O cenário econômico mundial (guerra na Europa, políticas contracionistas do Banco Central americano, etc.) vem puxando para baixo as cotações no mercado acionário.
Apesar desse quadro, há algumas vantagens em investir em ações das Big Techs, grandes empresas de tecnologia como a Microsoft, Amazon e Apple.
Uma delas é que se trata de uma possibilidade de dolarizar parte da carteira de investimentos. Por dolarização, entenda-se a conversão do dinheiro do investidor em ativos negociados em dólar.
O investimento em ações pode não ser adequado para investidores novatos, que podem perder o total do valor investido.
Dolarização de patrimônio é essencial em países emergentes
A dolarização de parte da carteira protege o investidor de perdas produzidas pela desvalorização do real. Além disso, pode ser um meio eficaz para diversificar a carteira, diminuindo as chances de que todos os ativos dela se desvalorizem ao mesmo tempo.
Na verdade, o dólar tende a seguir uma direção oposta a ativos nacionais como os papéis negociados na B3, Bolsa de Valores brasileira. Por isso, comprar ações na moeda americana podem servir de contrapeso às perdas no mercado brasileiro.
Evidentemente, as questões cambiais e de diversificação são só parte da equação. Importa — e muito — a solidez do ativo em consideração. Por que as pessoas iriam querer comprá-lo de você no futuro, daqui a um mês, um ano ou talvez dez?
Ações Microsoft (MSFT) tem números bons e pode ser ótima opção para proteger patrimônio
As ações da Microsoft, empresa com a segunda maior capitalização dos Estados Unidos, acumulam desvalorização de mais de 25% no ano de 2022 (e pouco mais de 5% nos últimos 12 meses) devido às incertezas econômicas que têm afastado os investidores do mercado acionário. Mas segundo analistas, isso pode significar que suas ações estão especialmente baratas agora.
Eles lembram que não só a companhia fundada por Bill Gates tem fundamentos fortes, mas o balanço mais recente que apresentou, em abril deste ano, foi excelente. Segundo relatou a empresa, seu lucro líquido no trimestre encerrado em 31 de março superou os 16 bilhões de dólares, em um crescimento de 8% no valor ano-a-ano.
O lucro por ação da empresa está em US$ 2,22, o que é, para dar uma ideia das expectativas do mercado, 1,3% superior aos US$ 2,19 por ação previsto pelos analistas da empresa de pesquisa econômica britânico-americana Renifitiv, pertencente ao London Stock Exchange Group, que também é dono da Bolsa de Valores de Londres.
Empresa é líder em seu setor e tem pouca concorrência
Um dos fatores que colaboraram para o ótimo balanço da Microsoft foi o desempenho de seu setor de computação na nuvem, cuja receita teve crescimento anual de 26%. Nisto, Azure, a plataforma de nuvem pública da empresa, teve importante participação. Junto com outros serviços em nuvem, ela teve crescimento de 46%.
Outras modalidades de produtos, como suas “aplicações de produtividade” como o Microsoft Office também obtiveram resultados expressivos.
Ainda em 2021, um artigo do jornal US News sobre as ações da Microsoft lembrava que, entre as vantagens de que a empresa desfruta, está o fato de não estar envolvida em nenhuma disputa de antitrust (ou seja, de medidas restritivas do governo ou do Judiciário para limitar o poder de uma empresa e promover a concorrência), algo diferente da situação dela nos anos 90.
Além disso, o artigo apontava que a empresa não tem, no momento, uma forte concorrência em seus calcanhares, disputando com ela a liderança dos setores onde ela realmente ganha seu dinheiro.
Dividendos das ações da Microsoft geram renda passiva em dólar
Outro dado que parece confirmar a saúde da empresa do Windows e do Office é seu comportamento com relação aos acionistas. O balanço da empresa informou que ela gastou quase US$ 11 bilhões em dividendos e recompra de ações no trimestre.
Aliás, a Microsoft foi a nona empresa que mais pagou dividendos por BDR (Brazilian Depositary Receipt, recibo de ações negociadas em bolsas estrangeiras) em 2021.
Em suma, apesar da queda da cotação das ações da Microsoft no ano, tudo indica que isso se deve a fatores macroeconômicos, o que é visto como muito positivo para investidores de longo prazo, uma vez que, por estar sólida, deve subir bastante quando o mercado se recuperar.
Desse modo, para a maioria dos analistas, vale a pena manter o papel no radar. Tanto pelo seu valor intrínseco como sua aptidão para ser usado como ferramenta de dolarização do portfólio do investidor.