que as sardinhas (investidores pequenos) não sabem… ainda.
Outra informação divulgada pelo Zycrypto é que, mesmo depois da queda do Bitcoin para pouco mais de US$ 27 mil dólares, o MVRV, um indicador com bom histórico de predição do comportamento do Bitcoin, dá a entender que a criptomoeda ainda tem espaço para subir.
Um dos analistas da Santiment, empresa de análise de blockchains, afirmou haver boas chances de que o Bitcoin chegue aos US$ 45 mil dólares de cotação ainda neste ano.
Por fim, a aproximação do halving, evento a partir do qual é reduzido pela metade o ritmo de mineração de bitcoins, modificando a interação entre oferta e procura — que pode levar à valorização do Bitcoin, pode deixar o mercado relativamente otimista com as possibilidades de curto e médio prazo dessa criptomoeda.
O mais próximo halving está previsto para abril do próximo ano. Para um dos analistas da Bloomberg Intelligence (serviço de informações e análises da empresa Bloomberg), Jamie Douglas Coutts, até lá, o Bitcoin pode alcançar a cotação de US$ 50 mil dólares.
Conclusão
É impossível ter certeza quanto ao rumo que o mercado de criptomoedas tomará, uma vez que são muitos os fatores que podem influenciar as cotações de moedas digitais como o Bitcoin e o Ethereum.
Inclusive, fatores políticos, econômicos – como uma recessão, legais e tecnológicos, estão muitas vezes relacionados às percepções subjetivas de investidores, analistas e reguladores.
Portanto, prever a direção do mercado é muito difícil. Trata-se de uma classe de ativos relativamente nova e considerada altamente volátil, o que deve ser lembrado por aqueles que estiverem interessados em investir nela.
No entanto, uma análise das forças moldando o mercado, no curto e no longo prazo, podem ser úteis para dar ao investidor ou investidor em potencial um melhor entendimento da situação e dos desdobramentos que ela pode ter.
Isso, porém, não elimina a necessidade de que você ajuste cuidadosamente suas decisões de investimento a seus objetivos e ao seu grau de aceitação de risco.
Investimentos em renda variável envolvem operações de alto risco e podem não ser indicados para novatos.
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