A KeyFi, empresa de staking de criptomoedas, está processando a Celsius, empreendimento de empréstimos de criptomoedas. Segundo a ação, protocolada junto à Suprema Corte do Estado de Nova York em 6 de julho, Jason Stone, CEO da KeyFi, e sua equipe administraram bilhões de dólares em criptoativos da Celsius entre agosto de 2020 e março de 2021, produzindo centenas de milhões de dólares em ganhos.
Além disso, ainda segundo o alegado na ação, mesmo que, por boa parte do período em questão, não houvesse um acordo formal escrito entre as partes, elas entendiam estarem associadas em um empreendimento para o “benefício mútuo, baseado em respeito e confiança mútuos”, no qual dividiriam os ganhos.
Apesar desse alegado entendimento, quando Stone decidiu encerrar suas relações de negócios com a Celsius, esta recusou-se a reconhecer o fato e a pagar-lhe sua parte nos lucros que gerara.
Jason Stone já se preocupava com rumo da Celsius há mais de um ano
O motivo alegado por Stone para sua decisão de romper suas relações com a Celsius, a qual comunicou à empresa em março de 2021, é digno de nota. Ele teria ficado preocupado com a falta de gerenciamento de risco no uso do dinheiro dos depositantes.
Os executivos da Celsius respondiam que a empresa tinha efetuado as operações de hedge necessárias para impedir que flutuações nos preços de ativos afetassem a solidez e sua capacidade de devolver o dinheiro dos depositantes, além de remunerá-los adequadamente.
Com base nas garantias dos executivos, Stone e sua equipe aplicaram estratégias de investimentos, as quais possuíam riscos inerentes que deveriam ter sido mitigados pelas providências tomadas pela Celsius.
Essas garantias, porém, eram enganosas, em consequência do que sobreviveram às perdas, as quais impactaram negativamente os ganhos de que Stone deveria partilhar e acabaram por levar, em junho deste ano, à suspensão pela Celsius dos saques do dinheiro depositado com ela.
Para Stone, que é a força por trás do processo, a suspensão dos depósitos confirmou suas suspeitas sobre as operações da Celsius. As mesmas que eram compartilhadas pelo antigo diretor financeiro da empresa, que, repetidas vezes, advertiu a liderança da empresa quanto aos problemas existentes.
Stone afirma que a Celsius abusou dos recursos dos depositantes, os quais usou para cobrir perdas em seus negócios (basicamente, tornando-se um esquema Ponzi), não aplicou nem sequer estratégias básicas de hedge para proteger o dinheiro dos depositantes, não auditou minimamente as suas operações internas e manipulou o mercado de criptoativos em seu próprio proveito e de seus líderes.
Celsius tem 20 dias para se defender
Em março de 2021, diante do que considerava provas de que as operações da Celsius eram desorganizadas e até mesmo fraudulentas, Stone comunicou à empresa seu desejo de encerrar a relação de negócios com ela. Ele pretende que o caso seja levado a um júri e espera receber, além de sua parte — que diz ser de milhões de dólares — nos ganhos que gerou, devidamente reajustada pelos juros cabíveis, uma indenização pelos danos que a Celsius causou-lhe.
A Celsius, cujo token, CEL, perdeu 70% do seu valor em apenas uma hora, após o anúncio da suspensão de retiradas de dinheiro dos depositantes, tem 20 dias para responder às alegações feitas pela KeyFi. Se não o fizer nesse prazo, ela será julgada à revelia e condenada.
A ação é mais um obstáculo para os esforços da Celsius, que atribuiu a necessidade de suspender os saques às turbulências no mercado e que afirmou que a medida era compatível com os termos de uso de seus serviços, para estabelecer sua credibilidade e recuperar-se. Muitos, sem dúvida, verão nas alegações de Stone evidências de que os altos executivos da Celsius agiram de forma criminosa ou pelo menos negligente.
O investimento em criptomoedas é arriscado. Invista com responsabilidade.