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Segundo a Receita Federal, no mês de fevereiro deste ano, as empresas e investidores brasileiros movimentaram mais de R$ 15 bilhões de reais em criptomoedas.

A Instrução Normativa n.º 1888, de 07 de maio de 2019, exige que os investidores informem as operações realizadas com criptoativos. Com isso, os dados da Receita Federal fornecem um rico quadro do comportamento dos investidores brasileiros e das mudanças por que ele passa.

Diminui o número de CPFs e aumenta o de CNPJs entre investidores brasileiros

Este valor foi inferior ao registrado no mês anterior, devido a uma queda nas operações feitas por CPFs, apesar de ter havido aumento nas movimentações declaradas por CNPJs.

O órgão informou que a movimentação total em fevereiro foi de R$ 15,08 bilhões de reais, o que representa uma queda de 6,6% em relação a janeiro. Apesar disso, esse valor ainda foi o segundo maior desde maio de 2022.

Do montante total, R$ 680,36 milhões de reais foram movimentados em corretoras estrangeiras, R$ 12,98 bilhões de reais em corretoras nacionais e R$ 1,41 bilhão em uso de exchanges.

Os dados indicam uma diminuição no número de CPFs únicos envolvidos em operações com criptomoedas declaradas à Receita Federal. No mês de janeiro, foram registrados 1,35 milhão de CPFs, enquanto em fevereiro esse número foi de 1,11 milhão, representando um recuo de 17,8%. Essa foi a segunda pior marca desde julho de 2022.

Bitcoin e Tether são os criptoativos mais negociados por investidores brasileiros

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No que diz respeito ao tipo de criptomoeda utilizada, o bitcoin manteve a liderança histórica em relação ao número de operações realizadas.

Em fevereiro, foram contabilizadas 1,35 milhões de operações, totalizando um montante de R$ 1,006 bilhão. No mês anterior, foram registradas 1,64 milhões de operações, com um total de R$ 1,01 bilhão de reais em movimentações.

Já a segunda maior criptomoeda do mercado, o Ether, teve 485.609 operações em fevereiro, resultando em uma movimentação de R$ 228 milhões de reais. No mês anterior, foram registradas 615.761 operações, com um montante de R$ 256 milhões de reais em movimentações.

Em relação aos valores movimentados, a stablecoin Tether (USDT), cujo valor está atrelado ao dólar, manteve-se como líder. No mês de fevereiro, foram registradas 148 mil operações, com um total de R$ 12 bilhões de reais em movimentações, contra 182 mil operações no mês anterior, com um total de R$ 13 bilhões de reais em movimentações.

Contadora especializada em criptoativos explica situação do setor no Brasil

Ana Paula Rabello, contadora especializada em criptomoedas que criou o site Declarando Bitcoin, além disso, também é a autora do ebook Como Declarar Bitcoin e outras criptomoedas no Imposto de Renda, foi consultada pelo site Cointelegraph sobre os dados mais recentes divulgados pela Receita Federal sobre os investimentos em criptomoedas.

A profissional afirmou que, apesar dos receios que afetaram o mercado financeiro, em geral, e o de criptomoedas em particular após a crise bancária que levou ao fechamento de bancos que apoiavam os criptoativos, os investidores brasileiros demonstraram alguma confiança nas exchanges que operam no país.

Ela observa que, apesar de um aumento no número de transações feitas por pessoas físicas fora das exchanges, não é possível afirmar que houve migração para operações fora das exchanges entre janeiro e fevereiro deste ano. Isso porque o volume de transações nas exchanges permaneceu estável nesse período devido ao influxo de pessoas jurídicas, cujo uso das exchanges aumentou.

Além da crise bancária, a contadora também mencionou a pressão regulatória nos Estados Unidos e a instabilidade recente de stablecoins como BUSD e USDC, como motivos que contribuíram para o medo entre os investidores.

Em sua opinião, é possível que parte do aumento nas transações em exchanges descentralizadas (DEX) tenha se devido justamente à troca de stablecoins por outros criptoativos.

A contadora também comentou que aumentou a dominância de mercado do Bitcoin, o que, segundo ela, reforça a opinião de analistas quanto à possibilidade de que a criptomoeda de maior valorização de mercado ganhe um papel mais significativo como reserva de valor.

Em março deste ano, também através do site Cointelegraph, Ana Paula Rabello deu conselhos aos investidores em criptomoedas para que eles possam evitar cair na malha fina do Imposto de Renda. Na ocasião, ela lembrou, por exemplo, a importância de que o contribuinte confira com cuidado os dados na declaração e, em caso de discrepância, comunicar ao ente relevante para ser efetuada a correção.

O que é Stablecoin? Veja porque os investidores brasileiros gostam destas criptomoedas

Stablecoin é um tipo de criptomoeda projetada para ter uma volatilidade muito baixa em relação a outras criptomoedas, como o Bitcoin, Ether e outras.

A ideia é fornecer uma alternativa mais estável e confiável às criptomoedas voláteis. O valor delas é atrelado a outro ativo, por exemplo, uma moeda como o dólar ou uma commodity como o ouro.

Este tipo de criptomoeda também é excelente para ser usada em transações. Se ativos como o bitcoin são usados como reserva de valor, e a maioria das altcoins são usadas para investimento especulativo, as stablecoins oferecem uma maneira fácil, prática e barata de realizar transferências internacionais.

Embora projetadas para conservarem seu valor em relação ao padrão escolhido, as stablecoins também comportam riscos, o que foi demonstrado pelo colapso multibilionário da stablecoin sul-coreana Terra em maio de 2022.

As principais stablecoins do mercado cripto sofreram baques recentemente:

  • O Binance USD (BUSD) é uma stablecoin emitida pela Binance, uma das maiores exchanges de criptomoedas do mundo. A SEC (Securities and Exchange Commission), órgão regulador do mercado de capitais nos Estados Unidos, está investigando a Binance por suposta violação de leis de valores mobiliários, o que afetou sua stablecoin.
  • O USD Tether (USDT), stablecoin emitida pela empresa Circle, foi afetado pela informação de que parte das reservas que lastreiam seu valor estavam depositadas no Silicon Valley Bank, um dos bancos fechados pelos reguladores americanos por insuficiência de fundos. Isso chegou a causar temporariamente a perda do atrelamento da criptomoeda ao dólar.

Investimentos em renda variável envolvem operações de alto risco e podem não ser indicados para novatos.

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