Depois de iniciar uma fase de testes com usuários selecionados, agora, qualquer cidadão ou empresa vai poder participar do projeto piloto do Real Digital, que é o formato virtual da moeda oficial brasileira, o Real.

O Banco Central abriu para o público a plataforma github.com/bacen/pilotord-kit-onboarding. Vamos explicar o que esse documento significa e como o Real Digital deve mudar as transações financeiras no Brasil.

Banco Central na Web3

Para quem ainda não está familiarizado, vale entender que o Real Digital não vai funcionar dentro da internet tradicional e, sim, na Web3. Trata-se da internet que usa a tecnologia blockchain e criptoativos, como criptomoedas, tokens, NFTs e smart contracts.

Se você precisar entender melhor esses elementos da Web3, sugiro dar um pulinho nessa matéria aqui, que explica com detalhes. Depois volta para cá.

O que é o Real Digital do Brasil?

Ter uma moeda digital oficial é um movimento que está em avanço em diversos países, como os Estados Unidos e o Brasil. Segundo dados do BC brasileiro, os países interessados em ter sua moeda digital somam quase a totalidade do PIB mundial.

O dinheiro digital tem o mesmo valor do dinheiro de papel. Mas por ser transacionado na Web3, ele oferece novas possibilidades e mais segurança, proporcionada pela criptografia, que é a base da blockchain.

Podemos dizer, também, que o Real Digital é o CBDC do Brasil, pois deriva da sigla em inglês Central Bank Digital Currency (Moeda Digital do Banco Central).

Como publicado no site do BC:

“As CBDCs podem melhorar a eficiência do mercado de pagamentos de varejo e promover a competição e a inclusão financeira para a população com pouco ou nenhum acesso a serviços bancários. A crise da pandemia mostrou a importância de meios digitais de pagamentos chegarem à população mais vulnerável”.

No Brasil, o BC vem acompanhando o tema há alguns anos. Em agosto de 2020, organizou um grupo de trabalho para estudar a emissão de uma moeda digital brasileira.

Estamos vendo o Real Digital se tornar uma realidade agora, mas foram anos de estudos. Em agosto de 2020, foi organizado um grupo para aprofundar as pesquisas sobre o tema.

Clique aqui nessa matéria para saber mais sobre a aplicabilidade do Real Digital.

Requisitos para participar do piloto Real Digital

Segundo o Banco Central, a documentação publicada no último dia 3, na plataforma bacen/pilotord-kit-onboarding, tem a finalidade de apresentar o formato (arquitetura) definido para o piloto do Real Digital.

Isso quer dizer que você entenderá o que deve fazer para participar do projeto-piloto. A princípio, qualquer pessoa ou empresa poderá participar, mas deve estar atenta aos requisitos, que mostramos a seguir, de acordo com informações colhidas do site do Banco Central.

Antes de se apegar aos pré-requisitos, tenha em mente essa observação do BC:

“Por se tratar de um piloto em ambiente de testes, a arquitetura apresentada está sujeita a constantes evoluções que serão refletidas na documentação apresentada.”

Para participar do piloto do Real Digital, é necessário atender aos os seguintes pontos:

  • O participante deve alocar as equipes necessárias, com dimensionamento e qualificação técnica adequados à execução das configurações de seu nó na rede.
  • O participante é responsável por disponibilizar e implantar infraestruturas de processamento, comunicação e segurança (hardwares e softwares) que suportarão o Piloto RD em sua ponta de atuação.
  • Cada participante poderá ter apenas 1 nó na rede e se conectará aos demais nós por meio da RSFN – Rede do Sistema Financeiro Nacional.
    • Para esta comunicação do piloto, via RSFN, será necessário uma banda mínima disponível de 6Mbps a fim de evitar risco à operação normal dos demais serviços.
    • Os links individuais de acesso à RSFN devem ter largura de banda mínima de 10Mbps, sendo necessário observar ainda a redundância prevista no Manual de Redes do SFN.
  • O participante poderá ter nó apenas do tipo fullnode/RPC, não podendo ter nó do tipo validador ou bootnode.
  • A porta padrão do nó do participante é 30303 (TCP/UDP).
  • O acesso à RSFN deverá ter as seguintes portas (TCP/UDP) liberadas:
    • IP no participante:30303 <- IPs dos demais participantes e IPs do Bacen* ou RSFN;
    • IP no participante -> IPs dos demais participantes e IPs do Bacen*:30000-30009 e 30303 ou RSFN:30000-30009 e 30303
  • *O participante que optar por liberação mais restritiva deverá solicitar ao Bacen listagem dos participantes da rede com respectivos blocos de endereço na RSFN.
  • Durante a vigência do Piloto RD, fica suspensa, exclusivamente para os participantes selecionados, a vedação de comunicação direta entre si estabelecida no item 1.5 do Manual de Redes do SFN.
  • Os dados utilizados nos testes deverão ser fictícios e não devem ser armazenados ou replicados para ambientes computacionais alheios aos das instituições autorizadas conforme regulamentação vigente.
  • Testes de carga deverão ser previamente combinados e autorizados pelo Banco Central do Brasil.

