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Com a evolução acelerada da inteligência artificial (IA) no último ano, um movimento que vai ganhando força nas corporações é o dos “citizen developers” (algo como desenvolvedores cidadãos). São profissionais com nenhum ou pouco conhecimento sobre códigos e programação, que agora contam com uma série de ferramentas que lhes permite criar soluções digitais.

Em outras palavras, isso significa que não só os experts em tecnologia podem desenvolver produtos e serviços na área. Claro que algumas aplicações da tecnologia precisam, e muito, do conhecimento e experiência dos profissionais da área de desenvolvimento e programação.

Mas há cada vez mais recursos disponíveis para pessoas que não precisam escrever códigos. Elas usam modelos pré-desenvolvidos por organizações de tecnologia, e, assim, participam mais ativamente dos processos de transformação digital das empresas.

Uma das organizações que têm apostado nesse modelo é a Rolls-Royce, como mostramos em artigo recente sobre o uso do programa Power Apps, da Microsoft.

Engajamento e empoderamento

O tema tem sido recorrente em publicações que analisam inovações em tecnologia, particularmente no mundo corporativo, como Fast Company e Forbes.

Entre os pontos que fazem parte desses debates está uma questão básica, que é a crescente demanda por soluções digitais, para atrair e reter clientes. Por outro lado, o mercado se depara com falta de profissionais especializados em tecnologia, para dar conta de tantas e tão ágeis transformações.

Além disso, há questões relacionadas a custos, pressionando alguns negócios, particularmente empresas de pequeno e médio porte, a fazer mais com menos.

Nesse contexto, é natural que os citizen developers tirem proveito das novas competências disponibilizadas pela inteligência artificial, e assumam mais espaços na digitalização de processos, operações e atendimento ao consumidor.

Ademais, pode-se citar como ponto positivo dessa tendência o fato de que profissionais que não têm formação e experiência em TI passam a se sentir mais empoderados e engajados.

Se a evolução caminha mais rapidamente que nunca para o universo digital, ou pelo menos para uma maior interseção entre o físico e o virtual, é instigante se sentir efetivamente parte disso.

Como funciona na prática

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Citizen developers trabalham a partir de novas ferramentas e plataformas, com modelos pré-concebidos, que lhes permitem criar aplicativos e sistemas digitais sem precisar entender de programação.

São projetos rapidamente prototipados e testados (nesta fase, com apoio de especialistas), que seguem adiante ou são descartados, logo seguidos por novas ideias.

Podem ser soluções propostas para o departamento em que cada funcionário atua ou para o negócio como um todo. Dessa forma, as organizações ganham agilidade e escala.

Como estão diretamente envolvidos com alguns cenários operacionais e de relacionamento com clientes e fornecedores, os desenvolvedores cidadãos facilmente podem identificar gargalos e enxergar possíveis soluções.

Essa familiaridade com o dia a dia do negócio se torna uma vantagem competitiva para pensar em novas possibilidades de abordar determinadas questões. Oportunidades que antes eram mais limitadas pela falta de acesso a recursos tecnológicos mais simples de compreender e utilizar.

Porém, isso não acontece sem nenhum incentivo ou orientação da organização. É preciso um entendimento de que vale investir nesse movimento e correr atrás de adquirir plataformas adequadas e oferecer treinamento e supervisionamento – ainda que mais de forma mais simples e rápida.

Além do mais, é preciso entender os perfis que melhor se adequam a esse tipo de iniciativa e que têm interesse em atuar como desenvolvedores cidadãos.

Os tipos de plataformas disponíveis atualmente

Pro-code: se destinam a desenvolvedores experientes e, por isso mesmo, oferecem mais flexibilidade, profundidade e controle.

No-code: são voltadas a profissionais que não têm nenhuma experiência com programação e desenvolvimento de softwares. Essas ferramentas trabalham com modelos pré-concebidos e intuitivos. Naturalmente, oferecem menos potencialidades a explorar.

Low-code: são plataformas que ocupam um lugar intermediário entre as plataformas pro-code e no-code. Elas podem ser usadas por desenvolvedores cidadãos para determinadas aplicações, que não exigem formação na área. Mas também podem ajudar desenvolvedores profissionais a solucionar e agilizar determinadas atividades.

Fonte: Forbes

Para os desenvolvedores cidadãos poderem corresponder à expectativa esperada (por eles mesmos e por seus líderes), é fundamental estabelecer uma cultura organização que estimule a experimentação. Com os erros e acertos intrínsecos a esse tipo de processo.

Não adianta munir os profissionais de ferramentas intuitivas, à base de modelos pré-concebidos, sem lhes oferecer segurança para lançar olhares criativos, mas eventualmente falíveis.

Em suma, o empoderamento de desenvolvedores cidadãos parece ser um caminho natural, e mesmo inevitável, no atual estágio de evolução digital.

Essa constatação é reforçada pelo fato de que a descentralização é uma das mais fortes tendências contemporâneas. Seja no ecossistema do trabalho, seja no mercado financeiro, seja nas inovações na Web3, e por aí vai.

Como tudo o que se relaciona às novas aplicações tecnológicas, no entanto, isso inclui potencialidades, mas também grandes responsabilidades, principalmente quando se trata da IA generativa, ainda tão nova e tão cheia de desafios.

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