As micro e as pequenas empresas foram responsáveis por criar mais da metade dos novos postos de trabalho no ano passado. Depois de alguns anos com o desemprego em alta, esses números foram divulgados em um momento de transição no campo do trabalho. No momento, os governos e entidades internacionais debatem as melhores medidas para aumentar a automação das tarefas. Principalmente com a adoção de tecnologia de IA para substituir atividades repetitivas. O aumento do desemprego e da desigualdade também tem sido pauta recorrente.
Neste cenário, pequenas empresas e negócios familiares acolhem os trabalhadores e fornecido vagas para quem está procurando emprego. Em meio aos novos postos de trabalho criados no ano passado, as empresas de porte micro e pequeno foram as que mais cresceram. As pesquisas apontam uma reação na economia no decurso do ano passado. De consequência, o mercado de trabalho passou por uma revitalização. Com o aprimoramento das políticas para o crescimento econômico, o setor deve crescer ainda mais. Mesmo as preocupações com diversos aspectos podem não ter efeitos negativos.
As micro e as pequenas empresas ainda dispõem da maior parte dos postos formais de trabalho
Em 2023, criou-se 1,78 milhão de novos postos de trabalho no Brasil. Mais da metade veio de pequenas e micro empresas. Isso é o que indica um novo estudo elaborado pelo Sebrae. Esses resultados foram informados pelas próprias empresas ao Cadastro Geral de Empregados e Desempregados. O Caged é um sistema do governo com informações sobre o estado atual da empregabilidade dos trabalhadores no Brasil.
Os números levantados pelo Sebrae indicam que as micro e pequenas empresas criaram cerca de 1,26 milhão de novos postos de trabalho, por exemplo. Esse quantitativo leva em consideração apenas as vagas criadas no ano passado. Não entraram na conta as contratações para substituir outros trabalhadores. Assim, apenas em outubro, por exemplo, 124 mil vagas de emprego surgiram nas micro e pequenas empresas.
O setor econômico responsável pela maior fatia das novas vagas é o de eventos. Durante a pandemia de Covid-19, esse setor quase sumiu. O retorno da circulação possibilitou uma retomada expressiva. Agora, há eventos recorrentes, de maneira semelhante ao que ocorreu até o início de 2019. Por isso, o aumento no número de vagas para trabalhar nos eventos em geral foi superior a 100% em apenas um ano.
As IAs são uma preocupação no mercado de trabalho
Esse crescimento acontece em meio às discussões sobre o uso indiscriminado de inteligência artificial. Nesse sentido, a função generativa é cada vez mais popular. O motivo de seu sucesso é o potencial de redução dos custos de produção em muitos segmentos econômicos. Em contrapartida, alguns trabalhadores são literalmente substituídos por máquinas. Essa substituição vem chamando atenção da comunidade internacional. Organismos de proteção dos direitos humanos, como a OIT, estudam a implementação das melhores medidas de proteção dos trabalhadores. Afinal, se continuar assim, quais empregos sobreviverão às IAs?
As preocupações são legítimas, considerando principalmente os países de terceiro mundo. Grande parte dos postos de trabalho em países subdesenvolvidos são em empresas com grande potencial econômico. Caso haja possibilidade de implementar o uso de IAs para aumentar os lucros, é de se esperar que os CEOs dessas empresas não pensarão duas vezes. Afinal de contas, os custos com a folha de pagamento costumam ser bastante altos. No setor de serviços, por exemplo, os salários costumam corresponder à maior parte dos gastos mensais. O maior óbice para a substituição dos humanos, no momento, é o preço da automação.
Estudos recentes
Um estudo recente do MIT apontou que o trabalho humano ainda é mais barato do que a implementação de IAs. Obviamente os custos não são iguais para todas as tarefas. Mas a execução automatizada da maioria das atividades ainda é mais custosa. Por enquanto, a maioria dos postos de trabalho está a salvo. Contudo, essa realidade não deve durar muito tempo. A popularização das ferramentas generativas e os investimentos em pesquisa & desenvolvimento podem mudar drasticamente esse contexto.
No cenário de potencial substituição de muitos humanos por máquinas, o fomento aos pequenos e médios empreendimentos precisa entrar como estratégia de longo prazo. Se essas são as empresas que mais geram empregos, devem ter uma atenção especial para potencializar o crescimento. Com isso, novos postos de trabalho surgirão, aumentando também a economia nacional.
O governo federal deve impulsionar as empresas
Esses incentivos para as empresas já estão em discussão. O atual presidente do Brasil anunciou recentemente medidas que visam colocar o país de novo entre as maiores economias mundiais. Estamos falando do programa Nova Indústria Brasil, o qual foi lançado no último dia 22. Por meio desse projeto de longo prazo, o governo pretende implementar ações de desenvolvimento para as empresas até 2033.
Dentre as medidas, vale destacar os incentivos tributários, focados na agroindústria e em outros segmentos da indústria nacional. As medidas consideram as discussões internacionais para tornar as empresas mais fortes, sustentáveis e inovadoras. Esses debates tratam da criação de novos postos de trabalho e devem pautar as medidas que compõem o novo programa.
Com base nos números positivos e também nas últimas políticas públicas tomadas para impulsionar o setor, podemos esperar que o fomento resulte num aumento expressivo dos postos de trabalho das pequenas e micro empresas. Outra medida com potencial para melhorar os números é a regulamentação do uso de IA na indústria e no comércio. Regulamentando, será possível impor limites éticos e evitar a automação ilimitada de atividades.