A plataforma aberta pelo BC na GitHub também traz explicações sobre como será feita a interação com os smart contracts que estão disponíveis na Rede do Piloto do Real Digital.

“Serão fornecidos ao participante do piloto a ABI de cada um dos contratos e seus respectivos endereços publicados na rede. Cada participante deve implementar, da forma que melhor entender, a sua interação com os contratos, fazendo uso de bibliotecas padrão Web3 como, por exemplo, o Web3JS, Web3J, ou frameworks como o Hardhat ou Truffle”.

Durante o piloto, o Banco Central será responsável pela implementação e publicação dos contratos na rede.

Real Digital (CBDC)

O documento ainda traz detalhamento sobre como os participantes terão acesso ao CBDC – Real Digital:

  • A carteira do Banco Central do Brasil é a gestora do token.
  • O símbolo do token é BRL.
  • Somente carteiras autorizadas podem receber Real Digital.
  • Cada participante deve mandar ao Banco Central do Brasil o endereço da sua carteira principal para o cadastro. Esta carteira será a carteira default do participante. Após o cadastro inicial, o próprio participante poderá habilitar outras carteiras a receber Real Digital, bem como alterar sua carteira default.

Um glitter sobre a complexidade do Real Digital

Em sua publicação do LinkedIn, Caroline Nunes, fundadora e CPO da Infratoken & InpiredIP, que ajudou no desenvolvimento da infraestrutura que permite que os bancos levem o Real Digital para o público, brincou com a complexidade do tema e disse que era preciso jogar um glitter nas explicações.

Foi o que ela fez ao montar um esquema, detalhando em camadas, todo o processo de uso do Real Digital.

Meu entendimento está traduzido neste desenho fofuxo, bem mais colorido do que o documento do BACEN, já que acredito que a vida financeira precisa de mais glitter 🧡”

Carol dividiu o quadro em cinco camadas (a atuação da empresa foi no desenvolvimento da camada 4):

  1. Camada de Liquidação: Ela inclui nós intermediários (Node A e Node B ) onde os tokens são bloqueados em reservas. Esta é a camada onde os bancos têm integração direta com a blockchain do Real Digital . Em alguns casos, essa conexão será por um middleware de tecnologia como Microsoft, AWS, etc. Os bancos irão tokenizar algumas posições, criando seus próprios reais tokenizados.
  2. Camada de interoperabilidade: que permite a movimentação sem atritos do real digital entre sistemas. Ela age como uma ponte, facilitando a comunicação e a transferência de dados entre diferentes plataformas e sistemas, garantindo uma operação rápida e eficiente.
  3. Camada de Protocolo e Ativos: Camada interbancária onde a liquidação do real digital ocorre. Essa camada gerencia o registro de transações tanto on-chain (na blockchain ) quanto off-chain (fora da blockchain). Ela mantém o controle dos saldos dos usuários e permite trocas (SWAP ) através de uma API. Essa camada é projetada para lidar com um alto volume de transações, suporta compensação de pagamentos (Netting), e permite trocas atômicas, garantindo a execução segura das transações.
  4. Camada de serviços empresariais: A qui, os usuários terão uma conta com KYC, similar a uma conta-corrente ou uma conta PI X, onde os saldos de real tokenizado serão inseridos. Essa conta terá um hash ID que pode estar ligado a um par de chaves on-chain (uma carteira). Ela inclui o processo de integração digital com KYC/KYT, biometria para autenticação, e agrega dados para análises. Além disso, oferece segurança, transparência e acesso a mercados globais 24 / 7.
  5. Camada de apresentação para o usuário final: Esta é a interface do usuário final com o Real Digital via sua Carteira Digital em Blockchain. Aqui, segurança é reforçada com chaves digitais privadas, usadas para assinar transações financeiras. No entanto, os conceitos de carteira para fins DeFi e contratos não devem ser vistos no Real Digital do Varejo no curto prazo.

Aplicabilidades do Real Digital

Certamente, essa é a parte do tema Real Digital que todos mais têm interesse em saber, portanto, veja a seguir as atualizações feitas pelo Banco Central, em abril deste ano, para o uso do dinheiro digital brasileiro, como publicado pelo B2C:

  • Ênfase no desenvolvimento de modelos inovadores com a incorporação de tecnologias compatíveis com liquidação de operações por meio da “internet das coisas” (IoT). Exemplos são os contratos inteligentes (smart contracts) e dinheiro programável;
  • Foco no desenvolvimento de aplicações online, mantendo em vista a possibilidade de pagamentos offline;
  • Emissão do Real Digital pelo BC como meio de pagamento. Objetivo é dar suporte à oferta de serviços financeiros de varejo liquidados por meio de tokens de depósitos em participantes do Sistema Financeiro Nacional (SFN) e do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB);
  • Aplicação do arcabouço regulatório vigente às operações realizadas na plataforma do Real Digital, evitando assimetrias regulatórias.

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