O LIFT Challenge, uma edição especial do Laboratório de Inovações Financeiras e Tecnológicas, realizado pela Fenasbac, em parceria com o Banco Central do Brasil (BC), reúne participantes do mercado que estejam interessados em desenvolver um produto minimamente viável (MVP) e que atenda ao escopo da edição. As soluções apresentadas pelas empresas devem ser desenvolvidas com o intuito de beneficiar o Sistema Financeiro Nacional e também trazer inovações para a sociedade.
O Laboratório de Inovações Financeiras e Tecnológicas conta com a parceria da Microsoft, IBM, AWS, Cielo, R3, Multilegers e do Instituto Fenasbac.
A edição deste ano visa avaliar casos de uso da moeda digital emitida pelo Banco Central – o Real Digital -, bem como analisar a sua viabilidade tecnológica. Em parceria com a Fenasbac, o Banco Central anunciou a lista de projetos selecionados para o LIFT de 2022, e boa parte deles envolvem inovações com a utilização de tecnologia blockchain e criptoativos.
O resultado dos projetos selecionados foi divulgado no mês de março, com início da execução prevista para o dia 5 de setembro. Dentre as 47 propostas apresentadas por empresas de outros países além do Brasil — Alemanha, Estados Unidos, Israel, México, Portugal, Reino Unido e Suécia —, o Lift Challenge Real Digital selecionou 9 propostas para realizar acompanhamento, são eles:
- Aave
- Banco Santander
- Febraban
- Gieseck + Devrient
- Itaú Unibanco, B3 e R3
- Mercado Bitcoin, Bitrust, ClearSale e CPqD
- Tecban e Capitual
- VERT, Digital Assets e Oliver Wyman
- Visa do Brasil, ConsenSys e Microsoft
Os projetos possuem temáticas variadas, como aplicações de entrega contra pagamento (DvP), pagamento contra pagamento (PvP), internet das coisas (IoT), finanças descentralizadas (DeFi) e soluções de pagamentos sem acesso à internet (dual offline).
Conheça os projetos selecionados
Na plataforma oficial do Banco Central do Brasil, foram apresentadas algumas das principais informações sobre os projetos selecionados para o LIFT Challenge Real Digital, os quais fazem parte de uma transformação digital e podem ajudar a determinar como uma moeda digital de banco central pode auxiliar no desenvolvimento de novas funcionalidades para os cidadãos.
AAVE
A proposta da AAVE – protocolo de finanças descentralizadas – reúne recursos de vários poupadores – um pool de liquidez – focada em oferecer empréstimos e garantir a aderência dessas operações às normas do sistema financeiro, empregando ferramentas de finanças descentralizadas (DeFi). A interação da AAVE com a equipe do LIFT Challenge promete trazer elementos importantes para que o regulador possa ampliar sua compreensão acerca desse ecossistema e sobre a melhor forma de trazer essas tecnologias para o dia a dia das pessoas.
Banco Santander
O Banco Santander apresentou uma proposta focada em entrega contra pagamento (DvP) e tokenização do direito de propriedade de veículos e imóveis. A empresa acredita no grande potencial de desenvolvimento do projeto, especialmente porque ao lidar com diferentes estágios da plataforma de e-commerce e passar por órgãos de registro até a liquidação financeira, a proposta vai se deparar com muitas questões que vão precisar ser resolvidas para viabilizar o uso do Real Digital na liquidação de ativos reais.
Febraban
A proposta da Febraban – Federação Brasileira de Bancos trata de DvP de ativos financeiros, que vão apresentar funcionalidades diretamente ligadas à arquitetura de operação do Real Digital. Assim, o projeto acredita que vai ser capaz de esclarecer a todas as pessoas sobre os elementos fundamentais para a definição dos próximos passos da iniciativa do Real Digital.
Giesecke Devrient
A empresa Giesecke + Devrient, grupo tecnológico alemão que é bastante experiente no desenvolvimento e na produção de tecnologias criptográficas voltadas a pagamentos, apresentou um projeto que versa sobre pagamentos dual offline, ou seja, quando tanto o pagador quanto o recebedor está sem acesso à rede.
Itaú Unibanco
Já o projeto do Itaú Unibanco é voltado para a realização de pagamentos internacionais, por meio do método de pagamento contra pagamento (PvP). Os desenvolvedores acreditam que a proposta é de grande interesse para a iniciativa do Real Digital e pode servir como subsídio para discussões em fóruns internacionais para esforço de melhoria dos canais de pagamentos transfronteiriços, conduzido pelo G20, com o apoio de vários países e organismos internacionais.
Mercado Bitcoin
Associado à Fundação CPQD e à Bitrust, o Mercado Bitcoin – corretora brasileira de criptomoedas – pretende trazer um caso de uso de DvP de ativos nativamente digitais, com foco em criptoativos. Por este motivo, a proposta complementa o projeto apresentado pelo Banco Santander e pela Febraban.
Tecban
A proposta da Tecban – empresa brasileira de soluções que integram o físico e o digital – combina elementos de DvP a uma solução de internet das coisas (IoT), com o intuito de oferecer uma solução de logística dentro de um sistema potencialmente aberto de pagamentos e entrega, no qual diferentes plataformas de e-commerce vão poder ter acesso a pontos seguros de entrega.
VERT
A associação da VERT à Digital Asset, com o suporte da Oliver Wyman, resultou no desenvolvimento de uma proposta de financiamento rural, baseado em um ativo tokenizado programável com valor atrelado ao do Real, ou seja, como uma stablecoin do Real. Este projeto de financiamento rural pretende dar maior fluidez e eficiência ao uso dos recursos ao mesmo tempo em que permite o monitoramento e fiscalização de sua destinação.
VISA
Por fim, o projeto da Visa tem o objetivo de garantir a fluidez e a adequada utilização de recursos de financiamento. Por isso, associada à Consensys e à Microsoft, a empresa trouxe uma proposta que busca demonstrar como uma plataforma de finanças descentralizadas (DeFi) regulamentada pode ser projetada para permitir que PMEs brasileiras interajam com o mercado financeiro global e, em uma plataforma aberta, alcancem propostas de financiamentos mais competitivos.
Todas as propostas selecionadas estão alinhadas com as diretrizes do Real Digital e com a agenda do Banco Central. Isso permite que os participantes do LIFT Challenge Real Digital e o Banco Central possam se deparar com as principais questões acerca da implantação do Real Digital, com o intuito de oferecer continuidade ao processo de criação de uma moeda digital que seja capaz de agregar todas as funcionalidades necessárias aos sistemas de pagamento e liquidação, o que promete trazer benefícios para toda a população brasileira.
A execução dos projetos teve seu início previsto para o dia 5 de setembro. No período de 4 meses o projeto deve ser desenvolvido, com o acompanhamento quinzenal de seus progressos pelo Banco Central e, posteriormente, os resultados serão apresentados para a sociedade.