No Brasil, a adesão ao mercado de energia por assinatura está ganhando força entre os consumidores, domésticos e empresariais. Este serviço oferece uma economia de até 20% na conta de luz mensal e a chance de usar energia renovável sem se preocupar com a instalação e manutenção de equipamentos.
Os consumidores contratam o serviço de empresas distribuidoras de energia, que operam e mantêm parques fotovoltaicos. Eles pagam apenas pela energia consumida, sem precisar realizar o investimento inicial.
Como a energia por assinatura funciona na prática
Na prática, os clientes alugam uma cota em uma usina renovável da empresa. A companhia gera e encaminha a energia para a empresa encarregada da distribuição.
Esta energia gerada é registrada pelo Sistema de Compensação de Créditos de Energia Elétrica (SCEE), criando créditos que são transferidos para os consumidores dessas usinas.
Como resultado, os clientes se beneficiam de uma redução direta no valor de suas contas de luz.
Além disso, os créditos de energia obtidos por meio desse sistema possuem um custo inferior em comparação com a tarifa tradicional de energia.
Essa alternativa oferece aos consumidores uma solução não apenas mais econômica, mas também ambientalmente sustentável.
Casos reais de pessoas que utilizam a energia por assinatura
Veridiane Lima, supervisora de vendas e moradora de Fortaleza, optou por este serviço e notou uma redução significativa em sua conta de energia, de R$ 270 para R$ 240 mensais. Dessa forma, ela recebe duas contas separadas: uma da Enel, cobrindo os tributos, e outra da empresa de energia, referente ao consumo mensal.
Veridiane ressalta a importância da economia gerada pelo serviço, além de valorizar o uso de energia limpa.
“Para mim, é uma das melhores coisas, porque hoje só o que a gente vê no mercado são essas energias renováveis. É super inovador, algo que a gente via como distante no passado e está tão próximo da nossa realidade agora”, comenta.
Vitor Torquato, administrador de um condomínio na Lagoa Redonda, em Fortaleza, também adotou o serviço de energia por assinatura nas áreas comuns do condomínio. Ele cita a falta de recursos para instalar placas solares como motivo para escolher esta alternativa.
Torquato espera uma redução de 15% a 17% nas contas de luz. E planeja poupar o dinheiro economizado para investir futuramente em equipamento próprio de geração de energia.
Residências menores são as que mais buscam a energia por assinatura
A Matrix Energia, atuante no setor de energia por assinatura, completa aproximadamente um ano de operação no Ceará, servindo mais de mil clientes. A empresa, que também opera no mercado livre de energia voltado a grandes empresas, oferece um serviço que promete descontos de 10% a 35% nas contas de energia, com os maiores descontos aplicados a contas de alta-tensão.
Nas residências, a economia média fica em torno de 15%. Além disso, um dos benefícios adicionais inclui a proteção contra as cobranças adicionais das bandeiras tarifárias amarela ou vermelha.
Gabriel Campelo, CEO da Energylivre, afiliado da Matrix no Nordeste, prevê um crescimento relevante para a empresa em 2024, com a expectativa de adicionar dois mil novos clientes por mês. Atualmente, a companhia paulista opera em 19 estados brasileiros no mercado por assinatura, com o Ceará sendo um dos focos principais.
Campelo observa que, embora a maioria dos clientes seja composta por empresas, a expansão do serviço para contas a partir de R$ 200 tem atraído mais residências de pequeno porte no estado.
Professor de economia ressalta importância de uma regulamentação clara para o setor
Eduardo Fontenele, professor do departamento de economia aplicada da Universidade Federal do Ceará, destaca o potencial de crescimento do sistema de energia solar por assinatura no Ceará. Ele aponta que o estado tem adotado políticas progressistas em energia renovável.
Porém, Fontenele enfatiza a necessidade de uma regulamentação clara para assegurar a proteção dos consumidores e a sustentabilidade do setor. Segundo o docente, é essencial estabelecer um marco regulatório robusto que se adapte às particularidades desse modelo de negócio.
Mercado de energia por assinatura segue em crescimento
O mercado de energia solar por assinatura no Brasil segue em expansão, conforme indicam os dados da Associação Brasileira de Energia Solar (ABSOLAR). Nos últimos dois anos, o número de usinas operando neste modelo saltou 250%, de 1.900 em 2021 para 6.652 atualmente.
Players importantes do setor
Grandes empresas do setor, como Raízen com sua startup Reverde, a EDP com sua plataforma própria, e a Axis Renováveis através da Leve Energia, estão investindo nessa tendência.
A Axis Renováveis foi pioneira no Brasil ao assinar o primeiro contrato de autoconsumo remoto em Geração Distribuída em 2021, operando através da Leve Energia Renovável. A empresa já atende clientes residenciais e empresariais em São Paulo e Minas Gerais.
Por outro lado, a Raízen, em colaboração com o Grupo Gera, lançou a startup Reverde no início deste ano, visando o mercado de Minas Gerais e Rio de Janeiro. A EDP, por sua vez, oferece o serviço através da plataforma Solar digital, abrangendo empresas de diversos tamanhos.
Benefícios da energia por assinatura
Um dos principais atrativos do modelo de energia por assinatura é a economia financeira, com possibilidade de redução de até 20% na conta de luz, variando conforme o estado e o fornecedor. O modelo dispensa investimentos em instalação e manutenção de painéis solares, eliminando custos de adesão.
Outro benefício significativo é a previsibilidade e flexibilidade para o consumidor, que fica menos sujeito às flutuações das bandeiras tarifárias da energia elétrica convencional, como mencionado anteriormente, e pode negociar planos que melhor atendam suas necessidades.
O conceito de Geração Compartilhada, onde uma única usina atende diversas residências, já é aplicado desde 2012. Recentemente, a lei 14.300/2022 e a Resolução ANEEL 1.059/23 sancionaram este modelo, facilitando a oferta por assinatura.
Incentivos governamentais, como a isenção de ICMS para créditos de energia, também impulsionam esse crescimento, tornando a eletricidade gerada mais acessível que a convencional.