Ficou mais fácil acompanhar as movimentações do setor de criptomoedas: acaba de ser lançado o Glossário ABcripto. Disponível online, o guia contém mais de 200 termos relacionados a criptomoedas, ativos digitais, tokenização e áreas afins.
A iniciativa partiu da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e da Associação Brasileira de Criptoeconomia (ABCripto). Dessa forma, busca-se padronizar a linguagem usada na área, descomplicando o entendimento.
Como resultado, mesmo quem não é especialista no setor vai poder acompanhar a movimentação do mercado e realizar operações com mais facilidade. Em outras palavras, o objetivo é promover mais inclusão no mercado de ativos digitais.
Inclusão financeira
Dese modo, espera-se promover um maior diálogo entre os diversos players desse segmento, e, assim, impulsionar o desenvolvimento do sistema financeiro no Brasil.
Conforme os organizadores, o dicionário chega em um momento em que as operações com criptomoedas se popularizam, em consequência do amadurecimento do setor e de mais clareza regulatória.
“O glossário ajuda a compreender termos técnicos relativos às novas tecnologias financeiras, em especial às finanças descentralizadas (DeFi) e outras aplicações relativas à criptoeconomia, ao blockchain e aos investimentos em ativos digitais. Ao tornar a linguagem com o mercado mais clara e simples, facilita o conhecimento e a aproximação com o investidor pessoa física, bem como o acesso ao mercado de capitais”, afirma Paulo Portinho, Gerente de Educação e Inclusão Financeira da CVM.
Os termos do glossário são apresentados em ordem alfabética. Além disso, podem conter um ou mais significados. Analogamente, como essa é uma área em constante transformação, os organizadores afirmam que vão atualizar o conteúdo regularmente, em sintonia com as novidades do setor.
Dessa maneira, a ideia é que seja um projeto vivo, orgânico, acompanhando o dinamismo das criptomoedas. Então, se você tiver alguma sugestão, crítica ou comentário sobre o glossário, pode enviar para o e-mail: [email protected].
“Não havia, até agora, um documento produzido por uma entidade que representasse o setor, além de educar a população no entendimento dos termos do mercado. São conceitos novos e complexos, que são esclarecidos pelo glossário”, explica Fábio Moraes, coordenador do Comitê de Pesquisa e Educação da ABCripto.
Em suma, as definições reunidas no dicionário buscam refletir um consenso em torno dos temas abordados. Além disso, consideram a legislação referente a esse setor.
“O glossário é uma obra com rigor técnico e qualidade editorial, produzida a várias mãos”, explicou Bernardo Srur, Diretor-Presidente da ABCripto.
Para dar uma ideia do que você vai encontrar no glossário, selecionamos um termo por letra, com a respectiva definição apresentada no dicionário (algumas letras iniciais, como J, ainda não aparecem no glossário).
Criptomoedas de A a Z: exemplos do glossário ABCripto
A
Alfaçar: o ato de vender ativos prematuramente ou contra os próprios interesses devido a ansiedade, exaustão emocional ou pânico causado por um evento dramático recente (tipicamente, uma queda abrupta no preço), sem considerar a possibilidade de uma recuperação a médio ou longo prazo.
B
Bear market: momento de pessimismo e desânimo no mercado, em consequência de queda, ou expectativa de queda, nos preços dos ativos, por um período de tempo relativamente longo.
C
Carteira mental (“brain wallet”): prática de memorizar a chave privada, ou algum precursor dela, em geral, sem guardar nenhuma cópia dela em lugar nenhum.
D
DYOR: abreviatura de “Do Your Own Research” (ou seja, “faça sua própria pesquisa”), usado como ressalva de que não se deve necessariamente confiar unicamente nas opiniões sendo apresentadas, nem tomá-las como recomendação de investimento. Em vez disso, recomenda-se pesquisar outras fontes e formar sua própria opinião, assumindo responsabilidade total por ela.
E
Equity token: ativos tradicionais de ações, que representam uma participação em determinadas empresas subjacentes, registrados em uma rede baseada em blockchain
F
Fiat: alguma moeda nacional (real, dólar, etc.) que deve sua existência e valor a um decreto governamental.
G
Gas: unidade que mede o custo computacional necessário para executar transações oucontratos inteligentes, análogo à taxa de mineiro de outras criptomoedas. O preço do gas é pago aos validadores para incentivar o processamento das transações e a conservação de recursos, desincentivando spam.
H
Hodler: detentor de criptomoedas que pratica, ou defende a prática, de guardar criptomoedas por longos períodos, ou, no extremo, “jamais vender”.
I
Inverno (bear market): momento de desânimo, pessimismo e preços baixos no mercado, particularmente longo, persistindo por vários meses ou até anos.
L
Lambo (contração de “Lamborghini”, marca italiana de carros esportivos de luxo): expectativa ou desejo de um aumento tão grande no valor de uma criptomoeda que permitiria ao detentor ficar tão rico a ponto de poder comprar um Lamborghini. Usado tanto de maneira séria pelos entusiastas, quanto de maneira irônica por críticos.
M
Merged mining (“mineração combinada”, em inglês): processo que permite minerar duas ou mais criptomoedas diferentes ao mesmo tempo, sem custos adicionais, desde que tenham sido explicitamente projetadas para isso. Ou seja, compartilhem o mesmo algoritmo de prova de trabalho, entre outros detalhes técnicos.
N
Nocoiner: indivíduo que não possui, ou professa não possuir, criptomoedas.
O
OTC (sigla em inglês para “Over the Counter”): serviço de compra e venda de criptoativos em grandes volumes, oferecidos por algumas corretoras, apartado dos livros de ofertas.
P
Paper wallet (carteira de papel): uma folha de papel onde se escreve ou imprime uma chave privada e seu endereço correspondente, em forma textual e, frequentemente, também na forma de códigos QR.
R
Rede relâmpago: rede que cria canais de pagamento privados entre os participantes, lastreados em trava de recursos em arranjos semelhantes a “contratos inteligentes”. Dessa forma, permite roteamento entre diferentes canais, resultando em baixíssimas taxas de transação, que viabilizam micro pagamentos e finalização quase instantânea (poucos segundos). Além disso, pode funcionar com várias criptomoedas, e tanto a rede Bitcoin quanto a Litecoin têm suas próprias redes relâmpago.
S
Shill: pessoa que promove um produto ou serviço de uma pessoa, empresa ou organização, sem revelar ou admitir explicitamente que tem um relacionamento próximo com aquela entidade.
T
Tokenizadora: pessoa jurídica que executa e gere a tokenização de determinados ativos, agindo como ponte entre o ativo original e sua versão tokenizada.
U
Utility token (token de utilidade): tipo de token que confere ao seu detentor benefícios úteis junto à instituição emitente. Por exemplo: descontos, acessos exclusivos a locais, prioridade na aquisição de itens, etc.
V
Valor mobiliário: instrumento financeiro representativo de um valor monetário, ou de um direito, negociável em mercados financeiros. Ou seja, inclui ações, debêntures, notas promissórias, opções, futuros, ou quaisquer outros títulos ou contratos de investimento ofertados publicamente, que gerem direito de participação, parceria ou remuneração, cujos rendimentos advêm do esforço de um empreendedor ou de terceiros.
W
Wei: unidade de conta equivalente a 0,000000000000000001 (10-18) ether, que é a menor quantidade representável.
X
XBT: abreviatura de bitcoin, a unidade de conta, aderente ao padrão ISO 4217, que exige que códigos de moedas não-nacionais comecem com “X” (“eXperimental”).