Voyager pede falência em Nova York

Em uma ação já esperada pelo mercado de criptomoedas, a Voyager Digital deu entrada no dia 05/07 com pedido de proteção contra falência no Distrito Sul de Nova York.

As duas afiliadas da plataforma de investimentos sediada em Toronto, Voyager Digital LLC e Voyager Digital Holdings, também foram incluídas no processo. A plataforma já havia suspendido as negociações desde 1 de julho.

O CEO Stephen Ehrlich disse em comunicado no Twitter:

Voyagers, hoje iniciamos um processo voluntário de reestruturação financeira para proteger os ativos da plataforma, maximizar o valor para todos os interessados, especialmente os clientes, e emergir como uma empresa mais forte. A Voyager continuará operando durante todo o tempo.

O que significa Chapter 11 no código de falência norte-americano

O credor de criptomoedas preencheu o chamado Chapter 11 de um pedido de falência, que permite à Voyager preparar planos de recuperação. Isso porque a ação interrompe as questões relacionadas ao litígio civil enquanto a empresa permanece operacional.

O Chapter 11 do United States Bankruptcy Code permite a reorganização da empresa de acordo com as leis de falências dos Estados Unidos. Tal reorganização, conhecida como ” Chapter 11 bankruptcy”, está disponível para qualquer empresa e também para pessoas físicas.

Passivos e ativos estão nivelados, garante CEO – Voyager tem 100 mil credores

A Voyager Digital assegura ter cerca de 100.000 credores e criptoativos avaliados entre US$ 1 bilhão e US$ 10 bilhões. A informação é de que os fundos estarão disponíveis para distribuição aos credores não segurados. A direção da empresa garante ter passivos mais ou menos na mesma faixa dos ativos.

“Os clientes receberão em troca uma combinação das cripto em sua(s) conta(s), receitas da recuperação do 3AC, ações ordinárias da nova empresa reorganizada e tokens Voyager”, explicou Ehrlich.

A Voyager permitiu que os investidores ganhassem juros por meio de staking, retendo moedas criptográficas por um período específico para receber recompensas. Os investidores aumentam suas chances de ganhar recompensas optando pelas melhores contas de juros cripto.

O erro de centralizar as operações – 60% dos empréstimos ao 3AC

O CEO Stephen Ehrlich admitiu em seu Twitter pessoal que a relação com a Three Arrows Capital (3AC) é uma das principais razões para o pedido de falência.

Em junho, a Voyager emitiu um aviso de inadimplência nominal ao Three Arrows Capital por um empréstimo no valor de US$ 675 milhões. Provou-se um erro estratégico manter as operações tão centralizadas, com 60% dos empréstimos totais da plataforma em nome de Three Arrows Capital.

“Acreditamos firmemente no futuro da indústria, mas a prolongada volatilidade nos mercados de criptomoeda, e a inadimplência do Three Arrows Capital exigem que tomemos esta ação decisiva”, disse Ehrlich.

A liquidação do empréstimo ao Three Arrows Capital foi ordenada por um tribunal das Ilhas Virgens Britânicas. A Voyager Digital LLC emitiu aviso de inadimplência 3AC por não ter feito os pagamentos necessários de empréstimo previamente divulgado de 15.250 BTC e US$350 milhões de USDC.

O arquivo judicial da Voyager também mostrou um empréstimo sem garantias de US$ 75 milhões da Alameda e uma dívida de US$ 1 milhão com o Google.

Crash do VGX Token – recuperação em longo prazo não é impossível

Após o pedido de falência, não foi surpresa o crash do VGX Token, que já estava em baixa desde novembro do ano passado. A moeda VGX está sendo negociada a US$ 0,21, uma perda de 96% em valor desde a alta histórica de US$ 5,9, alcançado em novembro de 2021.

A recuperação do VGX não é impossível. Pelo menos duas analistas de mercado apostam em ganho a longo prazo. A DigitalCoinPrice prevê que o Token alcançará cerca de US$ 1,15 até o final da década, enquanto a Gov.capital acredita em valor próximo a US$ 38 dentro de cinco anos.

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