Silicon Valley Bank

O Silicon Valley Bank (SVB), voltado para startups de tecnologia e com forte atuação na indústria cripto, é a maior instituição financeira americana a falir em quase 15 anos. O Department of Financial Protection and Innovation (DFPI) da Califórnia interveio na sexta-feira (10/03) para confiscar o banco, que tinha vários clientes de alto perfil do mercado cripto.

A quebra abrupta do SVB segue-se a uma tentativa fracassada do banco de levantar capital no início da semana, a fim de tranquilizar os depósitos e consolidar seu balanço patrimonial. Este é o segundo maior banco dos Estados Unidos a decretar falência este mês. No dia 08/03, o “cripto-friendly” Silvergate Bank entrou em liquidação voluntária, depois de experimentar uma corrida de saques nos últimos meses.

Em um comunicado, o DFPI disse que assumiu o banco devido a “liquidez inadequada e insolvência”, com o Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC) agora a assumir a liquidação do banco.

Depositantes segurados terão acesso a seus fundos ainda nesta semana

A agência federal criou o Deposit Insurance National Bank of Santa Clara, que agora detém os depósitos segurados do SVB. A expectativa é de que os depositantes segurados tenham acesso a seus fundos ainda nesta semana.

Os depositantes com fundos que excedam os limites máximos do seguro receberão certificados de recebimento para seus saldos não segurados, o que significa que as empresas com grandes depósitos presos no banco dificilmente terão seu dinheiro disponível tão cedo.

SVB é a segunda maior instituição financeira a entrar em colapso na história dos EUA

De acordo com DFPI, os ativos do SVB no momento da penhora são de cerca de US$ 209 bilhões, enquanto seus depósitos totais são de cerca de US$ 175,4 bilhões. Isso significa que o SVB é a segunda maior instituição financeira a entrar em colapso na história dos EUA, ficando atrás apenas da queda do Washington Mutual Bank em 2008.

Representantes do FDIC disseram que “todos os depositantes segurados terão pleno acesso a seus depósitos segurados”. Avaliado em US$ 40 bilhões, o colapso do SVB marca uma impressionante quebra de bens dos investidores.

Os colapsos do Silvergate e do SVB causaram apreensão e arrepios em Wall Street e nos mercados cripto. O S&P 500 agora devolveu mais ou menos todos os ganhos deste ano, depois de ter caído 4,5% esta semana, seu pior desempenho semanal desde setembro passado.

Bitcoin e Ether, por sua vez, caíram 11% e 10% respectivamente.

Como a situação chegou a um fim tão dramático?

O preço das ações do SVB caiu 60% na quinta-feira (09/03), depois que o banco anunciou que estaria tentando levantar mais de US$ 2 bilhões através de novas emissões de dívida e ações, em meio a perdas maciças em sua carteira de títulos.

A situação foi de mal a pior quando grandes instituições de capital de risco, incluindo Peter Thiel’s Founders Fund, que aconselhou as empresas da carteira a retirar dinheiro do SVB. A pressa subsequente de retirar depósitos acabou levando à queda do banco.

Como disse o professor de direito da Universidade Cornell Saule Omarova, citada em um artigo da Bloomberg, “as corridas ao banco são muito sobre psicologia… e, neste ponto, é muito racional ficar nervoso”.

Saule Omarova acrescentou:

“A administração do FDIC acabará com a incerteza sobre este banco em particular… Mas eu não acho que isso, por si só, necessariamente impeça as pessoas de se sentirem menos seguras se elas tiverem algum tipo de exposição a ativos ou se mantiverem seu próprio dinheiro em bancos com perfis de risco similares.”

O Signature Bank, sediado em Nova York, também sofreu uma corrida de saques na sexta-feira (10/03), com uma queda no preço de ações ultrapassar 20%, levando as perdas da semana a quase 40%.

Enquanto isso, o West Coast-Bank First Republic Bank, sediado na costa oeste, perdeu cerca de 15%. E o Western Alliance Bancorporation caiu 20%.

Empresas cripto revelam exposição ao SVB

Inúmeras empresas cripto revelaram exposição ao SVB. A Circle, emissora da USDC, segunda maior stablecoin do mundo, detinha uma parte não revelada de suas reservas de US$ 9,8 bilhões no Silicon Valley Bank.

A direção da empresa declarou na sexta-feira (10/03) que o SVB era um dos seis bancos que administravam as reservas de dinheiro do USDC. No entanto, a Circle afirmou que não há risco de colapso e que a stablecoin será capaz de continuar operando, ainda que o token tenha se distanciado de sua meta de US$ 1.

Pantera, empresa de capital de risco com forte atuação no mercado cripto, também pode ter uma quantidade desconhecida exposta ao falido SVB. No mês passado, a empresa contou o banco falido entre apenas três custodiantes de seus fundos privados, de acordo com um arquivamento da SEC de 3 de fevereiro.

Outra empresa cripto a contar prejuízos com a falência do SVB é a Avalanche Foundation, que apoia a blockchain da Avalanche, Yuga Labs, responsável pelo desenvolvimento do projeto Bored Ape Yacht Club NFT e de algumas outras coleções blue-chip, assim como a Web3 Proof.

Situação ainda mais grave da BlockFi

A situação mais grave na esteira da falência do SVB é a da BlockFi que, segundo informe de 10/03 do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, tem US$ 227 milhões bloqueados em um fundo mútuo do mercado monetário do Silicon Valley Bank.

Este fundo não está segurado pela Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC). O Departamento de Justiça disse que os documentos do SVB mostram que a conta BlockFi não é considerada um depósito, não é segurada pelo FDIC e, portanto, pode perder valor.

Segundo o órgão federal, a BlockFi teria ignorado avisos no início deste mês sobre os perigos da conta não segurada.

A esperança para BlockFi é de que os fundos não estejam em risco direto, apesar dos problemas do SVB. No Twitter, alguns argumentaram que o valor das ações da BlockFi dependeria do que está nos Money Market Funds (MMF), não do que acontece com o Silicon Valley Bank.

“Este é um MMF regular, não afiliado ao SVB, custodiado no SVB ou em sua afiliada de títulos? A administração do SVB não deve afetar isso”, disse o usuário do Twitter @mattwwaters. “O MMF não é segurado pelo FDIC, mas o valor das ações dependeria do que está no MMF, não do que acontece com o SVB”.

A BlockFi tornou-se a primeira empresa a declarar falência após o colapso da FTX. O financiador de ativos digitais fundado em 2017 tem mais de 100 mil credores e deve entre US$ 1 bilhão e US$ 10 bilhões a esses clientes.

 

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