As ações das maiores empresas americanas do setor de tecnologia, as chamadas Big Techs, acumulam fortes desvalorizações neste ano. O Nasdaq Composite, principal índice da Nasdaq, Bolsa de Valores que concentra ações de empresas de tecnologia e comunicação, caiu mais de 30% em 2022.
Meta foi a big tech que mais sofreu no ano até aqui
Neste ano, as ações da Meta, empresa que possui as redes sociais Facebook, Instagram e WhatsApp, desvalorizaram-se mais de 70%. Entre os desafios que Meta enfrenta, estão a concorrência do TikTok.
Outro fator relevante é o ceticismo do mercado com relação a seus esforços — os quais incluem pesados investimentos — na criação de uma versão de metaverso e também a atualização das políticas de privacidade do sistema iOS, que podem afetar a publicidade.
Recessão nos EUA também tem grande impacto nos papéis das big techs
Embora a quedas nas cotações das ações de empresas de tecnologia possam torná-las baratas. É preciso cuidado. Segundo analistas, ações de empresas como Apple e Amazon, por exemplo, serão provavelmente atingidas pela recessão prevista para o ano que vem.
A Amazon, aliás, divulgou recentemente uma previsão de faturamento para o quarto trimestre, tradicionalmente marcada favoravelmente pelas vendas de fim de ano, abaixo do esperado, o que levou à queda de suas ações.
De modo geral, analistas têm expressado a ideia de que há, com a política restritiva do crédito adotada pelo banco central americano e a recessão prevista para 2023, espaço para que as ações das grandes empresas de tecnologia desvalorizem-se mais.
A política de crédito restritiva tende a reduzir o consumo, encarecer o acesso ao capital que empresas de tecnologia usam para financiar suas atividades e afetar a cotação do dólar, reduzindo o valor de receitas obtidas no Exterior.
A recessão não só deve reduzir o consumo como também aumentar o índice de desemprego. Os trabalhadores recentemente desempregados podem decidir pela venda de suas ações, que constituem parte importante das economias dos americanos.
Essa situação afetaria negativamente o mercado acionário dos Estados Unidos e, talvez, especialmente os papéis de empresas de tecnologia.
Tese de investimento nas big techs é de longo prazo
O mais próximo de um consenso que parece existir é que a reação das ações das Big Techs podem demorar para acontecer e, no meio do caminho para ela, podem acontecer novas correções a depender de fatores específicos da área de atuação delas (por exemplo, as percepções do mercado quanto aos esforços de criação do metaverso do Meta ou o surgimento de opções que revolucionem os espaços ocupados pelos produtos da Microsoft) e da conjuntura econômica.
As grandes empresas americanas de tecnologia têm fundamentos sólidos e são consideradas apostas promissoras de investimentos no médio e no longo prazo.
Elas, segundo opinião que Arthur Siqueira, analista da GeoCapital, expôs ao jornal Estado de São Paulo, estão em melhores condições do que a média para superar a crise e lidar com os desafios que enfrentam. Apesar de reveses momentâneos, concluiu, continuam sendo boas opções de longo prazo.
Também ao Estado de São Paulo, Pietra Huerra, analista da XP Investimentos, afirmou que a empresa está cautelosa quanto ao mercado americano devido às dificuldades econômicas existentes e previstas, mas considera que as desvalorizações das Big Techs podem ter tornado mais atrativas opções de investimento que, em um passado recente, estavam caras demais.
Sob esses pontos de vista, as quedas das cotações das ações dessas empresas neste ano tornam-nas ainda mais atraentes. Contudo, devido ao risco de que elas continuem se desvalorizando por mais tempo, por exemplo, devido a uma recessão, será bom que o investidor analise a situação de cada empresa Big Tech em que considera investir.
Isso é fundamental para avaliar a conveniência de fazê-lo e o melhor timing para a realização desse investimento. Também pode ser uma ideia fazer aportes aos poucos durante os próximos meses, assim, o risco de pegar mais um período de correção que desvalorize seu capital é reduzido.
O investimento em renda variável é arriscado. Não invista dinheiro que não pode perder e estude bastante antes de investir.